Enquanto cantava suave com a voz baixa eu senti algo apertar minha mão, virei meu rosto na hora para ver se era o que eu estava pensando mesmo e sorri ao ver que Carl tinha fechado a mão na minha, quis chorar na hora e sem me controlar eu deixei algumas lágrimas escapar mesmo. Rick não viu o que tinha acontecido e ficou surpreso assim que eu desencostei a cabeça de seu peito.
— O que foi? — Perguntou confuso.
— Carl... E-ele... Rick, ele se mexeu — Me coloquei em pé em um pulo ignorando minha costela que deu uma pontada de dor.
— O que? — Ele se colocou ao meu lado pousando as mãos no braço fino do filho — DENISE? — Chamou desesperado.
Ela apareceu o mais rápido que conseguiu muito alarmada.
— Carl se mexeu, o que isso significa? — Buscou alguma resposta no rosto da doutora que parecia mais assustado agora.
— Eu não sei... — Ela se aproximou puxando o seu estetoscópio — Preciso examinar ele, podem me dar licença? — Parou na nossa frente.
— Claro, vamos esperar do lado de fora — Me afastei da cama dando lugar para ela trabalhar — Vamos, xerife — O puxei pela mão e mesmo relutante ele cedeu.
Ficamos esperando sentados juntos do lado de fora, ignorando os eventuais olhares que quem circulava pela enfermaria nos lançava. Rick tinha os olhos atentos a tudo em sua volta e não pode deixar de arfar assim que percebeu o hematoma que eu tentava esconder dele. Sob uma camada de sangue seco ainda dava para ter uma noção da extensão do quanto meu pulso estava começando a ficar roxo.
— Eu sinto muito — Sussurrou tocando minha pele com a ponta dos seus dedos.
— Não tem motivo para se desculpar, você salvou minha vida.
— Mesmo assim, não percebi o quão perigosa ela poderia ser — Alisou o local me fazendo arrepiar da cabeça aos pés.
— Se não se importa eu não quero falar sobre esse assunto agora — Virei minha cabeça para o lado contrário evitando seus olhos azuis — E eu realmente não sei se algum dia vou querer falar de Jessie e seus filhos...
Fechei os olhos me sentindo cansada, e puxei minha mão para longe da dele. As memórias do que aconteceu ainda mais vivas do que eu gostaria. Os gritos ainda ecoavam em algum lugar na minha mente, o sangue pulando da bochecha de uma criança, que por mais irritante que fosse, ainda era somente uma criança assustada. Nem todos eram iguais a Paul ou Carl, e era muito fácil esquecer isso.
A doutora Denise saiu do quarto explicando que o que Carl fez fora um espasmo muito comum em pacientes em coma. Não era um sinal de que ele iria acordar em breve, mas também era algo para nos apegarmos que demonstrava que ele estava bem e que tudo vai dar certo no final. Ela aconselhou que fôssemos descansar um pouco, prometeu que mandaria alguém nos chamar assim que Carl demonstrasse algum sinal de que iria acordar.
Foi difícil tirar Rick daquela enfermaria, mas eu consegui.
Peguei Judith com Michonne para leva-la de volta para casa e fui escoltada por frankie e Rick pelas ruas ainda cheias de mortos espalhados pelo chão. Abe liderava um grupo com mais cinco pessoas para fazer a remoção dos corpos para fora dos muros de Alexandria.
A casa não estava cheia como eu achei que estaria, era até estranho o silencio do lugar. Algumas das pessoas decidiram ocupar as residências da expansão que finalmente poderia acontecer, e o resto estava ajudando com a reorganização da comunidade.
Assim que entramos na casa ele veio na minha direção e pegou a filha para si.
— Pode deixar que eu cuido dela — Disse aninhando a pequena em seus braços.
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Safe Zone / Rick Grimes
Fanfiction"Uma vez que você entra em uma guerra, jamais conseguirá sair dela!" Marianna Swann, no mundo antigo - Sargento de primeira classe do exército dos Estados Unidos da América. No mundo atual - Mais uma sobrevivente. Há marcas nessa vida que carregamos...