13° capítulo

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Pov: Clarissa

Já passa da meia noite e minha casa está silenciosa. Todos parecem dormir. Eu, ao contrário, reviro de um lado para o outro na cama, fritando como um bife. Não consigo dormir! Minha cabeça não para de pensar em todas as coisas intensas que aconteceram na minha vida em menos de quarenta e oito horas.
Faz uma semana que completei dezoito anos e parece que todos os problemas da fase adulta resolveram me alcançar com mais força. Não adianta ficar aqui deitada, alternando entre olhar para o teto ou virar de lado em busca da posição ideal para pegar no sono. Meu íntimo está dentro do meu velho barquinho...
Levanto decidida a beber um copo d'água. Meu quarto, iluminado apenas com as luzes que vinham de fora, está me sufocando. Eu preciso de ar.
Estou com o short do pijama e uma camiseta branca, sem sutiã. Não pretendo demorar, por isso, não me preocupo em trocar de roupa. Calço minhas sandálias e vou pelo corredor com extremo cuidado. A casa está no escuro. Desço as escadas pé ante pé e alcanço a cozinha. Acendo a luz e abro a geladeira.
Sinto um pouco de fome, não comi bem no jantar. Encho um copo d'água e bebo, enquanto analiso as opções da geladeira. Resolvo preparar um prato com fatias de queijo minas e presunto, e tomar um iogurte.
Vou me sentar para comer no meu lugar favorito do quintal: meu banquinho sob as parreiras. De lá, eu sempre consigo admirar o céu quando tem estrelas à noite.
Vou comendo calmamente, enquanto observo o quanto as parreiras cresceram e tomaram todas as estruturas de madeira. É como se eu estivesse dentro de uma casa. Uma casa que fabrica uvas. O céu está deslumbrantemente lindo essa noite, cheio de estrelas de um brilho indescritível e de uma lua crescente que convida ao amor. Suspiro e tomo um gole do iogurte de garrafinha. Se eu soubesse que não havia mosquitos e que a noite estava tão incrível, teria trazido uma toalha para deitar sobre o gramado, em meio às parreiras.
Ouço passos e estalos em folhas secas. Um perfume familiar se aproxima. Fecho os olhos e sinto meu coração iniciar seu treinamento para as próximas olimpíadas. Jace me encontra sentada em meu velho banco. Há um clima desconfortável no ar.
Ele está vestindo uma bermuda clara, cheia de bolsos e uma camiseta preta de banda de rock nacional. Não consigo ver seu rosto com perfeição, mas sinto a urgência que emana da sua presença. Ele passa a mão no cabelo desalinhado e usa os dedos para jogá-los para trás.
– Posso falar com você? – se aproxima e senta ao meu lado.
– Claro. Como sabia que eu estava aqui? – pergunto jogando meus ombros para frente.
Um recurso sutil, porém desesperado para que a minha camiseta branca não marque os bicos dos meus seios. Meu rosto está pegando fogo com essa constatação.
– Na verdade... – começa a falar olhando para frente do gramado, na direção da piscina. – Eu ouvi você saindo do quarto e a segui. – completa ainda sem me olhar.
Hã? Como assim me seguiu? O que isso significa? Significa, sua idiota, que ele acompanhou cada movimento seu da cozinha até aqui! Os meus seios marcados pela camiseta branca que, agora eu tento esconder, estavam bem visíveis para ele sob a luz da cozinha! Estou muito envergonhada e tudo o que gostaria de fazer nesse momento, é ir para o meu quarto. Mas se não for possível, muito menos porque a nova Clarissa não corre mais, Deus poderia ser bacana e abrir um buraco para que eu pudesse colocar minha cabeça dentro. Que tal? Nada mal para uma mente que acredita no país de Alice. Afinal de contas, o que Jace queria comigo ao ponto de me seguir pela casa e vir parar aqui fora? Seguro o banco com força, ainda inclinada para frente e espero que ele continue, mas o silêncio que impera é pesado, difícil até para respirar.
– Por que você me seguiu? – consigo dizer num fio de voz.
– Porque eu acho que precisamos conversar sobre o que vem acontecendo... –diz isso com um ar confuso, inseguro até.
– E o que está acontecendo? – Jace se volta para mim e sorri. Levanta uma de suas mãos e acaricia o meu rosto.
