Pov-clarissa
Quatro anos depois.....
Mesmo de ferias acabo acordando cedo essa manhã. Fui na escola assinar os documentos da renovação da matrícula que finalmente assinados por mim! Minha maioridade veio de cavalo mais chegou.
Queria ter ido na companhia de Soninha, minha melhor amiga desde o jardim de infância. Somos como unha e carne. Mais ela não pode ir porque estava ajudando sua mãe, D. Vanda a fazer os docinhos do buffet que administra.
Volto pra casa toda suada, o verão acaba comigo. Tenho a sensação de estar assando como um dos bolos de Bastiana. Um banho gelado e tudo que eu preciso!
Da porta da cozinha avisto minha veia Bastiana assando os seus tão deliciosos biscoitos. Vou entrando sorrateiramente para que ela não me veja, coloco minha bolsa encima da mesa e coloco meus braços ao redor de sua gorducha cintura e aperto suas grandes bochechas. Bastiana da um grito.
-Oi! -digo correndo enquanto ela vem atrás de mim ameaçando me bater com o pano de prato.
-Menina quer me matar do coração é! - ela diz pondo a mão na cintura - Oxe, menina abestada!
- Não Bastiana.... - digo ainda rindo, ando até o tabuleiro de biscoitos que ela acabou de tirar do forno - Onde está a Izabele? - pergunto colocando um dos biscoitos na boca, já que estavam ainda quentes acabo queimando minha língua. Mas não me importo e um manjar dos deuses!
- Não mexa aí! O tabuleiro está quente. Sua irmã saiu com o namorado. -fala colocando o tabuleiro encima da pia acrescentando ingredientes para uma nova massa.
-Qual dos? - Não perco a chance de mostrar pro mundo como minha irmã e uma namoradeira de quinta categoria.
- Ave Maria! Deixe sua irmã em paz menina implicante! Sem sua mãe aqui, essa casa com ocês duas ficam um inferno . Tomara Deus que ela volte logo dessa viagem. - Fala cada vez mais zangada limpando as mãos no avental.
- Ela foi e torrar o dinheiro do papai, isso sim! - não me dou por vencida tão fácil - Não vai voltar tão cedo Bastiana! E deixa Deus fora dessa! - digo me encostando na pia - E tem mais, quem deveria ter ido com ela era Izabele não Alec, as duas gostam de torrar dinheiro - digo com ironia - E só isso que sabem fazer!.
- Olha só o respeito com sua mãe menina, o seu pai vai chegar e eu vou contar essa conversinha toda pra ele!Ocê me ouviu malcriada! - Fala dando um tapa na minha mão vendo que eu ia pegar outro biscoito, enquanto dou um sorriso travesso - Eu já te avisei, tomara que ocê se queime!
Vou tomar banho sem conter o riso. Bastiana e a melhor, a mais pura e eu a amo com todo o meu coração.
Jogo as roupas encima da cama como de custume, minha bagunça e sem limites.
E impressionante o poder que a água gelada tem sobre mim. Estou no meu próprio banheiro. Meu quarto e uma suíte, ele já foi dos meus irmão. Mais pais achavam que facilitava os cuidados infantis, como sou a mais nova fiquei com o quarto. Izabele morre de inveja por isso.
O banheiro e pequeno, como o que fica no quarto dos meus pais. Na verdade minha casa não é muito grande mais e bem dividida. Ela tem 5 quartos todos com espaços para camas, Guarda-roupas e mesas de estudos. Eu amo meu quarto!
Tomo um banho rápido na intenção de assistir um filme. Saio de calcinha e sutiã e uma toalha enrolada na cabeça. Uso agora a toalha para secar meus cabelos ruivos e longos, me olho no espelho e contemplo oque vejo.
Em nada mais me assemelho àquela adolescente sem graça. Eu adoro meu cabelo, o brilho dos meus olhos e o formato da minha boca. Viro de lado e admiro minhas pernas bem feitas, meus seios pequenos e firmes e meu bumbum proporcional. Tudo na medida. Mais nada de ruim a declarar como no passado. Sou parecida com a minha mãe fisicamente e me orgulho disso, pois ela é muito bonita.
A brancura da minha pele ainda me incomoda um pouco, mas consigo me bronzear rapidamente sem aparentar ser um camarão. Nada de óculos com armações grosseiras. Uso lentes de contato agora, mas meus óculos de emergência estão sempre prontos para serem usados quando preciso. Meu sorriso conta com dentes alinhados, livres do velho e aposentado aparelho. Sou muito feliz com minha aparência. Sou muito feliz com a minha vida. Sei que minha alegria é contagiante, mas também sei que ainda conservo dentro de mim, a mesma Clarissa rebelde que fui um dia. Não guardo nada. Vomito cada um dos meus desafetos. Não sou obrigada a nada.
Não acho mais meninos chatos e dessinteressantes. Meu primeiro beijo foi com andre. Namoramos por um tempo, pois oque sinto por ele não passa de uma amizade grande e verdadeira.
