Pov: Clarissa
Primeiro dia de aula. Eu acordo com o despertador do celular e, ainda sonolenta, tateio em busca dele em cima da mesinha de cabeceira. Esbarro nos meus óculos sobre o livro que parei de ler ontem, quando Jace entrou no meu quarto para despejar aquele monte de insinuações maldosas em cima de mim.
Demorei a adormecer na noite anterior, fiquei muito confusa com tudo o que havia acontecido. Desligo o despertador e vou ao banheiro me preparar para tomar o café da manhã. Estou faminta hoje.
Desço as escadas e vejo meus dois irmãos sentados à mesa, posta na sala. Coloco minha bolsa e minha pasta em cima do sofá.
– Bom dia! Bom dia! – cumprimento meus irmãos, animadamente e beijo a cabeça de Alec.
– Só se for pra você... – Izabelle diz entre os dentes. Mau humor medonho às seis da manhã! Mas, estudar é preciso e meu pai não paga um curso de Moda para ela à toa.
– Bom dia, irmãzinha! – Alec parece preocupado. – Você está melhor? A Bastiana disse que você comeu algo que não fez bem...
– Sim, estou bem melhor! – sento ao lado de Izabelle e colocando um pão francês no meu prato. Mentalmente, estou agradecendo à Bastiana pela mentirinha providencial. – E com uma fome de leoa!
– Nossa, quanta disposição! – Izabelle resmunga. – Nem parece que dormiu sozinha essa noite!
– É meu último ano na escola... – corto o pão, fingindo que não ouvi a sua segunda frase. – Isso já é motivo mais que suficiente para estar bem disposta! – acrescento fatias de queijo e presunto ao sanduíche.
Bastiana entra na sala e Pingo vem atrás dela fazendo festa para mim. Ela me dá bom dia e enche meu copo com leite quente. Agradeço e acrescento achocolatado.
– Fiz essa merendinha pr'ocê... – coloca uma bolsinha térmica que eu sempre levo para o colégio com algo saudável para comer, em cima do meu material. Ela diz que não posso ficar comendo as porcarias que vendem na cantina. Sorrio para meu anjo da guarda. Minha mãe.
– Obrigada, Tiana! – começo a comer com afinco. Minha eterna babá sai da sala, chamando o cachorro para acompanhá-la.
– Não vi o Jace ontem... – Alec diz pensativo. – Será que as coisas estão correndo bem lá no estúdio? – pergunta mais a si mesmo. – Ele está fazendo testes com a Julia, né? – agora se dirige a mim.
– Sim... está. – respondo sem muita animação. – Mas não o vi também...
– Deu pra mentir agora também, Clarissa? – Izabelle me pergunta com um ar irônico e está me encarando. Alec não entende muito bem a acusação e se mantém atento a ela.
– Não estou entendendo... – respondo com desdém.
– Que você é uma sonsa não é novidade para mim... Agora mentirosa...!? – belisca um pedaço de queijo. – Francamente!
– Será que dá pra ser mais clara, Izabelle? – Alec vem em minha defesa. – Por que você está falando com Clarissa desse jeito? – Pergunta a ela! – Bianca se altera.
– Pergunta a sua irmãzinha por que agora ela deu pra mentir que Jace frequenta seu quarto! – cospe a frase na minha cara. – E ainda vem com esse papinho de não vi o Jace! – afina a voz, debochando. – Faça-me um favor!
– Cale a boca, sua idiota! – grito com ela.
– Ei , ei... – Alec agita as mãos na direção de cada uma de nós. – Parem com isso!
– Ela que começou! – levanto o queixo em direção à Izabelle.
– Que tipo de insinuação é essa?!
– Ahh... Vai se fazer de bobinha agora?! – Izabelle continua. – Eu vi com os meus próprios olhos ontem quando cheguei do clube! Eu vi! Ele estava saindo do seu quarto! – olha para mim com raiva. – E agora vem bancar a ingênua de que não viu o Jace? – dirige-se a Alec. – Só vocês não repararam ainda que esses dois estão se pegando...
Perco a linha. Saio do salto. Desço o barraco.
– Cala essa boca, sua imbecil! – levanto e voo em cima dela. Minha mão acerta em cheio seu rosto e Alec me segura pelos braços antes que eu invista sobre ela de novo. Eu me agito, querendo me soltar. Estou estourando de raiva.
– Vem...! Pode vir...! Experimenta bater de novo pra você ver se eu não quebro essa sua cara de sonsa! – Izabelle destila ódio e segura o rosto vermelho e marcado pelos meus dedos. Mas a cascavel não se dá por vencida. – E pela cara que ele saiu do seu quarto, a cama deve ser pequena para os dois!
– Maldita! – grito, ainda tentando me soltar das mãos de Alec. Eu quero matar essa desgraçada!
– Parem as duas já! – Alec também grita me mantendo presa em suas mãos. Se ele me soltar, vou voar na cara dessa cretina de novo e arrancar os olhos dela com as minhas unhas.
– Creio em Deus Pai! O que é que tá acontecendo aqui, diacho?! – Bastiana vem correndo da cozinha.
– Pergunte a sua preferida... – Izabelle despeja, vermelha feito um camarão, pega a bolsa e sai. Alec ainda está segurando o meu braço e eu sinto uma vontade absurda de sumir. Minha irmã é impiedosa e sem escrúpulos. E eu, estou com muita raiva. Mas pelo menos me sinto vingada. Meti a mão naquela cara abusada! Ela que não ouse me dirigir a palavra ou vai perder os dentes!
