─ Bom dia, Mari. ─ a Renata surgiu na recepção. Ainda bem que ela chegou, estou muito cansada. Essa semana trabalhei mais que uma condenada, me desdobrei entre o trabalho aqui no hospital e as encomendas de bolo. Aos poucos vou tendo novos clientes e já consigo ter um pouco mais de folga no fim do mês.
Passei algumas coisas pra ela e logo depois já estava lá fora respirando. Imaginava a minha cama depois de tomar um banho. No meu celular tinha umas mensagens dos meus irmãos avisando que já estavam na escola. Eu sempre pedi que me avisassem. Fico preocupada e quando eles dizem onde estão me tranquiliza muito mais.
Ainda liguei para saber como o meu pai e ele disse que se sentia ótimo. Fiquei feliz por ele está melhor. Fico tensa e perco noites de sono pensando em um jeito de trabalhar mais pra cuidar deles. Não tenho vergonha de dizer que a minha família está acima de tudo, inclusive, acima das minhas necessidades.
─ Oi, gatinha.
O Bruno andava ao meu lado. Fingi que não ouvi e continuei caminhando. Não queria conversa com esse idiota. Passei uma noite trabalhando, vendo as pessoas chegarem doentes outras a beira da morte, me sentia esgotada, esse idiota não sugaria ainda mais as minhas forças.
Ele conversava e eu não abri a boca. Até coloquei o fone de ouvido para não ouvi-lo. Esse homem é tão presunçoso, se acha o gostoso. E digo com sabedoria, não é. Não é bonito, não é nem ao menos charmoso, nem inteligente.
Mas é o que a Sofia fala sempre, que já que vamos nos aborrecer é melhor se aborrecer logo com um bonito. Mas eu acho que a dor de cabeça é menor com os feios. Olha como me enganei.
Antes de chegar ao ponto de ônibus o Bruno me parou. Pediu que tirasse o fone.
─ Vou te levar pra casa.
─ Não quero.
─ Deixa de ser boba, Mari. Pra quê ficar duas horas num ônibus? Vem comigo, ainda podemos parar no caminho. ─ tentou me beijar.
A minha paciência chegava ao limite. Como ser plena e equilibrada com tanto problema e ainda um ex que se acha irresistível?
O problema dele é o ego ferido. Eu o deixei quando soube das traições e ainda a Monique deu um pé na bunda dele. Quis as duas e ficou sem nenhuma. Não dou nenhuma moral a esse homem mais.
─ Poxa, Bruno. Você é tão gentil. ─ debochei, mas ele é tão idiota que levou com um elogio e começou a sorrir e morder os lábios. Ele achava mesmo que me seduzia.
Preocupante o tamanho do ego desse homem.
─ Vem, gatinha. A gente para num motel.
─ Eu sou o que? Você só pode está me confundido? Você é muito ridículo, Bruno. Quando a gente namorava você nunca me buscou no trabalho, agora decidiu vir até aqui? Me poupe. E ainda acha que vou deixar você tocar em mim? Acorda!
O ônibus chegou e entrei. A cara dele era de vergonha. Ele adorava passar vergonha. Eu já estava cansada de dizer que não o queria mais.
Acho que seis meses é tempo o suficiente pra pessoa se tocar e seguir a vida. Ele nunca quis compromisso. Bom, ele está solteiro deveria aproveitar. Era muita safadeza quando namorava querer ter vida de solteiro. Agora que está sozinho que se vire, eu não quero mais.
Sentei num banco e abracei a minha bolsa. Dormir era tentador, tentei me manter com os olhos abertos, mas me rendi. Quando acordei foi com a ligação da Sofia me avisando que iríamos hoje à abertura do projeto. Eu não esqueci, só não queria sair, ainda tentei inventar desculpas.

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MARI
Romance*** Se quiser leia o livro Imperfeito Amor para saber mais sobre o início da história da Mari*** Mari foi abandonada quando criança pela mãe. Ela nunca entendeu os motivos não ditos para isso, o sumiço repentino e a ruptura da sua família. Desde que...