E jace? Ah jace......!oque dizer sobre o homem que ainda tem meu coração? Mais que foi embora sem olhar para trás! Que nem se importou com meus sentimentos! Será que ele achou que a sua visita a quatro anos atrás bastaria para matar a saudade? Morro de amores mas não me humilho telefonando ou mandando mensagens!
Ele é um ingrato isso sim! Ele acha que pode comer trabalho, viver trabalho e esquece de sua única família!
Minha memória só registrou um beijo doloroso na testa e a raiva de velo partir e não voltar mais. Mas amadurecer faz parte , parabéns Clarissa você caiu na real!
Agora mate esse amor. Mate! Antes que ele mate você primeiro. Só que não. Meu coração não acompanha minha mente. Mais a idolatria ficou para trás, descobri que posso muito bem viver sem ele!
************
A sala da minha casa é bem ampla e arejada. Sofás grandes e confortáveis com almofadas macias compõem o ambiente em tons pastéis. Há um tapete no chão e bonitos quadros nas paredes, impecavelmente pintadas de branco.
Um dos quadros dessa sala sempre me chamou muita atenção: a pintura de uma estradinha, que leva a um pequeno povoado com muitas árvores e dividido por um riacho. Cerquinhas de madeira rodeiam pequenas casinhas. Algumas portas e janelas estão abertas. Ao fundo, um relevo deslumbrante.
Quando eu era menina, jace brincava que íamos visitar o povoado e imaginávamos oque tinha atrás das montanhas e dentro de cada casa. Esboço um sorriso com essa lembrança tão linda de minha infância.
Em frente ao sofá maior, há um móvel não muito grande, onde se encontra a televisão. Outros objetos modernos também estão sobre ele, decorando-o com bom gosto. Minha mãe sempre diz que, nesses casos, menos é mais e tenho que concordar com ela.
Uma mesa de jantar está num espaço um pouco mais afastado desta mesma sala, o que torna o ambiente bem mais íntimo e acolhedor. Deito no sofá e rapidamente Pingo vem se esparramar no chão, ao meu lado. Faço carinho em sua barriga, dizendo a ele o quanto é folgado. Pego o controle remoto e ligo a televisão. Não há nem tempo de descobrir se o filme já começou porque ouço o chamado mal humorado de Bastiana.
-Clarissa, seu celular tá tocando! - grita da cozinha - ocê esqueceu ele aqui na mesa!
- já estou indo! - grito de volta, me dirigindo a cozinha a tempo de ouvir seus resmungos.
- Trate logo de atender! - diz terminando de descascar uma batata - Diacho de menina!
Vou até ela beijo sua bochecha e a agarro pela cintura.
- Rabugenta! - dou uma risadinha e pego meu celular na bolsa, atendendo-o em seguida e viro de costas para não dar a ela motivos para continuar reclamando. Sigo em direção a sala -Oi amiga! - digo animada e Soninha.
-Oi miga!, eai como foi na escola?levou o documento? - minha amiga eo cúmulo da responsabilidade, e claro que o documento dela já estava lá no dia seguinte do pedido da entrega. Soninha e extremamente organizada, e daquelas que arrumam a caixa de lápis por ordem crescente e mantém as canetas viradas para o mesmo lado do estojo.
- Estava meio atrasada na entrega, mais congui! - respondo simplesmente
- Ah, que bom!estava preocupada!
Alguém mais tinha dúvida disso Soninha?Não, nem eu! Julia, nossa outra amiga íntima e eu vivemos para implicar com as preucupasoes de Soninha. Mas nada abala o senso de responsabilidade da minha amiga, ela simplesmente da de ombros.
- E vocês aí, acabaram os doces? - volto a sentar no sofá da sala.
- Que nada!isso vai durar até tarde, Mas não podemos reclamar, e com isso que tiramos nosso sustento, né? - Soninha diz com seriedade.
Sinto meu rosto arder como se fosse um tapa em minha cara! Nunca precisei trabalhar ou me preocupar com o almoço ou jantar do dia seguinte. Nunca deixei de ter um pai. Nunca precisei ter mais responsabilidade do que estudar para a prova do dia seguinte. Derrapante ela vem. A culpa....A tão dolorosa culpa!
- Desculpa amiga! - digo sentida
- Desculpar?Pelo que? - Soninha diz confusa
- Por ser egoista,as vezez...Por muitas vezes não ver o quanto você é especial!
- Eita oque você bebeu hoje? - diz rindo e mudando rapidamente de assunto - E não se esqueça que te espero amanhã aqui em casa e outra coisa, vá a merda com suas desculpas! - desliga
Essa é a sua maneira de me dizer que está tudo bem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
doce inocência (clace)
RomanceClarissa é ainda muito jovem quando precisa lidar com o primeiro grande problema -aparentemente clichê: o amor platônico por jace um homem mais velho, músico e melhor amigo de infância de seu irmão. Todo seu drama pessoal Na tentativa de escond...