Capítulo 11

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Umas das piores coisas que eu poderia ter feito era contar a minha amiga sobre o Danilo ter ido a minha casa. A Sofia passou os últimos dois dias me perturbando sobre isso.

Não era nada demais. Ela achava que era uma grande coisa. Eu não via assim, se ele queria se redimir pelo erro dele, eu tentaria suportá-lo. Os meus irmãos gostavam muito dele e sei que ele sempre estaria presente na vida deles.

Assim como o Luís. Se eu fosse muito justa, não daria ao Danilo toda a responsabilidade nessa história porque a miserável e única culpada por toda essa confusão era a Ivete. Ele só ajudou a verdade a ser descoberta.

Tudo no bistrô ia bem, a Sofia e a dona Natália me ajudavam a organizar algumas coisas e elas eram fundamentais na minha vida, muito do que eu tenho devo a minha coragem, mas também devo ao incentivo e apoio delas.

Guardava umas taças e odiei ver a Ivete entrando.

─ Não tenho um minuto de paz de você nem aqui?

Não esperava ver essa mulher tão cedo, desde que fui até a casa dela confrontá-la sobre ter mentido para os meus irmãos.

A cara dela era a mesma de nojo de sempre.

─ Então, é aqui. ─ mais uma vez olhou em volta.

─ Já viu? Pode ir agora.

Ela riu e num segundo a sua expressão mudou.

─ O que você tinha na cabeça para ir a minha casa e falar aquilo? Mariana, você não sabe com quem está brincando. ─ a Ivete apertou os meus braços ─ Hoje eu vou te dar a surra que deveria ter dado desde que você nasceu.

Quando a sua mão cairia sobre o meu rosto a parei.

─ Por que você está tão irritada? O Luís descobriu mais alguma mentira sua?

─ Escuta aqui, garota.

─ Escuta você. ─ falei um pouco mais alto e firme que ela ─ Você não vai entrando aqui e me dizendo essas coisas.

─ Você não presta, Mariana. ─ gritou ─ Agora até os seus irmãos estão irritados comigo. Aqueles meninos insuportáveis duvidam de tudo que eu falo.

Não duvidava se ela me atacasse do jeito que estava.

─ Ninguém acredita em você.

─ Culpa sua! ─ gritou outra vez ─ O meu arrependimento é que não te matei ainda aqui dentro. Você é um monstro, Mariana. Você está destruindo a minha vida. O meu casamento está acabando por sua culpa.

─ Fico feliz que o Luís começou a abrir os olhos. Qual o próximo passo? Divórcio.

─ Tenho ódio de mim por ter colocado alguém assim como você nesse mundo. Olha, está de parabéns! Você saiu ao encosto do Evandro. Eu ainda tinha dúvidas, mas depois de hoje não tenho mais.

─ Vagabunda. Isso é mentira. Eu... eu...

Eu era filha do meu pai, sim. A Ivete só queria me desestabilizar.

─ O que? ─ ela sorriu ─ Considere essa hipótese.

A minha cara era de derrota.

─ Se você está triste, estou feliz.

O que essa mulher era?

A porta se abriu, mas não conseguia ver nada porque o choque me congelava.

─ Mariana, não sei por que você odeia tanto a sua mãe. ─ ela começou a chorar quando uns candidatos que fariam entrevistas para trabalhar no bistrô chegavam.

Consegui tirar o foco dela e olhei para as pessoas. Eram três candidatos que eu entrevistaria hoje, a dona Natália também estaria aqui para ajudar na seleção.

Nenhuma palavra saía da minha boca.

─ Como você não tem amor pela sua mãe?

Era impressionante como ela conseguia inverter a situação e sair como a vítima. Há um minuto essa cobra tinha me deixado sem chão e agora tudo o que ela fazia era se colocar com uma coitada e mudar totalmente o assunto.

Eu não tinha capacidade de assimilar as mentiras da Ivete agora.

A Ivete é bem pior do que eu achava e tive medo pelos meus irmãos e até mesmo o Luís vivendo com ela sem saber do que ela pode ser capaz de inventar.

Tantas coisas passavam pela minha cabeça. Será que quando contrariada ela agia sempre assim machucando todos pela frente?

─ Vai embora.

─ Eu sou a mãe dela e conto pra vocês, ela é a minha filha, mas não é uma boa pessoa, não fiquem aqui. Ela transformará a vida de vocês num inferno!

Isso era tão baixo.

─ Você é tão miserável! ─ por vontade eu já teria a jogado na rua.

─ O que acontece? ─ a dona Natália chegou e só precisava de colo.

Ela notou o clima tenso e pediu que as pessoas fossem ao meu pequeno escritório e quando ela voltou tirou a Ivete da minha frente.

Acho que não conseguia chorar pelo choque ainda. A dona Natália me abraçou.

─ O que essa mulher aprontou agora?

─ Nada novo, não é?

Por dentro eu estava destruída. Mas não deixaria a Ivete estragar ainda mais o meu dia.

─ Vamos trabalhar, não é?

─ Não, eu vou ficar e você vai pra casa.

─ Estou bem, dona Natália.

─ Não está, olho pra você e vejo só tristeza. Ainda não sei o que aconteceu e o que essa infeliz andou fazendo, mas você não está bem, Mari.

─ Não se preocupa. ─ tentei sorrir ─ A Ivete não nos surpreende mais.

Menti, mas essa era a saída mais rápida agora. Não queria ter que contar o que ela fez.

─ Vamos entrevistar as pessoas, elas precisam de um emprego e nós precisamos abrir isso logo.

Esse era o sonho da minha vida. Eu era feliz e realizada na minha profissão, tudo isso aqui era o meu esforço e dedicação, não deixaria nada estragar.

No fim, me concentrei e pude fazer o meu trabalho.

Não consegui ir pra casa, só queria trabalhar e esquecer tudo. Mas seria um luxo que eu não teria, a única coisa que passava pela minha cabeça era se isso fosse verdade. A Ivete era muitas coisas ruins, entre elas, ser mentirosa e inescrupulosa também.

O meu pai tinha tanta certeza disso, ela garantiu a ele. Como também mentiu sobre muitas coisas.

De todo jeito não importava mais. Esse assunto foi enterrado junto com o meu pai. Preciso achar um jeito de me livrar dela. 

MARIOnde histórias criam vida. Descubra agora