Ah, ele é um sonho...

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Não sei a hora: Tudo que eu via era uma estranha claridade. Afinal, onde eu estava mesmo?

Meu Deus, eu estou morto! Claro que estou morto. Eu pulei da sacada! E agora? Estou no céu? A julgar pela luz branca, só poderia ser o céu. Se fosse o inferno, eu estaria rodeado de fogo e de homens chifrudos e vermelhos me espetando com tridentes, não é?

Bom, esse lugar não parece nada com o inferno. É frio, bem frio. E não tem nada além de um infinito branco, uma claridade sem fim. Pelo menos Deus teve pena de mim e relevou o fato de eu ter morrido por roubar uma garrafa de whisky, invejado o namoro alheio e ter posto fogo na casa de Kris. Deus é mesmo bom e piedoso. E eu uma pobre alma sem rumo.

"Ele vai ficar bem, se acalme."

Escutei a frase vinda de algum lugar. Estava bem longe, mas chegou bem nítida aos meus ouvidos.

Serão os anjos? Será Deus?

Deus não deveria ser, pois a ideia que tenho de Deus é uma voz grave que pode ser escutada apenas em nossas mentes. E essa voz que eu escutava não me parece nada divina. Parecia a voz de um boiola.

"Ele vai morrer quando souber o prejuízo que deu ao Kris."

Ah, nossa! É a voz do Tao. Será que ele também morreu? Caramba! Será que todos morreram queimados por minha causa?

Em seguida, ouvi um choramingo, um mimimi e uns gemidos. Ah, e eu reconheci aqueles gemidos. Eram de Luhan. Eu conheço muito bem os seus gemidos. Sei porque tenho a estranha mania de aparecer nos lugares nas horas erradas – é sem querer –, e quando eu resolvo aparecer de surpresa na casa de Luhan, ele está sempre com um "convidado". Aconteceu tantas vezes que Luhan chegou a pensar que eu fosse algum tipo de voyeur, e agora, sempre que ele leva algum cara para o seu apartamento – Sehun, no atual momento – ele me manda uma mensagem do tipo: "Vou transar, não apareça aqui." Agora esses incidentes não acontecem com tanta frequência.

Mais choramingo.

"Pare de chorar, Luhan. Não é a primeira vez que ele cai de algum lugar alto. Você se lembra daquela vez em que ele..."

Até mesmo quando estou morto meus amigos fazem questão de relembrar o quanto sou desastrado. Mas Tao tem razão, eu já havia caído de lugares altos antes, e de escadas também.

Mas espere um pouco... se o Tao está tentando convencer o Luhan de que eu vou ficar bem, então quer dizer que eu não estou morto. Então, onde é que eu estou?

De repente, a imensidão branca foi ficando fosca e alguns vultos apareceram na minha frente. Estive esse tempo todo dormindo, ou desmaiado, sei lá.

Levei um tempo para acostumar minha visão, primeiramente meus olhos arderam, só depois de uns dois minutos que eu consegui enxergar melhor. A primeira coisa que vi foi o sorriso de Luhan e seus olhos marejados. A segunda foi Tao tirando uma selfie.

– Ele acordou! – exclamou Luhan exaltado. Em seguida arrancou o celular da mão de Tao. – Isso não é hora de tirar foto.

– Que agressividade! Eu só queria tirar uma foto junto com o Baekhyun acordando de um quase suicídio. – Ele puxou o celular de volta da mão de Luhan. – Vou postar no Instagram assim que chegar em casa, porque essa porcaria de hospital não tem sequer uma Wi-Fi decen...

– Cala a boca! – Luhan esbravejou, assuntando Tao. Depois se voltou para mim. – Baekkie, você se sente bem? Está doendo em algum lugar?

Eu sentia uma dorzinha nas costas, no pescoço e na cabeça, mas nada muito insuportável.

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