Olá, espero que estejam bem. Boa leitura, bj!!!!
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Ainda não sabia lidar com essa situação. Era muito difícil saber que ele não voltaria mais. Os meus irmãos choravam muito. Me sentia perdida. Não consigo aceitar isso. Ele deveria estar aqui com a gente. Se eu disser que sentia revolta era pouco.
Algumas vezes saí de perto dos meus irmãos porque precisava de um tempo pra mim, não queria desabar na frente deles. Preferia ficar num canto e deixar a dor passar e fingir que não estava destruída perto deles.
Mais uma vez o Lucius e a Sofia me ajudaram nesse momento de dor. Não sabia como seria a vida de agora em diante. Acho que a nossa conversa da última noite foi sobre isso, ele queria se despedir de mim. Me contou sobre os meus irmãos e desabafou sobre uma dor que carregava há muito tempo. Tinha dor em suas palavras, mas também havia amor pelos meus irmãos.
Essa atitude dele só mostra o grande homem que foi. Mesmo doendo cuidou dos meus irmãos. Mesmo olhando todos os dias para nós, ele nunca nos culpou por ter essa responsabilidade, pelo contrário sempre foi grato por nos ter, mesmo com muitas dificuldades.
E não passamos poucas dificuldades, mas ele estava ali. Não sei se aguento fazer tudo o que ele fez por nós, só que farei o que puder para ser ao menos um pouco do que ele foi para nós.
Quando nos despedimos dele um pedaço do meu coração foi junto, só que ainda precisava ser forte para cuidar dos meus irmãos, depois eu cuidaria da minha dor.
Nem toda essa situação cruel e difícil me preparou para ver aquela mulher, primeiro que não acreditei que ela pudesse estar ali. Eu deveria estar tendo alguma alucinação. Quanto mais ela olhava em minha direção, mais certeza tinha quem ela era.
Ivete.
A Sofia ainda estava ao meu lado. Nem ouvia o que ela dizia.
— O que aquela mulher faz aqui? — consegui dizer, mas tudo que eu queria era que eu tivesse completamente errada, que tudo não passasse de um engano.
— De quem você fala?
— A Ivete.
Nem deixei que a Sofia falasse nada. Logo eu parei na frente dela. O pior foi ver o Danilo ao lado dela.
— Não acredito que seja você. — olhava pra ela, mas tudo que eu queria era expulsá-la daqui, essa infeliz não tem esse direito.
O Danilo estava com a mesma cara cínica de sempre. Eles só podem ter alguma coisa, a minha intuição sempre me avisou só que fui idiota o suficiente para negar.
— Não quero saber o motivo de vir, não me interessa, mas você está indo embora agora.
— Mari? A Ivete é a sua mãe, ela sofre todos esses anos...
Ouvi-lo colocando a Ivete na posição de coitada sendo que nem combina com ela, me deixou furiosa. Nesse momento eu deveria estar cuidando dos meus irmãos, não vendo essa infeliz. Nunca vou perdoá-la por isso, nunca perdoarei o Danilo também.
— Fica calado, Danilo. Eu não quero ouvir a sua voz. Aliás, conta pra mim, você está com essa aí, não é? Pra quê se aproximou de mim? Ela mandou, certo? Você é igual a ela.
— Eu tenho o direito de vir vocês são os meus filhos, Mariana.
Que ódio! Ela deveria estar no lugar do meu pai. Não conseguia encontrar palavras pra dizer por que tudo o que eu sentia era uma confusão, eu não estava preparada pra isso hoje, não hoje, talvez nunca. A vida realmente não tinha pena de mim.
— Não tem o direito. Você deixou os seus filhos e o seu marido pra fugir com outro. Você não passa de uma vagabunda, não é a nossa mãe.
Acho que eu vivi esses anos numa realidade paralela. Não é possível que essa mulher fosse ficar aqui pagando de coitada, o pior é o poder de manipulação que ela tem sobre as pessoas. Ou o Danilo era ruim como ela, ou ele realmente acreditava na Ivete boazinha.
Não sei qual foi a história que ela contou a ele, mas quero que eles sumam.
— Mari, por favor. — o Danilo tentou interferir mais uma vez.
Perdi a minha paciência com ele. Se queria tanto se meter onde não devia, ele também ouviria algumas coisas. Eu não deixaria por menos o defensor da Ivete.
— Não se mete, Danilo. Essa daí é uma safada. Você sabia e ainda se fez de bonzinho me ajudando, ajudando o meu pai. Te odeio por isso. Você mentiu pra mim. Eu sempre senti que tinha algo de errado com você. Mentiroso nojento.
— Vai embora. — empurrei a Ivete, mas a minha vontade era de jogá-la pelo cabelo na rua — Você não vai atormentar o meu pai na despedida dele. Finge que a gente morreu também como fez há treze anos.
Vivia um pesadelo. O pior era ver o quanto ela achava que tinha razão. Apenas quando a Sofia e o Lucius interviram foi que o Danilo carregou a bruxa e foram embora. Levei os meus irmãos para casa e aqui só tinha o vazio que a falta do nosso pai causava.
A Sofia ainda tentou que eu a deixasse ficar, mas eu precisava desse tempo sozinha, além dela precisar conversar com o Lucius.
— Não acredito. — abri a porta e o Danilo estava parado com a cara de idiota dele bem a minha frente.
— Posso entrar?
— Claro que não.
Me segurei para não gritar e acordar os meus irmãos, eles tinham conseguido dormir depois de muito tempo.
— Você é muito cínico, Danilo. Como tem a coragem de aparecer aqui depois de toda aquela cena? Você não teve respeito pelo meu pai, nem por mim ou os meus irmãos.
— Me deixa explicar.
— Agora não precisa mais. Deveria ter feito isso há muito tempo.
— Eu não achei o momento certo.
— Quando seria o momento certo pra você? — lembrei das vezes que ele me chamou para sair — Quando você conseguisse sair comigo? Ou quando eu fosse pra sua cama?
Ele nem tinha a coragem de responder.
— Foi a Ivete que mandou você se aproximar?
— Não, claro que não.
— Vocês são namorados? Qualquer coisa assim?
— Não e não, Mari. — ele ficou espantado — Me aproximei de você porque eu quis. Desde aquele dia que te vi a primeira vez te quis.
— Está certo. — quase fechei a porta e ele segurou devagar.
— A Ivete é como uma mãe pra mim. Quando ela casou com o meu pai sempre cuidou muito de mim e do meu irmão.
— Não quero saber sobre a vida de vocês. Pega a sua mãe e sumam da minha vida.
— Não queria causar nada daquilo. Mas ela precisava ir até lá, afinal, querendo ou não vocês são parte dela.
— Nunca fomos, ela nunca quis saber nada sobre nós. Agora sei o motivo, ela estava se empenhando em ser a mãezinha de vocês. Tenho pena por terem sido criados por aquela cobra.
Olhei uma última vez pra ele. Se dependesse de mim nunca mais veria ou estaria perto do Danilo.
— Nunca mais apareça aqui.

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MARI
Romance*** Se quiser leia o livro Imperfeito Amor para saber mais sobre o início da história da Mari*** Mari foi abandonada quando criança pela mãe. Ela nunca entendeu os motivos não ditos para isso, o sumiço repentino e a ruptura da sua família. Desde que...