Caio - 21

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Não consigo assimilar o que acabou de acontecer de primeira, ela disse não? Por que ela disse não? Só sei que ela foi embora, foi de vez. Era o que eu achava melhor no começo do dia, mas agora? Agora só parece um puta vazio no meu peito e dói demais. 

Quero chorar ali mesmo, mas to na escola e no meio do treino, não posso, então levanto, lavo o rosto e volto pra quadra.

O treino fica um cu, dou graças a Deus quando acaba, só precisava ir pra casa, só precisava ficar sozinho agora.

Volto pra casa, tomo um banho e deito na cama. Tento colocar a cabeça em ordem, mas não da nem um pouco certo, só fico mais triste com a bosta que eu fiz, aí começo a chorar, mas é um choro bagunçado, tipo é de raiva de mim, é de tristeza, eu não sei, é de muita coisa que tava entalada.

Não fico mais com fome, só fico deitado até tarde e durmo, no dia seguinte, levanto antes do horário, tomo outro banho pra ver se me sinto melhor, não adianta muito, então como alguma coisa e vou pra escola.

Chego e penso em alguma coisa pra fazer, mas a Marcela disse pra eu não ir mais atrás dela, mas se eu não for eu nunca vou conseguir falar com ela de novo... Ah não sei. 

Sentei na minha cadeira e abaixei a cabeça ali mesmo, todo mundo acha que eu to com sono, mesmo não tendo nada a ver.

Felizmente, alguém percebe e vem falar comigo. A Glória senta na cadeira na minha frente e começa

G: Caio? Cê tá bem?

C: Não muito

G: O que aconteceu?

C: A Marcela, deu uma merda lá, nada que você tem que se preocupar

G: Claro que tenho, você é meu amigo, se tá triste eu tenho que me preocupar

C: Só preciso de um tempo de tudo isso

G: De tudo o que?

C: Tudo, absolutamente tudo

G: a

G: A vida não é assim infelizmente, não da pra sumir por um tempo e voltar depois, mas tô aqui pra o que você precisar

Nessa hora me vem uma luz, a Glória tá aqui pra mim, mais do que a Marcela jamais esteve, a Glória é parceira e tudo, é uma boa ficar perto de quem se importa comigo.

C: Que que você vai fazer na sexta?

G: An?

C: Tem algum compromisso?

G: Na real não, nada ainda

C: Marca aí na agenda, dia 11, vamo jantar no shopping

G: Certeza?

C: Absoluta

G: Ok então

Ela levanta e eu faço o mesmo, nos abraçamos, por um momento achei que era a Marcela, que estava tudo bem, mas não, isso é passado, tem que virar passado. Preciso superar ela, pra isso, a Glória vai estar aqui pra me ajudar. 

Antes que ela saia andando eu falo

C: Eu pago tá?

G: Beleza, te vejo mais tarde

C: Até

Sinto uma força dentro de mim, alguma motivação pra melhorar, então boto um sorriso na cara e vou falar com os meus amigos. Do meio do nada, a Helena surge quase me encurralando 

H: Que merda foi aquela ontem?

C: De qual delas você tá falando?

H: De todas, merda, por que você ignorou ela de manhã? Pra que deixar a Ana puta? E mais, por que insistiu depois de fazer uma cagada das grandes

C: Olha eu não sei, sei que ontem foi ontem e que o que rolou com a Marcela foi tipo amor de verão tá ligado? Agora voltamos pra vida real, não é mais filminho de romance

H: Se você amasse ela de verdade, sempre seria filme de romance e o mais perfeito

C: É, talvez eu não ame ela de verdade

H: Então talvez você devia pensar melhor antes de iludir alguém

Nessa hora, a Glória aparece do meu lado e pega a minha mão

G: Vamos pra sala?

C: Sim

Dou um selinho nela, mais pra provocar a Helena do que pra qualquer outra coisa, mas tenho que superar a Ma e esse é o melhor jeito possível.

Quando estou de costas, a Helena puxa o meu braço e me diz quase sussurrando

H: Espero que saiba o tamanho da merda q você tá fazendo

Me viro e volto a andar com a Glória pra minha sala, mas essa frase mexeu comigo, e se eu estiver fazendo merda? Não, não, a Marcela não me quis, a Glória quer, é assim que a banda vai tocar daqui pra frente.

Pessoa certa no momento certoOnde histórias criam vida. Descubra agora