Voltamos a andar, Dororo parecia preocupada, tentei ignorar isso.
- Ei Hyanikin, o que você fazer daqui para frente?
- Matar demônios - respondi. Eu não queria falar sobre isso.
- Não, eu digo sobre o que o sacerdote disse, depois de derrotar os demônios e recuperar o seu corpo. Depois de tudo isso.
Eu não queria pensar sobre isso ainda, não sabia se iria conseguir ou não, se seria derrotado ou não.
- O que acha que eu deveria fazer? Eu simplesmente não sei.
Eu queria poder aconselha-lo, mas que sabedoria eu tinha? A pouco tempo atrás eu não sabia de absolutamente nada , cresci preso num mundo silencioso, e se não fosse aquele que me criou desde pequeno, me permitindo andar, me dando braços na pernas para explorar tudo, talvez eu nem estivesse aqui, e tudo isso por que fui dado, fui trocado por riqueza de terras.- Por favor compre um.
Ouvi uma voz feminina, era algo não vivo.
Dororo me alcançou.
- Por favor compre um.
Dororo gritou ele também viu algo.
Vi duas chamas, uma azul e outra amarela, eram duas assombrações.
- Eu imploro - dizia a voz cuja a chama azul sumiu, deixando na chama amarela.
- Hyanikin o que é essa coisa? - Dororo quis saber sobre a chama amarela.
- Não é um demônio. - respondi e continuei andando, a chama amarela nos seguia, segurava Dororo nos braços. Eu não podia intervir nesta chama, ela parecia ser algo puro, apesar de causar medo ou repulsa em Dororo.
Havia algo naquela região que estava me atraindo. Continuamos andando até chegarmos em um lugar abandonado. Dororo disse ser mais um templo entre tantos e que visitaremos. Estava queimado, mas daria para passarmos a noite ali sem nos molharmos, caso chova.
Andei pelo templo. A chama azul voltou a aparecer, parecia querer me mostrar algo, senti um cheiro novo que eu não sabia o que poderia ser. Passei a mão no chão havia algo ali que intensificava o cheiro.
Mostrei para Dororo e ela sabia o que era.
- Óleo? Por que tem óleo neste chão? Quer dizer que alguém incendiou este lugar?
A chama amarela voltou a segurar Dororo, parecia como uma grande criança que mal sabia falar, eu sabia que era inofensiva e até achei engraçado na maneira com que ela se afeiçoou a Dororo. Mas de repente a chama amarela sumiu completamente antes que uma estranha chama cinza surgisse.
- Quem diria que encontrariamos viajantes aqui. Vocês sao7 uma curiosidade e tanto. Acho que não sabem, mas é perigoso ficar aqui à noite. Tem uma assombração neste lugar.
Eu sabia que as únicas assombrações que estavam nesta área eram completamente inofensivas.
- Venham a minha casa se quiserem. Eu não gostaria de saber de pessoas que foram decoradas na minha aldeia.
Dororo pareceu se assustar com o Homem. Sua chama tinha tons de cinza com chamas vermelhas como as dos demônios, ele não parecia ser uma boa pessoa.
- O meu nome é Sabame. Sou senhor destas terras. Gostaria de ouvir sobre suas viagens.
Resolvemos aceitar o convite dele é o seguimos até sua casa.
- Hyanikin, - Dororo falou bem perto de mim, oara que o Homem não ouvisse - ele não é um monstro, é?
- Mas é suspeito - respondi, mesmo que fosse, eu iria até a morada dele. Quanto mais demônios eu encontrar, maiores as chances de eu conseguir encontrar aqueles que fizeram parte do pacto é que estão com partes do meu corpo.
As pessoas da aldeia comprimentavam aquele homem, pareciam gostar dele, pareciam ter respeito por quem ele era.
- Esta é a minha casa, entrem por favor. - disse o Homem.
Nos sentamos para jantar, o Homem mandou que tocasse uma melodia agradável. Dororo estava feliz por comer bem.
Tudo pareceu mudar quando Dororo perguntou sobre o templo incendiado.
O homem contou que pertencia a uma freira que escravizada crianças para depois vendê-las. E que o templo foi atingido por um raio matando todos ali.
- Lamentamos muito não termos feito nada. Mas é tarde demais para arrependimentos, sempre rezamos por aquelas pobres almas.
- E a assombração? - perguntei interrompendo o Homem, algo em tudo aquilo que ele estava contando parecia não ser verdade.
- É no que aquela freira se tornou. Acho que ela não pôde ir para o céu. Ela aparece toda noite e devora as pessoas que passam.
Eu sabia que ele estava mentindo.
- Sorte que não fomos um delas, graças à você.
- Fico feliz em ouvir isso- o Homem respondeu para Dororo. - já é tarde, vocês podem passar a noite aqui, não façam cerimônia.
Ele pediu que nos levassem para um dos quartos, era confortável e quente.
- Hyanikin, você acreditou em alguma coisa do que ele disse?
- Sobre a assombração da mulher, não. - eu sabia que Dororo devia pensar o mesmo.
