Shiro XX

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Estava sozinha no quarto, brigando com o arranjo de cabelo. Desistiu e atirou-o no chão. Bebeu um copo d'água, respirando fundo. Tinha que se acalmar.

Hinata voltou a pegar o arranjo do chão e segurou os cabelos para prendê-los no alto. Estava quase conseguindo, quando os fios se soltaram. Era complicado ter o cabelo muito liso.

Deixou de lado o arranjo. Segurou o obi vermelho, não ficaria muito bem aquilo em volta de sua cintura. Apesar da barriga não ser tão grande, já era bem visível a gravidez. E sentia medo de machucar o bebê com aquele tanto de roupas. Conseguiu se desfazer de uma ou outra peça pra não ficar parecendo um verdadeiro botijão colorido e enfeitado. Mas no final, sentia-se até bonita.

Nunca imaginou casar grávida. Mas parecia ser ainda mais emocionante estar naquele estado. Era especial. Ainda mais prestes a finalmente ter sua situação com Neji totalmente formalizada. Nessas últimas semanas foram mais tranquilas para os dois. Nana, sua tia, parecia fazer com que eles ficassem sozinhos sempre, uma ajuda da futura sogra. Afinal, ela sempre mantinha seu pai ocupado com alguma coisa.

A porta se abriu, fazendo Hinata sair dos pensamentos.

— Já está na hora? — HInata preocupou-se, ainda nem conseguira arrumar o cabelo. — Só um minuto que eu estou tentando arrumar isso aqui.

— Não se apresse, Hinata. — Nana fechou a porta atrás de si, caminhando até a sobrinha. — Eu te ajudo. — ela esticou as mãos, pegando o arranjo e o prendendo nos cabelos de Hinata com facilidade. — Assim ficou ótimo.

— Arigatou, eu sou péssima em arrumar os cabelos. — Sentou na pequena poltrona, olhando-se no espelho. Estava feliz, finalmente parecia que tudo dava certo na sua vida.

— Você está linda minha querida. Lembra muito a sua mãe no casamento dela. Os cabelos, os olhos. É como ter minha prima aqui novamente. — Nana se aproximou, pegando um dos potes em cima da mesinha. — Ela estava nervosa, e eu louca pra que aquele dia passasse logo.

Sorriu, virando a sobrinha para que pudesse passar o pó no rosto dela.

— Porque queria que acabasse o dia? — Hinata fechou os olhos, sentindo o cheiro forte do pó. Tossiu um pouco, até se acostumar.

— Porque meu Hizashi só poderia se casar comigo, caso o irmão mais velho casasse primeiro. E eu tive que esperar um bom tempo até seu pai se declarar para Harumi. Se não fosse nossa ajuda, eles teriam demorado ainda mais. — Nana pegou outro pote, continuando a maquiagem em Hinata. Batom nos lábios, um tom avermelhado nas maçãs do rosto, até terminar. — Mas depois que eles se entenderam, foi tudo bem rápido para se casarem.

— Eu não sabia disso, pouco sei da minha mãe. Gostaria que o otousan falasse mais dela.

— Não se precipite imaginando que seu pai não gosta de falar nela. Mas é que lhe trás muitas lembranças... e muita dor. Nós dois perdemos nosso amor cedo. Mas ficaram as coisas mais preciosas de todas. Os filhos.

— Como ela era? — Hinata sempre sonhava com sua mãe, mas não tanto quanto queria. Tinha em sua memória apenas a mãe cuidando da irmã, e colhendo flores.

— Doce, brava. Gentil e nervosa ao mesmo tempo. Harumi era uma kunoichi, mas o casamento a fez abdicar de algumas coisas. Ela achava que deveria ficar em casa, cuidando dos filhos e do marido. E como ela desejou ter filhos. Logo depois que se casou, eu me casei também, mas, diferente de Harumi, eu já era de Hizashi a mais tempo. E estava grávida de Neji. E quando você nasceu, ela ficou feliz por ser mulher. Assim meu Neji iria poder cuidar da pequena Hinata dela. Entende? Vocês nasceram para ser um só, porque vieram de uma única história, contada por quatro pessoas, mas de um amor único.

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