Shiro XXIII

324 36 17
                                    

O choro do bebê não o incomodava, apenas deixava-o totalmente desesperado por não poder fazer nada para aquele pequeno ser acalmar-se.

Pegou-o no colo, acarinhou os cabelos, a pele lisa e macia, conversou com ele, mas, mesmo assim, não havia surtido qualquer efeito. Quando Hinata entrou no quarto, viu Neji e o bebê vencidos pelo cansaço do choro. Ambos dormindo.

Ela os cobriu com o lençol. Sentou na cama e analisou aquela situação peculiar. Os homens de sua vida.

Fechou a janela para não entrar uma corrente de ar, e depois saiu do quarto, ficariam então lá descansando dos poucos minutos que ela pedira para Neji cuidar do bebê.

Andou sorrateira, sem pressa pelo corredor, e viu seu pai chegar em passos firmes, nervoso? Talvez sim. Hinata pouco via o pai com um semblante tão triste.

— Otousan, o que houve? — Ela perguntou, se aproximando do homem que parecia mais triste cada vez que chegava perto.

— Não é nada Hinata. — Ele passou por ela, ainda batendo os pés firmes no chão. Mas Hinata não se fez de rogada, seguiu seu pai até a sala onde ele não gostava de ser incomodado. — Hinata. Eu quero ficar sozinho.

— Mas, otousan, eu não quero deixá-lo sozinho. Nunca! O que houve? — Tinha uma pequena ideia do que poderia ter acontecido. Lembrou-se de quando era mais menina, que acordava cedo para treinar, mas antes sempre caminhava pelo distrito, colhendo flores, como sua mãe fazia. Num desses passeios sempre encontrava seu pai e a mãe de Neji sentados um do lado do outro olhando para o céu. Nunca compreendeu aquilo, mas era hora já de entender. — Vai deixá-la escapar?

Hiashi a olhou incrédulo, nunca em sua vida viu Hinata tão abusada.

Refez seus pensamentos, ordenadamente, a filha estava sendo abusada há mais tempo que isso, mas ele não gostava de pensar nisso.

— Eu não sei o que você e Neji planejam, mas não quero que se metam onde não são chamados. — Disse em tom grave, para ver se a filha o desafiava mais uma vez. O que constatou no instante seguinte.

— É da minha conta quando se trata da vida do meu pai. — Ela o segurou nas mãos, encarando os olhos duros de um homem que escondia seus sentimentos. — Otousan, para que se restringir de algo que te faz feliz? Pense nisso. Eu seria mais feliz, se você também fosse mais feliz.

Ela o beijou na testa, e saiu.

Havia lágrimas teimosas em sua face rosada. Havia medo em seu coração e um certo desespero por não estar fazendo algo certo.

A flor em suas mãos caiu no chão, junto com a lágrima teimosa.

Nana respirou fundo para voltar à sua casa, deixar que aquele maravilhoso dia que se iniciara, fizesse com que a animasse. Era um engano, um atrás do outro. Ela queria que aquele sol quente a acalentasse, coisa que não sentia mais.

Tentou criar forças para quem sabe fazer uma loucura, mas não o fez. Segurou a yukata longa que vestia e caminhou pela grama descalça. Sentindo o frio da terra e do verde lhe despertar.

O choro sessou assim que ouviu alguém lhe chamar. Com um sorriso no rosto, mesmo que mentiroso, ela se virou.

— Keigo-san. — A mulher parou, tentando explicar o que fazia ali, descalça e com os olhos vermelhos.

Mas o homem não parecia interessado nisso. Pegou-a pela mão e a levou para outro lugar menos esverdeado, com mais polidez e seriedade. No fundo, Nana sabia o quanto Keigo era rígido mas tentava ser mais ameno.

Talvez a inútil disputa que ele cerrava com Hiashi desde mais novos. Talvez, mas sem comprovações.

— Querida, o que te incomoda? Estou falando com você há vários minutos e nem um balanço de cabeça recebo.

ShiroOnde histórias criam vida. Descubra agora