- Hyanikin e sobre o templo ter sido queimado por um raio? Aquelas ,manchas de óleo mostram que alguém pôs fofo nele.
- Com o tempo veremos.
- Acha que algum demônio virá aqui? - perguntou Dororo puxando seu futon para mais perto de mim. Eu não estou com medo, sabe. Mas puxa essa casa é gelada. Deve ter uma corrente de vento.
Ficamos em silêncio por algum tempo, eu pensava em tudo que eu passei, senti algo se aproximando, Dororo acordou desesperada, Mas eu sabia o que era e enfrentei a criatura, consegui atravessar a espada, Dororo disse que parecia ser uma lagarta. A criatura deu um grande grito se contorcendo e as portas foram derrubadas por uma criatura maior é que podia voar, ela soltou algo que parecia ser um pó e em seguida fugiu.
Eu não tinha certeza de que aquele pó era venenoso ou não, nos lavamos no pequeno lago do jardim dos fundos da casa.
Nos lavamos.
-Hyanikin o que era aquela grande mariposa?
- Um demônio.
-- Ele levou a lagarta monstro embora, acha que veio salvar o filho?
Eu não sabia responder a isso, voltamos a dormir como se nada tivesse acontecido, combinamos que não falariamos nada sobre o que aconteceu com o Sabame.
Assim que acordamos, o Homem mandou que nos chamassem para tomar o café da manhã.
- Obrigado por nos servir o café da manhã também.
- Vivemos no campo, então nossa comida é simples. Mas fico feliz em ver que vocês descansaram bem.
- Descansamos bem, fazia muito tempo que eu não dormia tão bem a noite inteira. - Dororo mentia bem. -Se de quarto é muito bom. Bem silencioso.
- Fiquem o quanto quiserem. Temos quartos de sobra. Se não tiverem com pressa, fiquem mais algum tempo conosco.
- É muita generosidade nestes tempos difíceis.
Senti emoção na voz de Dororo. Tudo aquilo era bom, poder comer bem e não sentir fome. Nestes tempos de guerra poucos eram aqueles que tinham o que comer.
- Não sei de outros lugares, mas na nossa aldeia só existe paz. Não somos ricos, mas não nos faltam nada. Nós conseguimos viver assim. Graças às bênçãos dos céus.
A chama daquele homem continuava oscilando misturada com tons cinzas e vermelhos, ele tinha mortes nas costas, ele tinha algo com os demônios, será que ele assim como Daigo, fez algum pacto? Eu tinha quase certeza que sim.
Voltamos ao nosso quarto, Dororo estava de barriga cheia ficamos perto do lado, eu podia ver as chamas dos pequenos peixes que ali habitavam, era tranquilo e bem silencioso, mas meu coração há algum tempo não sentia tranquilidade, eu não conseguia dormir há algum tempo e senti que isto estava me fazendo pouco a pouco perder o controle sobre os meus sentimentos. Era uma luta constante poder manter a calma e não mostrar para Dororo o que eu estava sentindo naquele momento. Eu queria evitar mostrar sentimentos ruins, não queria ver Dororo triste.
- Eu estava pensando num jeito de convencê -lo a nos deixar ficar, nunca imaginei que ele nos convidaria.
- Não vou deixar que os demônios escapem. - eu disse sem pensar muito.
- Aquele grandão deve vir direto para cima de você da próxima vez. - disse Dororo correndo em volta mim.
- Seria bom. - eu respondi enquanto pensava em quanto eu queria poder sentir o que era poder tocar com mãos de verdade. Aquilo me corroída por dentro.
- Hyanikin, eu vou sair, falar com os moradores. Quero saber mais sobre a freira e o templo queimado. E você? O que quer fazer?
- Observar o Sabame.
- Estás bem, não faça nenhuma loucura. Talvez ele só esteja sendo manipulado. Ele é sinistro mas não se julga um livro pela capa. Tchau.
Não demorou muito e reconheci a chama que pertencia a Sabame, ele estava saindo de casa, resolvi seguí-lo. Ele andou por um bom tempo, adentrando numa floresta no alto de um morro. Segui-o até o topo, percebi pela ausência de chamas que ali era uma clareira. O sol estava quente, deveria ser de tarde.
- Este é o meu lugar favorito, daqui eu enxergo a aldeia toda. Eu nasci e cresci aqui, me tornei o senhor e aqui estou. Não conheço nenhuma outra terra. Sendo viajante, talvez você não entenda como é. A aldeia é tudo para mim. Aconteça o que acontecer eu protegerei essas terras. Vocês vieram para matar as assombrações que vieram aqui, não é?
- Certo. - confirmei. Senti que algo estava mudando naquele ar que nos envolvia.
