Shiro VI

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 A viagem acabou durando mais do que o previsto. Era necessário o retorno para casa o quanto antes. Logo seria o tal festival, e com ele, haveria uma cerimônia no clã Hyuuga.

Não havia tempo para irem caminhando tranquilamente, mas Neji não se permitiu usar toda sua velocidade. Mesmo que Hinata fosse capaz de segui-lo.

Já estavam próximos de Konoha, em um silêncio mórbido. Saíram daquela vila com sentimentos quebrados, e voltavam confusos.

De onde vinha tanto desejo de protegê-la? A vontade de resguardá-la de tudo que for ruim?

De onde vinha o desejo de ser acolhida e sempre cuidada com a atenção que lhe era dedicada sempre?

Atravessaram os portões quase no mesmo minuto que outros dois viajante. A diferença de minutos os impediram de se encontrarem.

Hinata, parada de frente para a entrada do Distrito Hyuuga, sussurrou um "arigatou" fraco, olhando para uma pedrinha no chão.

Neji não respondeu, alguém chegou antes, dando-lhes as boas vindas em casa. Entraram e cada um foi para o seu canto.

Um banho era o que Hinata mais desejava, a água quente que cobria seu corpo e suas dúvidas, aconchegante depois no roupão de algodão. A porta fora aberta com tanta violência que foi impossível não reclamar. Viu uma jovem animada com os dentes brancos à mostra.

Hanabi se jogou no futon, perguntando como foi visitar à outra família. Ela não obteu a resposta que desejava, Hinata estava monossilábica desde que chegara.

— O que aconteceu nee-chan? — Hanabi perguntou, passando o pente nos cabelos da irmã. O sorriso ainda nos lábios, crente que algo sério havia acontecido. — A família não lhe tratou bem? Ou quem sabe, Neji-kun?

— Hanabi! — A mais velha saiu do pequeno banco caminhando até a janela fechada. — Não aconteceu nada! Já disse. Me deixe um pouco sozinha, quero dormir.

— Nem pensar! O festival começa daqui duas horas, quando o sol se por. Vai perder a queima de fogo? — a menina saltou até o futon, pulando. — Sabe quem vai me levar?

— Quem? — O sorriso de Hanabi era contagiante. Hinata sentiu-se curiosa com toda aquela energia da irmã ser liberada nuns pulos. — Fale logo! Otousan permitiu você sair com alguém? Do Clã?

— Não.

— Fora do Clã? — Hinata pousou as mãos na boca, assustada. Seu pai, o líder Hyuuga permitindo a querida filha mais nova ser acompanhada por alguém que não fosse do clã para o festival. — Mentira!

— Se acha que é mentira, então se arrume e me espere para ver. — Hanabi cambaleou no futon caindo no chão em pé. — Sua roupa está pronta, pendurada no armário. Vamos nos divertir nee-chan! Aproveita o bom humor do otousan. — Sorridente, ela saiu do quarto deixando Hinata com seus pensamentos.

Acabou percebendo que Hanabi não lhe revelou o nome do rapaz que a acompanharia. No armário, o kimono escolhido pela irmã estava pendurado, pronto para ser usado.

E o que a fazia pensar que tinha direito de ir? Pensou, sentando-se com a roupa nas mãos. Tinha direito ao menos de se divertir um pouco. Mesmo que alguém não quisesse mais lhe acompanhar. Foi o que pensou, por não ter tido nenhuma palavras de Neji quando chegaram.

Arrumou-se então para si mesma, a yukata vermelha parecia perfeita para seu corpo, o volume dos seios bem contornados e solto no quadril. Tentou prender o arranjo na cabeça, ele escorregava nos cabelos finos demais. Deixou de lado o enfeite e maquiou-se. O pó na pele, deixando-a um tanto mais pálida, tirou o excesso com o lenço, parecia uma morta! Riu ao lembrar-se de Hanabi, tão diferente dela, tão cheia de força e audácia. Queria tanto ter aquela coragem para enfrentar alguém e lhe falar o quanto amou, o quanto se dedicou em pensamento, e o quando foi ignorada.

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