CAP. 22 - EU PERDI MINHAS AMIGAS?

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   Acordei e demorei séculos para recapitular tudo que tinha acontecido ontem, quase esqueci que o Kai estava com raiva de mim. Fui mandar mensagem para a Bab, mas lembrei que ela também não quer falar comigo, então fui mandar mensagem para a Kim, mas eu não poderia falar assim na cara dura que fui com o Kai para o baile. Eu estou completamente sozinha. O melhor de tudo isso? É que tudo isso é culpa daquele esquisito, se não fosse por ele, minhas amigas ainda falariam comigo e eu não estaria… ASSIM. Eu tenho que falar com a Bab, não posso perdê-las de uma hora para a outra sem nem ter um motivo sensato.
   Tomei banho e me joguei na cama de novo, pronta para mandar uma mensagem para a Bab, mas com receio dela ignorar ou começar a falar tudo que eu fiz de errado. Eu sei que ela está assim por causa da Kim, eu sei que eu não deveria ter ido para o baile com aquele idiota… Era tudo que a Kim queria, mas como não pôde, a melhor amiga dela resolveu "convidar" o crush dela. Eu sou muito idiota em achar que daria certo algo assim. Eu nem ligo mais para aquele pódio sem sentido que aquela escola mais sem sentido ainda faz, aquilo é tortura! Imagina só, a pessoa luta sempre para ficar em 1° e chega lá alguém do nada que nem estudou, mas por um milagre acertou todas as questões da prova, DANE-SE SEUS MESES DE ESTUDO. Alguém precisa mudar esse modelo de incentivo, uma idiotice. Voltando ao que importa, eu devo mandar mesmo essa mensagem? Até acho que é uma boa.

                "Posso falar com você?"

   Até parece que ela iria me responder.



          "Talvez… Me encontre na praça"

  É. Ela me respondeu. E se ela contratar uma gangue para me matar? Ela não faria isso… ou faria? Se me matarem, eu morro. Não há dúvida.

Tá bom, eu já tô indo.

  

   Quando cheguei e sentei em um banco sujo de… não sei ao certo, uma ventania começou e meu cabelo ficou todo bagunçado. Mas nada da Bab aparecer. Enquanto isso, coloquei minha playlist de músicas depressivas… Tô zoando, eu sou diferente desses adolescentes que fingem depressão para serem "descolados". Como que alguém pode romantizar doenças? Então, coloquei minha playlist super animada, eu sei, também não é para tanto. Mas quando eu comecei a cantar um pouco alto demais, a Bab aparece e eu fico sem ter onde enfiar a cara de vergonha.

  — Oi? 
  — O-OI, e-eu só tava…
  — Fazendo um show no meio da praça? — a Bab disse enquanto tinha um ataque de riso.
  — Então, uhm… Você disse pra Kim?
  — Não, mas ela já sabe. Esqueceu das fotos que apareceram na tela? Elas foram postadas e… ela curtiu.
  — Ai MEU DEUS, é verdade. As fotos.
  — Ela não falou mais nada comigo depois da festa. Provavelmente ela esteja chateada. Só para você saber, eu não estou com raiva e nem nada de você, mas estou muito preocupada com a Kim…
  — Fiquei com medo de você não querer mais falar comigo, mas não sei o que fazer com a Kim. Ir para o baile com o crush dela, é tão ruim mesmo? Ele tá até com raiva de mim, por alguma coisa, acho que nem vamos mais nos falar, então não tem motivo para ela ficar chateada, né?
  — Eu realmente não sei, isso depende dela. E eu vi quando ele saiu andando pela rua sozinho. Na hora que eu ia falar com você, a diretora me chamou para ligar o som novamente depois que o Jey praticamente "roubou" o microfone dela. Fiquei com vergonha de te ligar depois.
  — Ah, então foi isso. Fico realmente muito aliviada de saber que pelo menos você não se afastou de mim. Eu não sei o que vou dizer para a Kim na terça...
  — A gente vai ver um jeito de explicar tudo sem ela ficar com raiva da gente. Queria te perguntar uma coisa também…
  — Acho que já tá na hora de ir para casa, tenho o trabalho de ciências para fazer para amanhã — eu disse interrompendo o que ela iria falar.
  — Ah, Eu ia te chamar para ir dormir na minha casa. A gente poderia até fazer o trabalho juntas…
  — Uhm, espera aí. Isso parece uma proposta irrecusável. Vou buscar minhas coisas e avisar para meu pai. Me espera aqui.

 Depois de 20 minutos demorados:

 — Que demora. Eu tava quase indo embora — Bab disse enquanto eu ia em direção à ela.

  Minha mochila cheia de roupas, jogos, comidas, livros e atividades estava muito pesada. Demorei muito tempo para chegar até a praça com ela nas costas, mas acho que esqueci alguma coisa em casa…
  
 — Ok, vamos logo. Daqui a pouco minha vó me liga achando que eu fui sequestrada no meio do caminho.
 
  Como ela mora relativamente perto da praça, fomos andando. A mochila tava tão pesada que tivemos que intercalar o tempo que iríamos ficar com ela nas costas. 

  

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