– Ocês não se cansam! Deram sorte do doutor já ter saído e da patroa não ter acordado com essa gritaria toda... – Bastiana balança a cabeça negativamente e volta para cozinha. – Ocês não têm um pingo de juízo...
Eu respiro com dificuldade. Estou tremendo. A sala fica silenciosa e Alec solta o meu braço. Com que cara eu olho para meu irmão agora? Como posso me defender dessa insinuação? Há mesmo por que me defender? Há motivo para isso? Ou será que não é hora dele saber toda a verdade? Eu poderia revelar parte da verdade. A minha parte. O meu sentimento. Mas contar tudo, envolveria Jace e a relação de amizade que existe entre ele e Alec. E eu não posso fazer isso! Não tenho esse direito. Cabe a Jace dizer a Alec o que vem acontecendo. E se ele não contou, é porque de fato, só acredita única e exclusivamente na relação fraternal que sempre tivemos.
– Você não acha que eu mereço uma explicação? – meu irmão quebra o gelo e eu me sento aborrecida em minha cadeira. – O que aconteceu aqui?
– Ela fez parecer tudo muito vulgar... – digo esfregando meus braços e cuspindo minha raiva. – Víbora!
– Isso eu já sei, Clarissa! – Alec se senta também e me encara. Braços cruzados sobre a mesa. – O que eu estou tentando entender é porque você mentiu para mim sobre o Jace?
– Que mal há em Jace ir ao meu quarto? – respondo com outra pergunta, tentando me acalmar. Ah, se eu pego Izabelle de novo!
– Essa pergunta também é você quem deve me responder! Se não há mal, por que você mentiu? – meu irmão sorri para mim e eu vejo compreensão nesse sorriso. – Do que tem medo, Clary?
– Medo, eu? – estou tensa. Não sei o que falar sem piorar ainda mais a situação. Preciso me concentrar no que dizer e esquecer o que faria quando pegasse a cara de Izabelle de novo. Odeio violência, mas também odeio a cara cínica dela!
– O que está acontecendo entre você e o Jace? – meu irmão me olha atentamente, buscando em minha expressão algo que possa responder por mim.
– Não está acontecendo nada... Absolutamente nada! – tento controlar a minha voz. Detesto mentir para ele!
– Clary... – Alec pousa sua mão sobre a minha na mesa. – Eu não sou bobo, não nasci ontem! – sorri. – Conheço você e conheço o Jace como a palma da minha mão... – não consigo encará-lo, meus olhos estão cravados em sua mão sobre a minha. – Já percebi os olhares que vocês trocam, sinto uma energia diferente no ar! Vocês dois sabem que podem confiar em mim...!
– Eu sei... – encaro meu irmão. – Mas de verdade, não está acontecendo nada... – suspiro. – Mesmo eu querendo muito que aconteça! – pronto, falei. Está falado e não há como voltar atrás. Alec está me olhando. Visivelmente chocado. Ai. Meu. Deus! Não quero magoá-lo! Eu não quero! Mas ele disse que já tinha percebido e que podia confiar nele. E agora? Vou até o sofá e pego a minha bolsa. Melhor deixá-lo sozinho depois dessa revelação. Paro de frente para o meu irmão que já está de pé. Toco o rosto dele e beijo.
– Então eu não estava louco? Vocês estão mesmo se curtindo? – enfim, resolve dizer alguma coisa.
– Quem me dera... – respondo e meu irmão arregala os olhos. – Estou profundamente apaixonada pelo Jace, Alec! Eu o amo com todas as minhas forças. Sempre o amei, desde menina! – suspiro de novo, jogando as mãos para o alto. – Cansei de esconder isso de você! Pronto. Agora você já sabe de toda a verdade.
– E... – meu irmão esfrega a barba por fazer. – Ele corresponde a isso?
– Claro que não... – balanço a cabeça negativamente. – Ainda olha para mim e vê a mesma garotinha para quem ele cantava pra dormir.
Alec está pensativo. E eu estou aliviada. Um peso saiu de cima de mim. Ele é o meu melhor amigo e eu devia isso a ele.
– A única coisa que eu te peço é que isso fique aqui entre nós... Por favor...? – junto as mãos.
– Você não precisa me pedir isso... – Alec me abraça e beija minha cabeça. – Só não minta mais pra mim!
– Obrigada... – estou acolhida em seu abraço. – Você pode me dar uma carona? – olho para ele. – Se eu for de ônibus, chego atrasada.
Quando caio no abismo, descubro que as ondas do mar podem me salvar. Eu boio. E sou levada a outro porto seguro. Mas meu barquinho continua à deriva em alto mar. Eu agora estou segura. Porém... náufraga.Olha quem resolveu aparecer... bom espero que gostem , não se esqueçam de votar e comentar oque acharam. Desculpem a demora é não desistam de mim kkkkkk amo todos vocês💕
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doce inocência (clace)
عاطفيةClarissa é ainda muito jovem quando precisa lidar com o primeiro grande problema -aparentemente clichê: o amor platônico por jace um homem mais velho, músico e melhor amigo de infância de seu irmão. Todo seu drama pessoal Na tentativa de escond...