21. Você Acabou Com A Minha Alegria

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Pov Sabina

Assim que eu cheguei em casa, meus pais já sabiam sobre a advertência. Parece que a escola realmente se importa em passar esses assuntos rapidamente. É a forma de mostrar que são “competentes”.

– Não acredito que você está se envolvendo em discussões! – Disse minha mãe.

Estava sentada no sofá, com os dois em pé bem na minha frente.

– Pagamos caro para que você tenha um ótimo ensino e é assim que você retribui nosso esforço? – Foi a vez de meu pai se pronunciar. Ele parecia estar irritado. Normal. Ele agia assim todos os dias.

– Que esforço? – Perguntei franzindo a testa. – Tudo que vocês fazem é pegar dinheiro das pessoas e usá-los nas necessidades de vocês!

– Óbvio que não! Nosso trabalho exige sim da gente, e se nós nos esforçamos tanto é porque queremos o melhor pra você, sempre! – Minha mãe disse firme. Revirei os olhos.

– Nenhum de vocês dois se importa comigo!!

– Claro que nos importamos! – Disse minha mãe cruzando os braços.

– Não se importam não!

– Não estaríamos preocupados com sua reputação na escola se não nos importássemos com você!

– Vocês só estão com medo de que algum dos seus amigos ricos descubram sobre isso e comentem por aí! É com isso que vocês se importam!

– ISSO NÃO É VERDADE! – Gritou meu pai, assustando minha mãe. Já estava uma pilha de nervos, meu sangue esquentava com a raiva e a repugnância que eu sentia naquele momento. Tudo em minha visão começou a girar.

Sempre meu dia terminava assim. Com meus pais me cobrando ser a filha perfeita. Aquela que dá inveja aos outros pais. Por muito tempo eu acreditei que era assim. Mas tudo não passava de uma ilusão. Como eu poderia ser a filha perfeita, tendo como pais, duas pessoas que só se importam com o tanto de dinheiro que vão ter na conta no fim do dia…

– Você é uma filha muito mal agradecida!! Te demos educação para que você nos respeitasse, e olha só o que exatamente você está fazendo agora.

– Vocês não me deram nada! – Digo tentando controlar minha raiva, apertando a almofada do sofá.

– Como não?! Pagamos sua escola! Te damos um lar! Te damos tudo que você pediu em todos esses anos! Te levamos para todos os lugares que você quis ir…

– E o amor? – Perguntei com os olhos já cheio de lágrimas.

– O que?

– E enquanto ao amor de um pai e uma mãe, que eu nunca tive?!

– Ah Sabina, não seja ridícula! – Ele diz revirando os olhos. Não me surpreendeu.

– Isso vocês nunca me deram! Como esperam educar alguém, sem demonstrar em nenhum momento um pouco de amor? – Levanto e o encaro. – O senhor não tem nenhum direito de me dizer que sou ingrata, porque tudo que vocês me deram até hoje eu posso devolver. Foi só bem material mesmo! – Digo e me retiro de lá correndo direto pro meu quarto.

Ainda ouvi minha mãe me chamar, mas a Ignorei. Afundei minha cara no travesseiro e chorei, igual a todas as outras vezes em que me frustrei com o modo que era tratada. Nesse momento minha cabeça já doía muito, essa combinação era algo comum no meu dia a dia. Conviver nessa casa, onde eu sempre fui tratada como um projeto e não como uma filha, era algo que me deixava cheia de ódio e rancor.

E pensar que eu não estaria ouvindo nada disso, se eu não estivesse tão insegura com o que poderia acontecer entre Bailey e Joalin. Quem eu teria se ele me largasse por ela? Ninguém! Absolutamente ninguém. Por isso eu não posso deixar que ele se apaixone por ela, e pra isso eu preciso dar um jeito de vez naquela finlandesa estúpida.

Pov Noah

– Como ela está? – Perguntei para Sina assim que a vi sair do quarto de Heyoon.

Depois que Sina chegou na escola — mais rápido que a ambulância por sinal — decidimos que em vez de levarmos Heyoon para o hospital, a levaríamos para casa. E aqui estamos nós.

– Acordou faz uns 10 minutos, está bem! Eu dei alguma coisa para ela comer. – Ela disse sorrindo fraca e dando passos para longe de mim.

– Alguma ideia do que pode ter causado isso? – Perguntei e ela negou com a cabeça. – Ela não contou?

– Não. – Disse sem me olhar.

– Sina, por favor, você não deveria estar assim comigo! – Digo segurando seu braço.

– Como não Noah? Como você quer que eu aja com você, depois do que me pediu mesmo eu tendo confessado um dos meus maiores segredos?! – Ela falou me olhando.

– Eu sei, eu sei que é duro ouvir tudo isso da pessoa que você gosta, mas você precisa seguir sua vida. Não quero que se sinta mal por minha culpa!

– Eu estava me sentindo até melhor, mas aí você me ligou e agora tudo voltou a me assombrar! – Disse cruzando os braços e encarando o chão. – Você acabou com minha alegria Noah!

– Sina, eu já te pedi desculpas por isso! Eu expliquei que não posso ficar com você, porque eu não sinto o mesmo! Não é a melhor decisão pra você, mas pra mim é! – Digo de forma calma segurando nos dois lados dos seus ombros.

– Ótimo! E me manter afastada de você é uma ótima decisão pra mim! – Diz suspirando e me encarando. Dava pra ver só pelo seu olhar, o quanto ela estava mal.

– Eu só queria que você me entendesse! Eu não sou o vilão Sina…

– Ok! Eu te entendo! – Diz de forma forçada.

– Você não está sendo sincera!

– É o melhor que eu posso fazer! – Disse e saiu de perto de mim, indo em direção ao banheiro.

Eu nunca, em toda minha vida, achei que seria a desilusão amorosa de alguém. E vocês estão me interpretando mal nesse momento, mas eu realmente não posso retribuir o amor que Sina sente por mim. A razão? Ninguém entenderia.

Após me certificar de que Heyoon estava bem, peguei meu casaco e parti pra casa, onde Bailey já me esperava com vários assuntos para me contar. Pena que no fim eu não pude anotar nada no meu diário, eu o perdi. E não sei bem quando aconteceu, mas tenho certeza que o encontraram e agora eu estou realmente nervoso com o que irá acontecer.

...

What I've Been Wishin' For {Joaley & Beauany} Onde histórias criam vida. Descubra agora