Shiro XXII

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Neji caminhou de um lado para o outro no corredor, esperando o momento certo para poder falar em particular com o tio, que estava em uma reunião com algum mercador. Um dos homens que vendiam e compravam produtos plantados pelo clã Hyuuga em outro país.

Neji parou um instante, reformulando mentalmente cada palavra que iria dizer. Não queria parecer intrometido, nem abusado ao comentar de algo tão intimo. Mas a verdade é que desejava que todos ao seu redor tivessem sentindo a mesma felicidade que ele sentia. Se isso fosse possível.

Passaram-se pelo menos algumas horas. Neji ainda caminhava lento pelo corredor, hora ia até o quarto ver Hinata cuidar do bebê, outa hora voltava para apreciar o jardim de frente a casa. Mas ainda de olhos na porta fechada, esperando que houvesse um tempo para a conversa.

Distraiu-se um minuto, quando a esposa caminhava também ao seu encontro, segurando no colo o herdeiro. O menino de pele tão clara quanto a sua. Olhos expressivos, mesmo tão pequeno, já com os traços firmes dos Hyuuga.

Os cabelos negros espetados para cima, Hinata sempre brincava com os fios finos, enrolando com o dedo.

Quando deu por si, a porta estava aberta, mas ninguém lá dentro. Perdera a chance, sabia que somente a noite seu tio estaria disponível.

— Vamos, Neji. — Ele ouviu a voz de Hinata o convidando para passear com o filho pelo distrito. — Eu não aguento mais ficar trancada no quarto. — Ela sorriu, estendendo-lhe a mão.

Neji a acompanhou, foram dali para o jardim, passando pelas casas e recebendo os olhares de todos. Ninguém se atreveu a comentar algo sobre o enlace de um souke e um bouke. Não por temer os olhares ameaçadores de Hiashi ou Neji, até mesmo de Nana, mas por respeito ao Líder. Por mais que fossem rígidos, os Hyuuga sempre seguiam seu líder, mesmo que quisessem contestar. Eram pessoas muito despreparadas para o futuro, mas muito ligadas ao passado, que dizia ter a família como em primeiro lugar.

Mais tarde, logo quando a lua se pôs a brilhar o céu escuro, Neji pode ter enfim sua conversa. Entrou na saleta de chá, observando o homem sério ler algum pergaminho.

Hiashi, sem olhar para o esposo de sua filha, perguntou o que ele queria.

— Hiashi-sama, preciso falar algo delicado. Sobre outra pessoa que me preocupo tanto quanto o senhor.

Neji conseguiu a atenção de Hiashi, esse deixou o pergaminho de lado e encarou com surpresa e curiosidade o que aquele jovem homem queria lhe falar.

— Outra pessoa que temos preocupação em comum? — Isso se resumia praticamente há duas pessoas especiais em suas vidas. Hanabi, essa poderia até ser, se ela não estivesse indo muito bem em sua vida como kunoichi. E mesmo que fizesse escondido, Hiashi sabia do envolvimento dela com o neto do Terceiro Hokage.

Então havia mais uma pessoa, que preocupava-se, ou melhor, que prometera cuidar até o fim de sua vida.

Nana era a esposa de seu falecido irmão, por isso — como era um costume —, deveria cuidar e protegê-la de qualquer coisa. Como prometera ao irmão, e como prometera a sua esposa antes deles morrerem. Promessas parecidas que fizera as duas pessoas que amava e que foram embora.

— Minha okaasan. — Neji por fim falou, acabando com a curiosidade de Hiashi, ou aumentando mais ainda. — Alguns dias ela veio me falar algo que não me agradou em certa parte, mas que eu no fim consenti.

— E o que foi que ela lhe disse? — Perguntou o homem, corroendo sua curiosidade dentro de si.

— Que ela deseja se casar novamente. Sente-se solitária e por isso acha que seria bom ter outra pessoa ao seu lado. Eu não a culpo por isso, mas não acho a escolha dela muito sensata.

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