Shiro VII

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No céu, os fogos iluminavam a noite de Konoha. Uma chuva de papéis coloridos caíam enfeitando ainda mais o festival. Todos olhavam para cima encantados com a pirotecnia dos fogos de artifício. Tão intensos e contagiantes, aplausos e gritos animados eram ouvidos à distancia. Mas havia ali duas pessoas que não pareciam incomodar-se ou apreciar o espetáculo no céu brilhante.

Ele afagou os cabelos lisos com uma das mãos, tocando os lábios suavemente nos de Hinata.

Acordaram daquela hipnose que pareciam ter sido lançados sobre eles. Neji afastou-se rapidamente, pedindo desculpas. Olhou para o lado e somente viu Tenten girar, os cabelos castanhos balançarem conforme corria em outra direção.

Hinata apertou os punhos, da mesma forma que sentia seu coração apertar, envergonhada, seguiu em direção à sua casa sem olhar para os fogos ainda brilhando a noite de Konoha. As lágrimas caiam insistentes molhando seu rosto, borrando a maquiagem. Entrou no Distrito sem olhar para os lados, não fora para seu quarto, correu cada vez mais até chegar nos fundos do dojo onde costumavam acontecer cerimônias do Clã.

Ninguém costumava ir ali, sempre estava fechado por superstições antigas. Ela ajoelhou-se no meio e apertou o quanto pode as mãos por sobre as pernas, amassando a yukata vermelha que lhe cobria o corpo. Quente e envergonhada, era assim que sentia sua pele e a alma. Culpando-se por aquele beijos em público, tamanha vergonha que passara na frente de todos, pois uma jovem de família nobre não pode deixar cair seu nome em fofocas e Neji tanto sabia, mas, mesmo assim, continuou.

Hinata se perguntava o que ele queria fazendo aquilo com ela. Seria vingança ainda por ter sido enganado quando mais jovem? Achou que aquela briga já teria tido um fim.

Deixou que as lágrimas tomassem seu rumo por entre os contornos de seu rosto triste. Marcando a pele com a maquiagem desfeita.

Os fogos acabaram no céu. Neji caminhou sem pressa por entre as barracas montadas, até chegar num canto isolado, onde encontrou a kunoichi abaixada. Sentada numa tora de madeira, prendendo os cabelos no alto.

Neji aproximou-se dela, e nada disse, ficaram calados por alguns minutos, até ele tomar a iniciativa do diálogo tão complicado entre os dois.

— É bom ver que apreciou o presente. — Ele pousou as mãos em cima das pernas quando sentou-se ao lado de Tenten. A mesma nada disse, olhando para um grão qualquer no chão de terra. — Você viu, não foi?

— O que? Você cuidando da sua prima? Sim, eu vi, mas não ligo.

— Respondeu rápido. Isso significa que está com ciúmes. — Retrucou desviando do olhar mortal da mulher.

— Você é um aproveitador! Me usou, agora vai usar ela, e quem será a próxima? A pequena tagarela Hanabi? Espero que seja muito feliz com essa sua possessão por todas as mulheres que tem contato. — Tenten levantou-se de uma só vez, fazendo com que a longa yukata ficasse presa na madeira. Rasgando-a em seguida pelo impulso dado. — Merda.

— Deixe-me ajudar, Tenten. — Ele já retirava o kimono sobreposto para cobri-la.

— Não aceitarei mais nenhuma ajuda sua. Eu tenho meu orgulho também, Neji. Não sou mais sua amante, nem parceira de time e nem propriedade. Estou me desligando de você, jogando fora os meus sentimentos que não valeram nada pra ti. Somente tripudiou em mim, e me usou. Agora eu quero viver, e não ter que pensar se vai ou não me visitar de noite. Se um dia teve alguma consideração por mim, então me ajude a te esquecer. Onegai! Cansei de sofrer, essa vida não é a que eu desejo para mim, ou você acha que mereço ser uma amante?

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