21° capítulo

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Pov: Clarissa

Uma semana se passa desde o início das aulas. Quero me dedicar bastante para prestar vestibular. Pretendo fazer Jornalismo. Eu adoro escrever e estou apostando nessa minha habilidade para conquistar espaço na edição de uma Revista ou Jornal.
Pouco tenho saído do meu quarto, a não ser para fazer as refeições ou ir ao colégio. Estou focada nos estudos e isso me ajuda muito a tirar Jace dos meus pensamentos. Não sei por onde ele anda. Não o vejo há dias. Meus pais não ficaram sabendo de minha briga com Izabelle. Ela parece ter guardado para si a humilhação de ter apanhado na cara da irmã caçula. Mas eu sei que ela é uma cobra venenosa. Só está esperando o momento certo de me dar o bote.
Estou sentada em minha mesa de estudos. Óculos de grau no rosto e olhos atentos às questões de matemática. O lápis dança entre meus dedos e eu me concentro em compreender o enunciado.
Ouço uma leve batida à porta e meu corpo gela. Será que é Jace? Será que veio me pedir desculpas pelo ocorrido na semana passada ou me afrontar ainda mais com aquele seu ar de você-não-passa-de-uma-criança-Clarissa? Estou tensa. Conserto minha postura e ajeito o cabelo.
– Quem é? – grito em direção à porta fechada.
– Eu, Alec! – Ufa. É só o Alec. É só o meu irmão... Relaxo na cadeira e grito para que ele entre.
Alec está com um ar preocupado, sério. Usa uma calça branca do trabalho e uma camisa social da mesma cor. Parece arrumado para sair. Está cheiroso e barbeado.
– Posso conversar com você um instante? – ele se aproxima e aponta a minha cama.
– Claro, irmão! Senta. – Já posso imaginar qual será o assunto. Minha revelação da semana passada gerou dúvidas e ele, como meu irmão mais velho, se acha no direito de saber o que está acontecendo! Sua frase preferida nos últimos dezoito anos! Bora lá descobrir o que ele tanto deseja saber...
– O que houve? – pergunto deixando o lápis sobre o caderno e virando a cadeira giratória para ele.
– Senta aqui, Clary... – dá batidinhas na minha cama, me chamando para uma de suas típicas conversas de irmão excessivamente p preocupado.
– Você está me assustando, Alec! – digo enquanto ele pega em minhas mãos.
– O jace me contou tudo... – observa minha expressão atentamente.
– O quê?! – estou sobressaltada. – Contou o quê? – pergunto temendo que meu irmão esteja blefando a fim de tirar alguma informação de mim...
– Ele me contou que você pensa que está apaixonada por ele...  – Eu penso não: eu estou! – interrompo, corrigindo-o.
– Mas Até aí nenhuma novidade!  Eu mesma disse isso a você!
– Mas não disse que vocês se beijaram e que ele se sente atraído por você! – levo um choque. Mesmo sabendo como os dois são amigos, não acreditava que Jace conseguiria revelar uma coisa dessas, mesmo que fosse para o seu melhor amigo! – Por que escondeu isso também? Eu não disse que podia confiar em mim?
– Sim, você disse! – eu me levanto. – Mas o que você parece não compreender é que essa história não é só minha! É também de uma pessoa que tem um vínculo muito forte com você! Eu não podia simplesmente despejar toda a verdade sem o consentimento dele!
– Eu entendo, minha irmã! – Alec se levanta e alcança minhas mãos de novo. – E isso só prova o quanto você está amadurecendo! Estou muito orgulhoso de você! – eu o abraço, recolhendo minha maturidade numa caixinha e deixando a menina se sentir protegida pelo irmão. – Mas também estou muito preocupado...
– Com o quê? – me afasto e o encaro, com curiosidade.
– Com as consequências disso tudo! Com os seus sentimentos, com a atração que ele está sentindo por você... Tudo isso é muito estranho pra mim, Clary! Mas eu estou tentando digerir...
– Não será preciso digerir, Alec! – sento na cama de novo e abraço uma das minhas almofadas. – Nunca teremos nada! Eu sou só uma irmãzinha para ele...
– E o que você vai fazer com o que sente aqui dentro? – meu irmão diz baixinho, tocando o lado esquerdo do meu peito.
– Vou matar esse amor. Antes que ele me mate primeiro! – digo com um pouco de raiva. – É isso que meu juízo vem dizendo há muito tempo!
Meu irmão me abraça de novo, bem apertado. Ele tem motivos para se preocupar, mas não deve. Jace não tem a menor pretensão de ter um romance comigo e, pela distância que temos mantido um do outro, também não tem a menor pretensão de voltar a me tocar ou, até mesmo, de resgatar nossa antiga relação. Não sobrou nada do que vivemos. Nada. Só uma amizade abalada, um coração partido e desejos reprimidos. E eu... sendo obrigada a conviver com sua presença constante sem ter o direito de sequer ter esperanças...

