Acordei com vários sons agradáveis, um deles era uma voz que falava algo que me fazia bem como era bom ouvir isso, eu resolvi ir até onde a voz vinha e lá vi uma chama dentro das chamas que tiravam a sede, era uma chama clara como a pequena chama, mas diferente, ela oscilava muito, eu precisava chegar perto. A voz dessa chama me acalentava, ela parou, deve ter me visto, desci para perto dela e tentei chegar mais perto.
Algo na minha cabeça não estava bem, eu não estava bem, era como se os meus pensamentos estivessem bagunçados, meu corpo começou a tremer, me senti muito mal, a cabeça girando e doendo.
- Você está ferido? Está bem?
Cheguei mais perto, e ela segurou a minha mão.
Ah, você não enxerga. Viu? Estou aqui.
Ela me segurou e cambaleei.
- O que foi, você deve estar com febre, não deveria entrar na água, venha.
Quase caí.
- O que você tem? Aguente firme!
- Hyakkimaru - a pequena chama me encontrou e a chama cinza também.
Me levaram para um lugar cheio de chamas pequenas como a que me acompanhava, eu queria apenas dormir, senti a pequena chama cuidando de mim, a chama cinza também estava lá.
- Eu nunca o vi tão fraco antes.
- Deve ser por causa dos ferimentos, mas ele recuperou muitas coisas dos demônios. Talvez esteja tendo dificuldades de se adaptar.A voz doce daquela chama se aproximou.
- Arranjei alguns tecidos antigos, mas estão limpos.
- Obrigado, Mio, não é? Desculpe-nos por darmos tanto trabalho.
- Não foi nada, por favor fiquem até ele melhorar.
- Podemos mesmo?
- Claro Dororo, há muitas pessoas aqui iguais ao seu irmão.
Depois disso peguei no sono e pelo menos por algum tempo consegui dormir. Esqueci um pouco das dores e dos sons. Pude entender pouco a pouco o que todos falavam. Mesmo eu não conseguindo saber o que eram todas aquelas palavras, mas as mais simples eu conseguia, meu nome é Hyakkimaru, a pequena chama era Dororo, a chama cinza era sacerdote e a voz doce, era Mio.
Ela conseguia me fazer sentir bem por poder ouvir, a sua voz enchia meu coração de paz, me deixava com felicidade.
Acordei com Dororo gritando, estava fazendo algo no chão.
- Vai vai vai, esfrega, esfrega, esfrega.
Depois Dororo parou e ouvi as vozes de outras pequenas chamas.
- Crianças parem de rir e ajudem Dororo. - Hyakkimaru como está se sentindo?
Senti um toque gelado em meu rosto que me fez tremer e voltar do mundo onde eu estava me escondendo.
- Ainda está com febre. Vou conseguir remédio para você esta noite.
Tentei toca-la mas ela já havia saído. Eu queria que ela continuasse perto de mim, por que tinha que ir embora?
- Hyanikin, logo o jantar estará pronto.
E o som das pequenas chamas voltaram a invadir a minha cabeça me fazendo querer voltar ao meu mundo de silêncio.
Lá de longe pude ouvir a melodia doce, eu queria poder ficar perto dela, era a única coisa que eu gostava de ouvir.
Voltei a dormir, no outro dia de manhã me sentei nas escadas e ouvi os sons que eram trazidos pelo ar, Dororo me explicou muitas coisas, como se chamava cada som, eram sons de pássaros e outros bichos da floresta, as pequenas chamas eram crianças, o velho sacerdote era Biwamaru, a voz doce era Mio, a chama que matava a sede era a água, a que preparava os alimentos e que ardia se tocar era o fogo. O fogo era quente e queimava, a água era fria, eu tremia quando estava com frio, o fogo ajudava a tirar o frio. As vozes podiam mostrar felicidade ou tristeza. Dororo estava me ajudando muito a entender tudo.
Aos poucos poder ouvir não estava mais se tornando um inferno, mas ainda assim eu não estava bem com tudo aquilo ao mesmo tempo, me causava estranheza e eu não me sentia bem com isso. Será que tudo que eu recuperasse seria deste jeito, ou esse seria o pior de todos?
Ouvi a voz da Mio.- O que você está fazendo aqui fora? Eu trouxe remédios, veja. Vou preparar para você.
Olhei para a chama , ela era um pouco diferente das chamas que eu costumava ver, e dessa vez parecia estranha, talvez triste.
- Que estranho, parece que você enxerga. Bem dentro de mim.- É ele enxerga, mas não como eu ou como você, ele vê a cor da sua alma.
Dororo se aproximou.
- Hyanikin não saia desse jeito, você me assustou.
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Hyakkimaru e Dororo.- Narrado por Hyakkimaru.
Fiksi PenggemarEsta é uma aventura do Anime Dororo narrada pelo próprio Hyakkimaru. O modo simples de se expressar quando ele vivia fechado em seu mundo silencioso, como ele sem saber falar, sem poder ouvir, ou ver conseguia organizar seus pensamentos sobre o qu...