Capitolo Bonus 2

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Noah's POV

-  Estamos saindo cedo demais - disse, parando com a mão na maçaneta - Merecemos mais tempo.

E merecíamos, mesmo. Tempo para processar tudo o que foi dito. Quantos meses passamos nesse jogo? Evitando falar, evitando pensar... Evitando sentir. Foram meses tentando sufocar. A energia que você perde passando por esse processo é grande demais. Ter que pensar em todas as variáveis de algo tão grande aos vinte anos, é simplesmente exaustivo. Fora as desculpas mentirosas.

Não sei quantas vezes menti para minha mãe ou minha irmã, quando me perguntavam sobre Diarra. O que era estranho, no início. Elas nunca perguntavam das outras meninas, por que só ela? Por mais inacreditável que possa parecer, na época, achei que era apenas "coisa de mãe" e que minha irmã resolveu entrar na onda só para me sacanear. E aí, o tempo passou.

E nada ensina mais do que o tempo, amigos.

- Tudo bem - ouvi a voz dela e virei lentamente para olhá-la - O que você tem em mente?

Sorri. Não era possível. Ela era tão irresistível e não tinha noção do quanto. Podia até saber o poder que tinha sobre mim, mas não imaginava quão grande era. Não posso nem achar que ela está jogando com meu psicológico, é boa demais para isso.

Estou na fase da lua de mel (mesmo que não estejamos em um relacionamento), onde a outra pessoa é perfeita, melhor criatura que já pisou na face da terra. O pior de tudo, é que Sylla provavelmente era. Até as falhas dela devem parecer qualidades, se comparadas às de qualquer outro ser humano.

Se ela não estivesse me olhando agora, teria rolado meus olhos.

Estou. Absurdamente. Fodido.

- O que eu tenho em mente? Sério?

"Te jogar naquele sofá e te beijar até nossos amigos desistirem da ideia de que sairemos daqui hoje e simplesmente nos deixarem em paz!"

- Podemos conversar mais, só isso. - dei de ombros agradecendo por ainda ter um pouco de senso.

Ela assentiu e sorriu fechado, indo para o sofá. Suspirei alto e a segui. Sentei em uma distância aceitável para não vacilar com o meu autocontrole.

-  Então... - ela disse.

- Então... - a imitei. Isso mesmo, fazendo voz feminina.

Diarra riu e eu a acompanhei, sentindo falta desses momentos.

- Como foi sua quarentena, Noah?

- Bom, nada diferente da de todo mundo... Não foi tão badalada quanto a sua que produziu um clipe - ela sorriu envergonhada - Mas deu para passar um tempo com os garotos e até fizemos algumas apresentações.

Ela assentiu e mordeu o lábio, olhando para frente.

Morder a boca é sacanagem.

- Preciso vê-los tocar novamente, qualquer dia desses. Já faz tanto tempo...

- Seria ótimo! - disse sorrindo - Os caras vão gostar. Eles gostam de você.

We ain't finished yet. - NoarraOnde histórias criam vida. Descubra agora