Desço para jantar e Izabelle está assistindo televisão na sala com minha mãe. Notícias da crise do país, violência, corrupção e outras tantas vergonhas que ainda somos obrigados a presenciar em pleno século XXI.
Minha mãe reclama do preço das roupas e Izabelle dá de ombros como se nada disso interferisse em sua vida. Eu me recuso a sentar com elas e partilhar desse assunto pobre de conteúdo.
Graças a minha sorte, meu pai está chegando bem na hora em que eu ia à cozinha perguntar a Bastiana se podia jantar antes de todo mundo. Pelo menos agora, eu teria meu pai para me fazer companhia durante a refeição.
– Olá! Boa noite! Boa noite, meninas! – papai está com uma aparência muito abatida. Beija meu rosto e joga a maleta sobre a bancada do corredor.
– Boa noite, pai... Janta comigo? – peço em tom de súplica.
– Claro, filha! – vai até minha mãe e Izabelle e beija as duas também. – É só o tempo de tomar um banho e já desço para comer com vocês. – olha em volta. – Onde estão Alec e Jace?
Aff. Por que ninguém nessa casa consegue passar sem falar de Jace? Droga! É difícil conviver com o fato de tê-lo como novo morador. Sua presença ainda será de extrema complicação para mim!
– O Alec tinha um plantão... – minha mãe diz folheando uma revista. – E o Jace recebeu um telefonema e saiu. Ele disse que ia ver algo relacionado a um emprego, mas ainda não voltou.
– Emprego? – meu pai estranha. – As coisas não estão indo super bem lá no estúdio? – dá de ombros. – Não estou entendendo mais nada... – sobe alguns degraus da escada antes de gritar. – Volto num instante!
Emprego? Curioso demais isso! Meu pai tem razão! Se tudo está caminhando bem no estúdio; se Jace continua a compor suas canções, trabalhando com o que gosta... Que emprego seria esse? Suspeito, muito suspeito!
Ju tinha me contado que o estúdio é lindo. Espelhado, super moderno. Jace não me levou, como prometera. Segundo minha amiga, a banda é um furacão. Os meninos são muito talentosos e, juntos, eles têm tudo para explodirem no mercado e garantirem as paradas de sucesso.
Estou muito feliz por ela ter sido escolhida e acolhida por eles. O talento de Ju é algo inquestionável. Sua voz é potente, segura e ela tem uma presença de palco incrível.
Deito para dormir com meu peito apertado e sinto uma sensação de sufocamento. Estou farta dessa sensação.
Sinto falta do meu velho barquinho e me atiro nas ondas revoltas para alcançá-lo. Chego à proa cansada, mas satisfeita...
Preciso do meu barquinho para ser feliz e para continuar brigando dentro de mim.
Sem meu velho barquinho, não vale à pena chegar à praia. É ele que me navega, que me dá direção, que me faz refletir conflitos.
Sem meu barquinho, sou náufraga de meus próprios sentimentos e eu prefiro estar correndo risco em ondas.
É o meu barquinho que revela quem eu sou. E eu sou tudo o aquilo que decido que sou capaz de ser.


I'm backkkk🗣
Quem é vivo aparece né, espero que gostem e não se esqueçam de votar e comentar oque acharam, love u babes💕

doce inocência (clace)Onde histórias criam vida. Descubra agora