Pov: ClarissaAbro os olhos, solto um bocejo e sento na cama. Todo meu corpo parece ter sido moído numa máquina de carne. Essas festas sempre são muito cansativas, mas devo confessar que todo o meu cansaço vale muito à pena. A lembrança de estar envolvida nos braços de Jace compensa todo o resto. Até mesmo aquele intragável do Mauro. Mas se as fadas madrinhas do bom senso existem, elas jamais permitirão que ele cruze o meu caminho outra vez! Eu não mereço esse castigo de novo.
Já passam das dez da manhã e eu não acredito que os membros da minha casa já estejam acordados depois da agitada noite anterior.
Izabelle nunca levanta para o café em dias rotineiros, que dirá hoje. Ela passou a noite toda dançando com aquele novo carinha, um dos médicos residentes. Como era mesmo seu nome? Diego, Diogo... Sim, Diogo. Mas eu não me preocupo em decorar o nome dos ficantes de Izabelle. Minha irmã não se prende a ninguém. Hoje mesmo o tal Diogo será dispensado e ela já estará em outra. Se é que já não foi dispensado.
Papai bebeu um pouco demais, deve acordar com uma enxaqueca das bravas! Ele não está acostumado a isso. Só bebe socialmente, principalmente em eventos como da noite passada.
E Jace... Ah, meu Jace! Deve estar tão cansado da viagem e de todas as surpresas que tivemos que não acordará tão cedo também. Mas teremos todo o tempo do mundo para colocar nossos pingos nos is. Ele agora mora no quarto de hóspedes. Bem ao lado do meu.
Meu celular toca e eu vejo o nome da Julia brilhar na tela do display. Remarcamos nosso cinema para hoje à tardinha.
– Oi, Ju! – minha voz ainda está rouca por ter acabado de acordar.
– Amiga! – Ju exclama do outro lado da linha. – Desculpa, acordei você?
– Não... Já estava acordada! Na verdade, estou levantando da cama.
– Menos mal porque quero saber tudo da festa... Tinham muitos gatos lá? – Ju pergunta rindo. – Ah, Clarissa! Não vai me dizer que você não pegou ninguém?
Julia é impossível. Ela me conhece e sabe que não sou menina que fica na primeira noite. Ao contrário dela, que não perde tempo algum. Dou uma risada e fico imaginando a sua cara do outro lado da linha quando eu disser quem eu peguei. Só de pensar nos beijos que Jace e eu trocamos, fico extasiada.
– Peguei... – digo sorrindo, imaginando seus olhos arregalados.
– Ai. Meu. Deus! – minha amiga diz pausadamente. – Como foi?! É gato?
– Muito, muito gato. – continuo sorrindo.
– Clarissa , pelo amor de nossa senhora das amigas impacientes! Fala logo! – ela é pura ansiedade.
– Pois peça paciência a ela porque eu só conto quando nos encontrarmos hoje pessoalmente. – bufa do outro lado da linha. Um gesto nada feminino, como diria D. Jocelyn, diga-se de passagem.
– Não dá para adiantar nadinha, cara? – insiste.
– Hum-hum... – eu respondo em negativa. – Guarde sua ansiedade e ligue para Soninha para confirmar nosso cinema. Mande um torpedo com a hora que encontro vocês na praça de alimentação do shopping.
– Tá... Tá bom! – Ju responde nada satisfeita.
– Agora deixe eu me adiantar aqui porque ainda nem tomei café da manhã. Beijo! – ouço seu resmungo e desligo, rindo.Julia é minha amiga desde menina, assim como Soninha. Estudamos na mesma sala e somos um trio para tudo. Ela mora no centro da cidade. Sua família é muito alegre, divertida e cheia de vida, assim como ela: muitos irmãos, sobrinhos, avós, tios e primos. Ju é morena, um pouco mais alta do que eu e tem uma linda voz. O sonho dela é ser cantora de uma banda, depois quem sabe, ter uma carreira solo e ficar famosa. Por causa disso, diz que estilo é tudo. Seu maior hobby é testar várias tendências da moda, cortes de cabelos ousados e esmaltes chamativos naquilo que ela chama de unha. Desde criança, minha amiga rói as unhas quando fica ansiosa. Conclusão: sempre. Acredito que ninguém mais consiga lembrar qual é a cor original de seus cabelos porque vive para tingi-los cada hora de uma cor.
Entro animada no banheiro, apesar do cansaço e tomo meu banho matinal. Visto um short jeans e uma blusinha amarela que eu adoro. Calço sapatilhas e prendo meu cabelo num rabo de cavalo, o que me deixa com um ar infantil. Às vezes, não consigo fugir disso. Faço uma maquiagem bem leve e aplico um pouco de perfume. Acessórios discretos para combinar e meu ar de menina se desfaz um pouco.
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doce inocência (clace)
RomanceClarissa é ainda muito jovem quando precisa lidar com o primeiro grande problema -aparentemente clichê: o amor platônico por jace um homem mais velho, músico e melhor amigo de infância de seu irmão. Todo seu drama pessoal Na tentativa de escond...