Na mesma hora, minha respiração e meus batimentos cardíacos se alteram ainda mais e um calor poderoso começa a subir pelo meu corpo. Fecho os olhos por segundos e quando os abro, ele está a centímetros de mim, quase pousando os lábios sobre os meus. Seus olhos urgentes brilham por antecipação. Eu seguro sua mão, sem tirá-la do meu rosto e beijo a palma. Em seus braços quero me achar. Em sua boca quero me perder... ... me perder. ... me perder! O que ele está esperando para me tomar nos braços e devorar minha boca como fez há um dia? Por que ele não manda seu juízo ir para o diabo de novo?
– Isso, Clarissa... – Jace solta meu rosto e segura meu braço com firmeza. – Isso... – esfrega com a mão esse mesmo braço e os meus pelos se arrepiam.
Minha expressão é de completa dúvida. O que ele está querendo dizer com isso? É necessário me tocar para dizer o que nós dois já sabemos?
– Eu... – gaguejo, quase sem voz. – Eu não entendo...
– Eu voltei para casa para ter paz! – parece alterado. Por quê? Está com raiva de mim? O que eu fiz de errado?
– Meu objetivo era retomar minha vida, diminuir o ritmo de trabalho, me assentar de novo... Mas parece que isso não vai ser possível.
– E o que está te impedindo? – pergunto com medo da resposta.
– Você... – seu maxilar está contraído. Sua expressão é quase de... dor.
– Eu?! – digo alarmada, enquanto me levanto. – Você está me culpando por não conseguir retomar a sua vida?! É isso mesmo o que estou ouvindo?! – estou encarando-o.
– Não você... Mas... – procura as palavras, abanando a cabeça. – Mas a forma como você reage quando estamos juntos! – se levanta também e sua expressão é dura. – Isso não está certo, Clarissa! Não está certo! Eu vi você nascer e crescer! Eu sou seu irmão!
– Você não é meu irmão droga nenhuma! – quase grito na cara dele. – Mas se o que está tentando dizer é que a minha presença atrapalha a sua vida, fique descansado... – levanto meu queixo, em desafio. – Farei o possível para estar bem longe do seu caminho! – quando viro as costas, uma de suas mãos agarra meu pulso como na noite da festa, mas ele não me puxa ao seu encontro. Fico parada, alguns segundos, tentando entender o que significa essa conversa toda e aonde Jace quer chegar. Seus dedos afrouxam em meu pulso e eu me viro para ele, lentamente. Ficamos, os dois, nos olhando por um tempo difícil de calcular e quando percebo, a aspereza de uma das madeiras, que serve de coluna para as parreiras, está roçando as minhas costas. Os lábios de Jace devoram os meus e sua língua quente se apossa da minha boca como se quisesse sugar todo o néctar da minha essência. De novo... Somos ele e eu.
Uma de suas pernas se encaixa entre as minhas coxas e suas mãos seguram minha cabeça como se eu fosse capaz de fugir. Estou presa, atada àquela madeira, com o corpo em chamas e os lábios queimando pelo movimento dos dele. A barba por fazer roça meu queixo, meu rosto e eu não sinto mais meus pés no chão. Eu posso flutuar, posso estrelas contar, posso mergulhar no infinito...
Os dedos de Jace estão emaranhados em meu cabelo e ele os puxa levemente, forçando minha cabeça para o lado, enquanto beija o meu pescoço. A sua barba roçando, o seu nariz inalando o perfume da minha pele e sua mão livre deslizando por meu corpo, me deixam inebriada. Em seus lábios... me perco. Não quero voltar à superfície. Não quero pensar por que ele veio me procurar no quintal, no risco que estamos correndo expostos desse jeito. Mesmo protegidos pelas parreiras, nossos corpos se movem ao som de beijos e as mãos passeiam por nossas peles sedentas para serem tocadas. Jace continua a me beijar com ardor e já não sinto mais minhas pernas. Minhas mãos apertam os músculos dos seus ombros e braços e ele agora, alcança um dos meus seios por cima da minha camiseta, provocando, massageando... Solto um gemido rouco e inclino meu quadril em sua direção, jogando minha cabeça para trás. ... seu toque me desnuda. E eu estou aqui. Entregue.
      De repente, nada. O vazio. As chamas entram em contato com o vento. Jace se afasta, deixando meu corpo queimar na madeira. Minha voz está presa no fundo da minha garganta e eu não consigo me mexer. Estou inerte, e ao mesmo tempo, em ebulição...
      – Fique longe de mim, Clarissa! – Jace diz engolindo em seco. – Por favor... – vira-se e vai embora. E eu começo a sentir as chamas se apagando. E, então, caio no vazio. E eu... sou o nada.

E gente e agora que começa a fase em que todos " odeiam " o jace kkkkkk
Não se esqueçam de votar e comentar oque acharam, espero que estejam gostando. Até o proximo😙✌🏼

doce inocência (clace)Onde histórias criam vida. Descubra agora