Dororo doente

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Alguns dias se passaram, continuamos a nossa jornada. Senti que Dororo estava muito quieto, eu ainda estava descobrindo  os cheiros quando ele reclamou.

- Você  não  se cansa? Passou o dia cheirando coisas. Disse Dororo irritado.

Me aproximei de Dororo e o cheirei, o cheiro não  estava bom, ele se desvencilhou de mim e me empurrou, achei estranho ele cair no chão  tão  facilmente, mas logo se levantou. Íamos continuar andando quando ele caiu e não  se levantou, estaria se sentindo cansado? O peguei no colo e senti seu corpo muito quente, ele estava desacordado, Lembrei que já  estive assim e a sensação não  era nada boa. Tentei pedir ajuda, mas eu não conseguia  falar direito. Passei por uma pessoa que desviou de mim, outra pessoa estava parada e eu me esforcei  ao máximo e tentei falar aquilo que eu aprendi juntando palavras conhecidas.

-Dororo , corpo, quente.

- Me desculpe, ele deve estar doente e não  sou médico.

O homem foi embora, eu resolvi ficar com Dororo no lugar onde o Homem estava, senti que ali era mais fresco. Ficamos por algum tempo ali, eu não  sabia o que fazer por ele, nem como poderia pedir ajuda, eu estava me odiando  por não  conseguir falar, não  conseguia transformar o que eu penso em palavras, coisas que eu nunca tinha ouvido antes mas que eu sabia que existiam.

Uma chama se aproximou, era uma mulher, ela nos ofereceu ajuda, tentei dizer o que Dororo tinha.

Ela de pronto me entendeu e nos levou  a um lugar que chamava de templo. Fique aliviado por ter conseguido ajuda.

Deixei  Dororo aos cuidados dela e a seu pedido fui buscar água, quando retornei, ouvi Dororo contando a ela como foi a sua vida, como ele perdeu todos que o protegiam. Ouvi tudo aquilo e uma sensação  profunda de proteção  veio de mim, eu queria que Dororo fosse feliz que nunca mais ficasse sozinho.

Depois que Dororo parou de falar, a mulher falou comigo, tentei entender tudo que ela dizia.

- Não  sei qual é o parentesco de vocês, mas deve ser difícil viajar com uma garota tão  pequena. Rezo para que vocês  sejam abençoados nesta viagem.

De tudo que ela me disse eu entendi que Dororo  não era um menino como eu, foi o que eu entendi, eu sabia que haviam diferenças, Dororo uma vez tinha me explicado que existiram diferenças, homens, mulheres, esses eram os adultos, meninos e meninas esses eram as crianças. Dororo devia ter seus motivos para não  dizer o que era de verdade para mim. Eu iria respeitar isso. Esperaria ela me contar um dia.

E  ficamos 3 dias naquele templo, a mulher cuidando de Dororo, o limpou, lavou suas roupas, Quando Dororo se recuperou  voltamos para a nossa viagem. Eu estava feliz que Dororo estava bem. Era bom poder ouvir sua voz que não  parava nunca.

- Hyanikin, a freira disse que tive febre por 3 dias, mas eu não  me lembro de nada nestes dias. Obrigado por não  me deixar para trás.

Jamais eu abandonaria Dororo. Dororo era importante para mim.

- É mesmo, você  não  enxerga mas ela também  lavou as minhas roupas.  Viu? Não  estou mais cheirando mal. Espere aí,  então  ela tirou as minhas roupas, não  tirou? A freira disse algo sobre mim? Eu sei que está  ouvindo Hyanikin, me responde.

Mas eu não  tinha o que responder, apenas fiquei em silêncio  esperando que Dororo mesmo me confessasse que era uma menina, mas ela não  o fez e eu continuaria fingindo não saber.

Hyakkimaru e Dororo.- Narrado por Hyakkimaru. Onde histórias criam vida. Descubra agora