CAP. 17 - QUE GAROTO ESTRANHO

13 4 0
                                    

               *um dia para o baile*

Eu não acredito, ele veio aqui em casa... ELE TÁ AQUI EM CASA. O pior é que a minha mãe amou ele... Toda hora ela comenta sobre qualquer coisa só para que Kai Sparks não vá embora logo.

Tô aqui trancada no quarto há umas DUAS horas esperando a hora dele sair da minha casa e eu conseguir respirar normalmente. Não aguento mais respirar o mesmo ar que aquele garoto. Parece que sempre que meu meu dia tá indo lindamente... PÁ! alguma coisa relacionada ao Kai surge do nada. Quando estou estudando: a Kim me liga para falar sobre Kai Sparks e como ele é lindo. Quando estou comendo minha sopa de letras: o nome do Kai se monta sozinho com as letrinhas, mas isso não vai acontecer mais... Eu fiquei três horas da minha vida separando todas as letras do nome dele e dei para o Tob comer, resolvido. Quando estou na escola: lá vêm o Kai Sparks me lembrar que eu tenho que cumprir com o meu acordo sobre o primeiro lugar e o baile.

Inclusive, o baile...

Já é amanhã. Eu ainda tenho que decidir qual vai ser o meu chapéu. Eu acho que não escrevi aqui que os bailes da nossa escola são tão conhecidos, principalmente, pelos chapéus. Todo aluno, funcionário, professor e etc, precisam ir com um chapéu, até tem um concurso da rainha e o rei chapéu. Os alunos votam para o aluno que foi com o chapéu mais bonito para a festa, mas para isso, as pessoas que querem participar precisam se inscrever um dia antes do baile e eu não sei se vou. Provavelmente não iria ganhar, até porque nem escolhi um ainda, mas vou pensar em me inscrever para incentivar as pessoas a se inscreverem também, já que sou uma das organizadoras da festa...
O meu vestido é muito lindo. Eu escolhi um verde bem claro, com brilhos nas pontas, bem chique. Pensando por um lado, meu vestido até combina com o cabelo do Kai... NÃO que eu me importe com isso, nada a ver. Tomara que ele vá com uma roupa arrumadinha e não com o moletom de sempre dele, não vai combinar nem um pouco com o meu vestido. Talvez mais tarde eu passe na casa dele para ver qual vai ser a roupa que ele vai usar, vai que ele me manda uma foto e a câmera dele é ruim, bem melhor eu ir conferir de perto, para não ter enganos de última hora. Além de ver se o chapéu dele não é tão colorido e chamativo para não ficarem olhando para a nossa cara toda hora.

Três horas depois, peguei minha bolsa e fui para a casa dele.

Exatamente, estou aqui na casa dele.

Quando cheguei, bati na porta umas cinco vezes, mas ninguém atendeu. Já estava quase indo embora, não aguentava mais esperar a boa vontade do santo Kai abrir pra mim. Do nada ele aparece na janela mais alta da casa com uma espécie maluca de um elevador:

  — E aí? Gostou da minha mais velha invenção?
Além de desenhista amador e observador de tudo e todos, é também um inventor? Esse garoto é muito estranho.
  — Desculpa pela demora, eu estava penteando meu cabelo... ele tava muito... bagunçado - Completou enquanto eu ainda tentava entender aquela geringonça.
 —Mas você tem certeza que esse... negócio não vai cair comigo dentro?
- Quanto você pesa?
- É sério que você está perguntando isso pra mim?
- Vai logo! É só para saber um negócio aqui...
- 59 pins.
- Ah, então pode subir - Disse supostamente aliviado.

Entro dentro do estranho elevador, com receio de cair, é claro.

- Ok, mas quanto esse "elevador" suporta? - Falei enquanto ele puxava o elevador comigo dentro.
- Espera aí, estamos quase. Pronto chegamos ao meu quarto... não se preocupe, eu já disse para a minha mãe que você ia entrar pelo quarto.
- Finalmente. Calma, você ainda não me respondeu...
- AH, verdade... ele suporta 50 pins - Disse e saiu correndo do quarto.
- Eu poderia ter morrido, perdido uma perna, um braço ou pior... DOIS BRAÇOS E DUAS PERNAS. Eu não acredito que você vai me ignorar assim.

Tirando isso, eu achei a casa dele bem legal, tem uns desenhos espalhados por aí, eu não entendo o significado de nenhum, mas... sei lá! Deve ser conceito. Enquanto eu escrevo, ele foi vestir a roupa dele lá no banheiro. Só me resta sentar e esperar.

Um tempo depois.

- Você tá bem? Já passou uns 50 anos que você está aí vestindo uma roupa.
- Eu já coloquei... mas eu tô com vergonha - Eu não sabia se ele tava sendo irônico ou falando a verdade.
- Do quê? Comprou uma fantasia de banana de vez um terno?
- Não brinca com isso, eu fui de banana no halloween do ano passado, em homenagem ao meu animal de estimação.
- Animal de estimação... Você tem um macaco? Tipo, um macaco? Nunca ia me dizer?
- Você nunca me perguntou...
- Tá, mas cadê a roupa? É sério que eu vou ter que ir aí para poder ver esse terno de uma vez por todas? Inclusive, você já escolheu o seu chapéu?
- Chapéu? Que chapéu? - Ele apareceu na porta do quarto.
- O chapéu do baile, todo mundo tem que ter...

Digamos que nesse momento, eu... fiquei sem palavras, mas acho q foi a ventania que entrava pela janela, por isso o arrepio...

- Gostou? - Disse com aquele tom de provocação.
- E- eu... eu gostei, ficou ótimo em você, não que ficaria feio em outra pessoa, mas acho que até que ficou bom em você, sabe? - Talvez eu disse gaguejando...
- Obrigado então, Adizinha.

Adizinha...

Não ficou um clima estranho, não pense errado. Ele devia estar com frio também, a janela estava muito aberta.

- Ok, amanhã eu passo bem cedo para a gente ir comprar o chapéu. Agora eu preciso ir, não esquece de colocar o despertador - Eu disse descendo as escadas e enquanto saía pela porta da frente da casa.
- Espera, desce de elevador!

Eu não respondi, ele deveria estar querendo me matar falando para eu descer em uma geringonça que nem me aguenta.

DIÁRIO DE UM MUNDO VIZINHO Onde histórias criam vida. Descubra agora