Novos Comandos

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Eu não fazia ideia do que o Paiva queria falar comigo.
E, nas horas seguintes, todos os meus pensamentos se destinaram a tentar descobrir qual a finalidade daquilo tudo, já que para mim nada fazia sentido.
Porém, por mais que eu tentasse, não conseguia achar uma explicação. A única solução, foi que eu seria morto. E, como o Paiva é o Paiva, ele provavelmente queria me matar com as próprias mãos.
Então, apartir dalí, o restante do dia foi pura apreensão.
O único pensamento que passava pela minha mente era: "E o plano?"
Eu não sei que horas consegui pegar no sono, nem quando os pensamentos mórbidos deixaram a minha cabeça, mas eu acordei no dia seguinte, com o ruído da porta se abrindo.
-Levanta, anda!
Paiva entrou naquele cômodo, como um furacão.
Aimda tomado pelo sono, levantei do chão e olhei para ele, esperando por respostas.
-Venha comigo.
-Mas... para quê?
-Só... venha co-mi-go.
E saiu do quarto.
Então, eu simplesmemte o segui pelos corredores e portas adentro.
Quando chegamos na porta do quarto dele, paramos.
-Venha, e feche a porta quando entrar.
E assim o fiz.
O quarto do Paiva era incrivelmente diferente de tudo que eu um dia cheguei a imaginar.
As paredes eram surpreendentemente brancas, e haviam pôsteres de bandas e cantoras famosas, como Lana Del Rey e 30 Seconds To Mars, e, no canto de tudo, havia o arquivo de livros que eu já vi na vida.
No meio de tudo, porém, estava Paiva sentado na cama, com um telefone celular numa mão, e uma arma noutra.
-Você já conhece o procedimento. Uma palavra sobre a boate, e um turo voa no meio da sua testa.
-Eu sei, eu sei.
Eu tirei o celular das mãos do Paiva e disquei o número que já sabia de trás para frente, das inúmeras vezes que liguei para ele.
Ela atendeu no terceiro toque.
-Alô?
-A-Alô...
-Dani! Você realmente me abandonou, não foi?
-C-claro que não, Pri! É só que... eu ainda nãi consegui me estabilizar direito aqui, e...
-Toda vez é sempre a mesma ladainha...
A única coisa que eu queria fazer eta conyar tudo para ela, como há seis meses atrás eu costumava fazer. Porém, naquele momento, ali, eu não poderia sair do personagem que eu fui obrigado a incorporar.
O silêncio do outro lado da linha era torturante.
-Pri?
- Eu tô aqui... eu só... tava me perguntando se o que eu fiz realemente vai valer a pena, sabe? -...
A intensidade daquelas palavras me atingiu como facas não poderiam ter atingido. "O que eu fiz realmente vai valer a pena" ? Como assim?
-Priscila... o... o que você fez?
Paiva se levantou, e pousou o ouvido do lado meu, com a arma apontada para a minha têmpora
-...
-PRISCILA, O QUE VOCÊ FEZ?
-Eu tava preocupada com você, Dani. Você não me ligou durante meses e.. parecia tão abatido... eu achei que você estava em apuros. Eu achei que você precisava da minha ajuda. Então eu arrumei as malas e vim para Dubai.
Paiva apertou a arma sobre a minha têmpora, e disse sussurrando:
-Não se desespere. Fique feliz. Fe-liz. E faça ela ir embora. Ou eu dou um jeito de encontrá-la e torturá-la até a morte.
-Você... você não pode ficar aqui. Você têm que ir para casa.
-Não! Eu não vou até ter certeza de que você está bem.
-Priscila, me escute, você vai pegar o primeiro avião que tiver e vai direto para o Brasil, está me entendendo?
-Mas...
-Nada de mas!
E, num ato desesperado, desliguei o telefone.
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Priscila

Nada daquilo me cheirava muito.bem. O Dan estava muito estranho, e, a julvar pelo modo como agiu, estava passando por problemas sérios.
Depois de alguns momentos decidindo, tomei a decisão.
Peguei o telefone do hotel, e pedi para o atendente me passar para a telefonista. Graças ao curso, eu sabia falar inglês muito bem e fluente.
-Hello? How many night clubs they have here in Dubai?*
*Alô? Quantas boates eles têm aqui em Dubai?
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Paiva pegou o telefone da minha mão e se sentou na cama.
Eu me sentei no chão e respirei bem fundo, me segurando para não chorar. Ser duro daquele jeito com a Priscila tinha extraído todas as minhas forças.
-Eu.. tenho.. hãn.. um comunicado para você.
Eu continuei com a cabeça baixa.
Ele me deu uma coronhada na nuca, e disse:
-Olhe para mim quando eu falar com você.
Eu me forcei a levantar a cabeça, e ele me olhou, como que me analisando, antes de falar as palavras que eu menos esperava que ele fosse falar naquele momento:
-Eu não sei como você conseguiu. Nem que tipo de sorte do capeta você tem para conseguir justamente um dos principais compradores como cliente, mas... você conseguiu. Parabéns, você entrou para o grupo.
Ainda não acreditando no que eu tinha acabado de ouvir, perguntei:
-Que grupo?
-Para a gangue da boate. Você agora é um de nós.


Revenge: As CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora