QUERIDA | Margot Russel é uma moça britânica cheia de sonhos e estudante de literatura em Londres. Ao perder o emprego ela começa a cogitar a ideia de largar o curso e voltar para sua cidade, porém, um novo trabalho surge e a faz mudar de ideia. Mar...
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☆ MARGOT RUSSEL ☆
Meus pais sempre me dizem que era complicado lidar comigo quando criança. Sempre fui muito ansiosa, para qualquer coisa que fosse, desde uma ida à casa da minha avó até uma apresentação de música na escola. Não sei o que acontecia comigo, eu só ficava um pouco perturbada, criando paranóias e imaginando o que poderia dar errado, talvez derrubar o vaso favorito da vovó ou, sei lá, desafinar na frente dos outros. Os sintomas eram: agitação, ondas de calafrios, mãos suando e um falatório insuportável para os que estavam por perto. Minha mãe ficava um tanto irritada com essa atitude, brigava comigo, mas eu tinha meu pai e Lucy para acalmar nós duas.
Confesso que não mudou muita coisa.
Se o chão da sala afundasse agora mesmo não me surpreenderia, afinal, estou a um bom tempo caminhando de um lado a outro no cômodo. A cada minuto checo o celular para ver se alguma mensagem ou ligação chega, mas nada.
— A quanto tempo você está nesse ritmo? — Harry aparece na sala.
— Eu não sei, talvez... desde de manhã? — respondo rápido.
Ele olha para o relógio na parede, está marcando uma da tarde.
— Meu Deus Margot! Pra quê isso? Calma!
O garoto me puxa para sentar no sofá e senta ao meu lado.
— Respira mulher!
— Já estou fazendo isso!
Harry revira os olhos, ele vai até a cozinha e pega um copo com a água e me entrega. Tomo todo o conteúdo rápido e acabo engasgando. Com isso, meu primo começa a rir.
— Por que está rindo?
— Ainda pergunta? Olha como você está desde ontem! Tudo isso por causa de uma ligação. Só me resta rir mesmo.
Dessa vez quem revira os olhos sou eu, cruzo os braços em frente ao corpo e solto um suspiro audível e prolongado.
— Quando tiver procurando um emprego, você vai entender, Harry.
— Me desculpa então. — o sarcasmo é nítido em seu rosto, ele ainda está rindo.
O garoto liga a televisão, em um dos canais está passando um programa qualquer, então Harry começa a procurar um filme ou série.
— Pra não dizer que não estou tentando te acalmar, vou te deixar escolher o que assistir.
Me sinto bem ansiosa ainda, mas acabo aceitando a sugestão. Ele me entrega o controle, ajeito a postura e sorrio porque já tenho uma certa ideia do que colocar.