- Eu não vou deixar- respondeu o Homem. Eles também são meu povo e devo protegê -los. Nossa aldeia já esteve nas garras do inferno, os samurais que escapavam da guerra e viravam ladrões, vinham e saqueavam a nossa aldeia pacata. Os campos eram destruídos por feras e insetos. Meu povo estava faminto e roubava uns dos outros. Foi no meio desse inferno que me deparei com elas. Se nos for permitido viver aqui, prometo proteger estas terras. Não me importei que fosse só de faz de conta, eu estava disposto a oferecer a minha alma para livrar o meu povo daquele inferno. Elas comeram os ladrões e mataram as feras. Cumpriram a promessa delas é nossa aldeia prosperou de novo. Eu a recebi em minha casa como a minha esposa. Deixe-me perguntar uma coisa Hyakkimaru. Por que você mata assombrações?Eu não queria esperar mais, tirei minha prótese e deixei a espada em meu braço à mostra.
- Não me importa a quem você tenta proteger. Vou matar os demônios, e pegar tudo de volta.
A chama do homem voltou a oscilar e era igual a chama dos Daigos.
- Igual... você é igual!
Dei dois golpes certeiros no demônio que estava prestes a me atacar de surpresa, ele realmente achou que a história daquele homem iria me distrair.
O monstro caiu no chão, o Sabame tentou socorre-lo. O empurrei dali com força, ele não iria me atrapalhar, eu iria acabar com aquele demônio e pegar de volta o que era meu. Eu não queria mais parar, quero de volta o que me tomaram.
Acabei com a mariposa menor e fui pego pela maior, ela me puxou para o alto e tentou me ferir no peito, consegui me libertar dela e cai. Tudo ficou escuro. Não sei quanto tempo fiquei desacordado. Dororo me encontrou, acordei e ele me explicou tudo.
- Hyanikin, foram os moradores, eles mataram a freira e as crianças.
Percebi um barulho estranho e um cheiro de fumaça.
-O que é aquilo?
- A aldeia esta pegando fogo. Fui jogado num alçapão num depósito. Aqueles insetos enormes vieram para cima de mim e quase me devoraram. Mas aquele fantasma gigante que parecia um bebê me salvou, e depois aquele bebê era o fantasma das criancas assassinadas. Esta me ouvindo Hyanikin?
- Sim.
- Encontrei óleo também , era o mesmo usado para incendiar o templo. Eu sei, por que o cheiro era igual. Cuidei para que não possam mais fazer isso. O fantasma das crianças me disse que o lago é o lugar onde a grande mariposa costuma se esconder.
- O lago? - tentei me levantar, mas a minha perna de madeira se despedaçou completamente. Deve ter sido ela que sofreu o impacto quando caí lá de cima, a perna que aquele que cuidou de mim fez, salvou a minha vida.
Eu não podia esperar mais, eu iria ao encontro deste demônio. Dororo me ajudou a improvisar uma nova perna com um pedaço de galho. Dentro dele preparei algo que pudesse dar cabo daquele demônio de uma vez por todas. Ascendia uma grande tocha e fui para o grande lago num barco, remei até chegar o mais longe possível das margens que eu via ao longe como pequenas chamas verdes e ali esperei pacientemente. Eu estava sem fôlego, minhas feridas estavam doendo, mas nada iria me fazer desistir, era aquele demônio ou eu e eu não estava disposto a perder, lutaria mesmo me arrastando. A grande mariposa surgiu de dentro do lado, aquele demônio me atacou, tentei cortá-lo com a Kataná em punho. Eu precisava das mãos naquele momento. A mariposa me levou para o alto voando depressa, eu tinha apenas uma chance. Antes que minha perna pegasse fogo. Puxei uma corda que fez vazar o óleo que estava armazenado na minha perna provisória, e com a fagulha de chama que estava no tronco, o óleo se incendiou ao encharcar o demônio que ardeu em chamas e me largou, eu caí na água, me esforcei para chegar até já margem. Assim que eu cheguei senti uma grande dor, as minhas costas doíam muito, senti expulsar a prótese que segurava a minha coluna e senti que meu tronco estava normal, com todos os ossos no lugar, recuperei mais uma parte do meu corpo, uma pena não ser um dos braços. Dororo me ajudou a levantar, me deu um galho para que eu usasse como apoio era difícil andar. Mas segui em frente. Enquanto andávamos ouvi choros, Dororo disse que a aldeia inteira foi destruída pelas chamas e que as pessoas perderam as suas casas.
- Hyanikin isso aconteceu por que viemos aqui não foi? Isso tudo foi por nossa causa.
- Não é da minha conta. - respondi com raiva.
- Você só pensa em matar demônios. Diga alguma coisa! Isso não está certo. Isso só fará de você um deles.
Continuei andando, as lembranças ruins vindo em minha mente e eu só repetia o mantra.
- Não é da minha conta.
Até porque a lembrança da minha mãe se machucando, me fez parar. Senti o silêncio, olhei em volta. Não vi mais Dororo.
- Dororo?
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VOCÊ ESTÁ LENDO
Hyakkimaru e Dororo.- Narrado por Hyakkimaru.
Fiksi PenggemarEsta é uma aventura do Anime Dororo narrada pelo próprio Hyakkimaru. O modo simples de se expressar quando ele vivia fechado em seu mundo silencioso, como ele sem saber falar, sem poder ouvir, ou ver conseguia organizar seus pensamentos sobre o qu...