Shiro V

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 Quando acordou, Hinata deparou-se com uma cena um tanto curiosa.

Neji estava deitado aos pés do futon que ela dormia, ele sempre teve um sono leve, então achou melhor não se mexer para que não o acordasse.

Passou meia hora deitada em silêncio, apenas ouvindo os pássaros, pedindo mentalmente para que eles parassem a cantoria. Mas não adiantou, ela sentiu um incomodo e espirrou.

Somente viu olhos claros abrirem lentamente, e postar-se sentado imediatamente no futon. Pediu desculpas por tê-lo acordado, sentiu-se culpada. Neji apenas chacoalhou a cabeça, acordando. Nunca deixava o sono falar mais alto, mas, naquele momento, parecia que suas pálpebras pesavam. O corpo estava cansado e a cabeça doía.

Não queria preocupar Hinata, desejava voltar logo para casa, mas ao se levantar, o chão sumiu e os olhos enuviaram-se, fazendo o homem cair novamente no futon.

— Neji! Está bem? — Hinata perguntou, afastando o lençol e sentando-se ao lado dele. — Você está quente. — Sentiu a temperatura do primo assim que tocou no braço dele. Tomou então a testa e sentiu a quentura do corpo. — Espere, deite, está com febre, sente mais alguma coisa?

— Não se preocupe comigo, temos que voltar para casa. — Neji tentou se levantar mas a cabeça parecia estar mais pesada que antes.

— Não, não vai se levantar, fique deitado, sua aparência não está nada boa.

Ela levantou-se, preocupada, ajudou Neji a deitar mais confortável no futon e pediu para que esperasse. Percorreu a hospedaria atrás de ajuda, mas não encontrou nenhuma pessoa que pudesse ajudá-la. Separou então água quente e algumas toalhas, também um cobertor e pediu algo leve para comer.

Quando voltou, Neji estava ardendo em febre, ela fez as compressas e não saiu do seu lado. A tarde caiu e a noite chegou, uma sopa, que havia pedido para o jantar chegou. Mesmo debilitado, o Hyuuga conseguiu comer algo, mas ainda sentia fortes dores.

Hinata fazia o que estava ao seu alcance para ajudá-lo, a noite ficou mais fria, o vento parecia entrar pelas frestas da janela e esfriar todo o quarto. Ela o cobriu com mais um cobertor, alisando os cabelos dele, secando o suor, apenas velando o sono perturbado.

Poucos minutos, sentada sobre suas pernas, fechou os olhos, um pouco cansada, despertou no momento em quem ouviu Neji chamar por alguém.

Trocou a toalha da testa dele, por uma mais seca, a febre ainda era alta, e ele tremia de frio. Segurou nas mãos frias dele, não entendendo porque estava assim, mesmo suado e frio. Nunca o vira doente, sim, com ferimentos de missões já viu, mas não houve nunca um dia que chegasse em casa e soubesse que Hyuuga Neji estava deitado repousando de uma gripe. Aquilo era novidade, e como tal, parecia deixá-lo totalmente enfraquecido.

Gomenasai, gomenasai. — Ele repetia seguidamente.

— Neji, está tudo bem. Eu estou aqui. — Tocou a pele clara, fina e suada. Ele delirava e pedia desculpas para ela.

— Eu errei. — Aos poucos, a cada palavra, Hinata foi entendendo que não era para ela aquele pedido de desculpas. — Tenten. Gomenasai.

Não sabia exatamente qual a ligação que os dois tinham, saber de seus encontros noturnos isso era evidente. Mas o que Neji sentia era um mistério.

Crispou os lábios, ouvindo calada os delírios do homem deitado na sua frente. Corou com as maiores revelações dele, envergonhada, mas não poderia deixar de ficar ao lado dele.

A noite continuou fria, mas Hinata manteve-se sentada, segurando a mãos de Neji, trocando as toalhas da testa dele, ouvindo os delírios e acreditando que nada mais a faria corar ou surpreender. Até ouvir seu nome.

ShiroOnde histórias criam vida. Descubra agora