CAP. 18 - A LOJA DE CHAPÉUS

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                   *12 horas para o baile*

Hoje é o dia do baile. Acabei de acordar e estou nesse exato momento com a minha escova de dentes na boca... Essa foi uma curiosidade do meu dia não muito importante, mas tem uma explicação para eu estar tão… não sei.

Talvez eu esteja muito animada ou só ansiosa mesmo. Até porque hoje é o dia, o dia do baile. Vou terminar de escovar meus dentes e me arrumar para sair correndo para a casa do Kai. Fiquei de pegar ele em cinco minutos e eu ainda nem tirei meu pijama. Ainda tenho que colocar comida para o Tob antes de sair…

Eu sei, eu tô muito atrasada, mas não foi culpa minha. EU NÃO TENHO culpa do despertador ficar fazendo barulho enquanto eu quero dormir em paz...
Talvez esse seja o propósito do despertador.
  
  O que eu tô fazendo escrevendo aqui ainda???
  
  

Estava quase chegando na casa do Kai.

  — Bom dia — Kai gritou de longe enquanto eu caminhava em direção à casa dele.
  — Bom dia esquisito.
  — Pelo menos eu sou um esquisito pontual, não é senhora: "não esquece de colocar o despertador"
  — Eu não sei o que aconteceu… O despertador não tocou.

  Finge que eu disse a verdade.

  — Uhm, ele só resolveu não tocar logo no dia que ele precisava tocar?
  — Sim?
  — Ah. Eu preciso te di-dizer que...
  — Vamos logo. Nós não vamos ter um chapéu decente para o baile. E ainda precisamos escolher um que combine pelo menos alguma coisinha com o do outro. Imagina a gente compra, sei lá, um rosa com bolinhas e um preto com listras? Eu preferiria ficar em casa.
   — Mas, por que você tá tão preocupada em combinar os chapéus? Eu achava que quando a gente chegasse lá, você nem iria chegar perto de mim. Eu já estava até planejando ficar sentado naquele lugar que os professores sempre ficam olhando para a nossa cara quando estamos fazendo qualquer coisa no pátio.
   — É… é só por precaução. Vai que eles queiram tirar fotos de todos os pares na festa? A gente precisa pelo menos estar apresentável. Eu sei que a gente não vai participar do concurso dos chapéus, mas não custa comprar um bonito.
   — Então é melhor a gente ir logo. Daqui a pouco a gente tem que se encontrar na escola para terminar de organizar todo o resto.

  Na loja:

Tinha muitos chapéus. Tinha de todas as cores, formatos, estilos possíveis ou até mesmo impossíveis. Enquanto eu estava olhando todos aqueles chapéus malucos, acabei encontrando um muito… como posso dizer? Perfeito para o Kai.

   — Ei, vem aqui. Encontrei um perfeito para você. Fecha os olhos e eu vou colocar na sua cabeça, quando eu contar até três… você abre os olhos e olha aqui nesse espelho.
   — Você encontrou um perfeito para mim? — fechou os olhos desconfiado e andou quase caindo em minha direção.
  — Prontinho — coloquei o chapéu nele.

  Quando ele abriu os olhos e olhou para o espelho… ERA UM CHAPÉU DE BANANA. Eu não me aguentei, comecei a rir igual uma louca e ele ficou olhando para mim com um olhar meio curioso… MAS AQUELE CHAPÉU era perfeito para ele. Eu acho que combinou super, só faltava a roupa de banana.
  
  — Oh, eu não acredito que você me enganou —  Riu da minha cara.
  — Diz se tu não gostou? Ficou perfeito.
  — Eu amei. Eu tô parecendo o cara daquele desenho de quando eu ficava até tarde na sala só para assistir os desenhos da madrugada.
  — Não tenho ideia de que desenho você tá falando, mas eu acho que você deveria aderir esse chapéu.
   — Ah, lembrei que eu tinha visto um chapéu que tem tudo a ver contigo. Espera aí.

  Ele foi buscar o chapéu lá do outro lado da loja enorme que dava três do meu quarto alí dentro.

   — Pronto peguei. Agora fecha o olho e faz a mesma coisa que disse para eu fazer.
   — Tá bom. Espero que não seja um chapéu feio, até porque o seu é o mais lindo que tem nessa loja.

  Eu estava andando até que de boa de olhos fechados, até que eu esbarrei em uma prateleira e… meio que… ele me segurou. Eu conseguia sentir a respiração dele, estava morrendo de vergonha, mas pelo menos eu estava com os olhos fechados. Eu estava tão desesperada que nem lembrei de abrir os meus próprios olhos.

   — Adi? Pode abrir os olhos...
   — Eu? Eu… vou abrir.
   — Então abre?

  Abri os olhos e a gente estava na mesma posição de que ele me impedira de cair e bater a cabeça na quina da prateleira e provavelmente ter traumatismo craniano. Levantei como se nada tivesse acontecido e vi o chapéu que ele tinha buscado.
  
  — Eu não acredito. Um macaco com uma banana na mão? Por que sempre tem que ser a ver com uma banana? Não podia ser um unicórnio?
  — Eu não sei. Talvez nosso destino seja ir com esses chapéus de bananas.
  
   A gente se olhou, depois olhamos para os lados, e do nada começamos a rir igual doidos no meio da loja, quando percebemos que os outros clientes estavam olhando com uma cara de deboche pra gente, tentamos segurar a risada, mas aqueles chapéus ridículos eram... MUITO RIDÍCULOS. Acho que a dona da loja quase chamou o hospício.

A gente acabou comprando outros chapéus, mas aqueles de banana estavam nos chamando.

Resolvemos comprar eles também. Pelo menos estavam de promoção.

 
  — MEU DEUS— gritei
  — MEU DEUS, A HORA!

  A gente correu mais do que todos  carrotores no meio da rua. Olhamos um para o outro e decidimos ir de ônibustor para a escola, já que ainda tinha uns quatro quarteirões para chegar lá. Entramos e sentamos um ao lado do outro como se o mundo tivesse acabando e se a gente não chegasse na escola a gente morreria.

   Chegando na escola, a professora disse que todos já tinham quase acabado tudo e iria descontar pontos de nós dois por chegarmos totalmente atrasados. A nossa cara pálida já dizia tudo.

Estávamos encrencados.

Nossos amigos... ou pelo menos os meus, iam me matar.

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