19 || Ressaca

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— Me diga que essa casa enorme tem remédio para explosões dentro da cabeça

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— Me diga que essa casa enorme tem remédio para explosões dentro da cabeça... — Resmungo, sentindo dor até na alma. Atena estava deitada no sofá, com uma bolsa de gelo na cabeça e parecendo dormir, enrolada em seu cobertor. Acho que não iríamos treinar hoje. Amém!

Busco por algum remédio, mas acabo não encontrando. Olho para o lado de fora da casa, vendo Yuri treinando sozinho com sua espada. Ele estava sério e algo me dizia que seu humor estaria péssimo, pior do que o normal.

Caminho para fora da casa, me sentando em um branquinho de madeira, observando Yuri treinar, mas ele logo notou minha presença, parando o treino e guardando a espada.

— O que foi? — Questionou, com um tom seco.

— Nada... Só não achei remédios na cozinha para dor... — Murmuro e Yuri suspira, me olhando com o olhar estreito. Credo, parecia que ele queria me matar.

— Não se lembra de ontem à noite? — Balanço a cabeça.

— Não. Eu nunca lembro. Fiz muita besteira? — Questiono, o encarando. Ele desviou o olhar, voltando a treinar.

— Fez. Mas esquece isso... — Ditou, e eu apenas assenti. — Onde está a Atena?

— Dormindo no sofá... Ela não parecia nem um pouco bem... — Murmuro.

— Nem um de vocês estão! — Acusou, suspirando pesado. — Eu vou comprar alguns remédios para vocês... — Balbuciou, o que me fez sorri.

— Posso ir junto? Não aguento mais ficar em casa.

— Não! Esqueceu que está sendo procurado pela polícia?!

— Mas é de outro País, eles não sabem que viajei.

— Melhor prevenir...

— Por favor! Se eu não sair ao menos um pouco eu vou enlouquecer, Yuri! — Imploro e ele logo revira os olhos, me olhando impaciente.

— Você é tão insistente! Tudo bem, vamos logo. Vá vestir algo decente. — Ditou, o que me fez sorri, correndo até o meu quarto, tirando meu pijama e procurando por uma roupa confortável. Vesti uma calça negra, uma camisa azul e uma jaqueta jeans por cima, já que o tempo estava mais frio hoje. Por um acaso, olho para o chão ao lado da minha cama, avistando um casaco na qual não me pertencia, e lembrei de que já vi Yuri o usando um deles. O que o casaco dele estava fazendo no meu quarto?!

E como adagas, as lembranças da noite anterior foram me atingindo com força, me assustando ao lembrar de tudo. Eu beijei Atena... eu... toquei o Yuri... eu também o beijei.

CARALHO, COMO ISSO ACONTECEU?!!

Balanço a cabeça ao ouvir Yuri gritando por mim no andar debaixo. Mesmo que agora eu estivesse queimando de vergonha só de pensar em olhar para ele ou para Atena, desci as escadarias, saindo de casa e o encontrando já arrumado, em uma bermuda e camisa preta, como sempre.

— Vamos logo. Também precisamos comprar algumas coisas para casa. — Yuri ditou, e então fomos caminhando até o mercado mais próximo. — Só o essencial! — Yuri cortou minha alegria, ao ver que eu já ia me aproximando da sessão de doces. Faço bico, o acompanhando. Ele logo pegou um carrinho, me entregando para ficar empurrando enquanto ele colocava o que precisava nele.

Não precisamos de tanto cereal... — Congelo ao ouvir a voz atrás de mim. Sem pensar, puxo Yuri para minha frente, ficando encostado em uma prateleira, fazendo Yuri o meu escudo.

— O que está fazendo?! — Questionou, tentando sair, mas o segurei rapidamente pelos braços.

— Por favor... Espera só um pouco... Tem uma pessoa aqui que não pode me ver... — Sussurro, assustado. Ele me olhou confuso, mas ficou parado. Tento olhar por cima do ombro de Yuri, e logo confirmo o meu medo, sentindo meu coração disparar em fração de segundos e a tristeza me assolar, e rapidamente me encolho, escondendo o rosto no peito de Yuri, sentindo as lágrimas caírem involuntariamente.

— Isaac... Por que está chorando? — Yuri questionou, em um tom baixo. Balanço a cabeça, não querendo falar, nem ao menos conseguindo.

— Só... espera um pouco... — Balbucio, entre soluços, tentando me acalmar. Depois de alguns minutos, seco minhas lágrimas, olhando em volta, não vendo mais ninguém além de Yuri e eu. Respiro fundo, vendo Yuri me olhar pacientemente, esperando eu me acalmar.

— Está melhor? — Questionou e eu assenti, vendo ele se afastar. — O que aconteceu?

— Ah... eu só... Vi alguém que eu não esperava encontrar... — Balbucio, abraçando meu próprio corpo, um tanto quanto desconfortável.

— Melhor terminarmos logo essas compras e sairmos daqui. Eu disse que era uma péssima ideia você vir. — Ditou, e eu apenas suspirei, sorrindo levemente para ele.

— Não foi ruim a viagem. Eu gosto de caminhar... Mas... não imaginei que o mundo fosse tão pequeno... Bom, vamos logo... — Ele assentiu, e então voltamos para as compras. Felizmente não encontrei a pessoa que vi agora há pouco.

— Obrigada, voltem sempre. — A atendente falou assim que Yuri terminou de pagar as compras. Pego uma sacola mais leve e ele a outra, e abandonamos o mercado, retornando para casa.

Eu preciso treinar mais... Não posso continuar sendo um inútil...

Olho para Yuri, ele parecia calmo.

— Quando eu melhorar da dor de cabeça... podemos treinar? — Questiono e ele me encara com surpresa.

— Você está mesmo me chamando para treinar? — Questionou, tocando minha testa, como se checasse minha temperatura. — Melhor te levar ao hospital! — Ironizou, rindo.

— Olha, ele sabe fazer piadas! — Brinco, rindo junto. — Mas estou falando sério... podemos?

— Claro. — Sorrimos e então seguimos o restante do caminho conversando sobre coisas aleatórias e divertidas, tirando o sentimento ruim que me torturava há poucos minutos atrás. Descobri nesse passeio curto o quanto Yuri pode ser um cara legal e descontraído. Ele só precisava se sentir confortável para isso.

Valeu à pena...

LIGAÇÕES PERIGOSAS - Amor em dose tripla (POLIAMOR) Onde histórias criam vida. Descubra agora