Ficamos assistindo várias séries e filmes até 0h. A gente ria, chorava, ria, ficávamos indignadas com os personagens e quase, por pouco, não acordamos a vó Pat. A Bab disse que se a gente acordasse ela, com certeza, não seria nada legal. Jogamos jogos no óculos de realidade virtual da Bab, a verdade mesmo era que os óculos eram do Zac. A Bab entrou escondida no quarto dele e pegou emprestado sem ele saber. Espero que ele não perceba.
- E agora? O que vamos fazer? Talvez uma partida de dominó? Por favor...
- De jeito nenhum. Até minha vó acha careta.
- Você tem outra ideia? Ainda acho melhor a gente jogar dominó. Eu trouxe um novinho na minha mochila.
- Tenho certeza que qualquer coisa que eu falar vai ter dentro da sua mochila.
- Tenta - desafiei.
- Uhm, deixa eu ver... Uma garrafa d'água.
- É óbvio que sim - Eu disse tirando uma linda garrafinha dourada da mochila.
- Óbvio? Será que você sabe que aqui em casa existe água? Deixa eu ver outra coisa... UM OSSO DE CACHORRO.
- Toma! É sempre bom se previnir. Vai que algum cachorro bravo invade sua casa? Um osso é uma bela distração - joguei o osso na mão dela.Ficamos nisso por quase uma hora. Ela pediu um massageador de dedos, e eu tirei um da mochila. Ela pediu uma caneta com todas as cores do arco-íris, e eu também tenho. Ela até pediu um casaco autografado por um famoso... também tenho. Minha tia me deu ele quando eu tinha quatro anos, mas eu nem sei que banda é "As maravilhosas do pedaço", inclusive, um péssimo nome. Mas quem sabe apareça uma criança com frio?
- E se a gente jogar verdade ou desafio? Só que sem desafio? - Bab saltou da cama e sugeriu quase gritando.
- Então, só verdade? Mas nós somos duas.
- Ah. É só a gente fazer perguntas uma para outra mesmo.
- Não, assim é sem graça. Que tal a gente escrever perguntas, dobrar elas, colocar em um pote e sortear?
- Ok, a outra lê a pergunta para a que vai responder. Pega aquele pote alí! - apontou para o canto da escrivaninha totalmente bagunçada.Cada uma escreveu cinco perguntas diferentes. Chacoalhei o pote e coloquei entre nós duas no tapete em frente da cama da Bab.
- Você primeiro.
- Eu não... Tá bom, eu vou.Peguei o pote com um leve medo do que ela poderia ter escrito nos papéis. Fechei os olhos e peguei o primeiro papel que toquei.
- Abre os olhos. Você já pode abrir os olhos.
- Já abri, calma. Pega, lê aí - Entreguei o papel ainda dobrado para ela.
- Deixa eu ver. Essa foi eu.
- Ah não...
- "É verdade que você ainda é..."
- Sim, próximo - Interrompi.
- Você nem deixou eu terminar...
- É muito óbvio o que tá escrito. Olha sua cara.
- Af, minha vez - pegou o pote e ficou uns segundos mexendo a mão entre os papéis como se adiantasse alguma coisa - Pronto, acho que essa deve ser uma boa - Me entregando o papel.
- Eu que escrevi essa. "É verdade que você já tirou nota baixa?"
- EU NÃO ACREDITO. Enquanto você pode saber qualquer coisa sobre mim, você pergunta isso? Depois diz que eu sou óbvia. Sua vez e agora eu tenho certeza que vai sair uma pergunta especial que eu fiz - Disse com uma cara estranhamente maliciosa.Novamente, peguei o pote e tirei a primeira pergunta que toquei. Não deu outra, a cara dela já dizia tudo. Era a pergunta especial.
- "É verdade que você tem uma queda pelo Kai Sparks?" - leu separando todas as sílabas para não ter como eu fingir que não entendi.
- Óbvio que não. Pera, você escreveu essa pergunta especialmente para mim. Se caísse para você não teria sentido. Você precisa dormir.
- Você fez. Eu sabia.
- O quê? Fiz o quê? Do que você tá falando? Você precisa dormir urgente.
- Está vendo? Tá falando muito rápido e toda estressadinha. Você só fica assim quando tá nervosa. Como vai contar para a Kim?Congelei por instantes. Eu realmente ficava falando muito rápido ou "toda estressadinha" quando estava nervosa? Mas eu não estava nervosa agora. Eu não gosto do Kai Sparks.
- Não vai falar nada?
- Eu... eu...
- Então eu vou dormir. Você que disse que eu precisava dormir urgentemente. Boa noite, Adi - Bab deitou na cama e dormiu como mágica.Por que aquilo foi estranho? Eu parecia confusa, mas eu tenho certeza do que eu...
Eu também preciso dormir urgentemente.
- Boa noite.
Alí acabava nossa festa do pijama. Com um clima tenso... ou pelo menos eu achava.
- Psiu! Psiu! Adi, tá acordada??
Eu tava ouvindo coisas? Da onde estava vindo aquela voz? Da Bab não era.
- Acorda!! - A voz continuou em um sussurro.
É. Com certeza eu estava enlouquecendo. Chega eu me arrepiei toda. Deve ser só coisa da minha cabeça. Eu realmente preciso dormir.
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DIÁRIO DE UM MUNDO VIZINHO
Ficção AdolescenteAdi Connor mora em um planeta não muito diferente do nosso, lá ela tem uma vida como qualquer outra garota da sua idade. Mas quando ganha um diário de sua avó, as coisas começam a mudar. Entra um garoto novo em sua sala e traz junto com ele muita co...