Eu não sei como tudo se transformou desse jeito.
Em um minuto, eu era simplesmente mais um traficado, que foi humilhado na frente de todo mundo.
Noutro, eu era parte de um plano para acabar com esse tráfico. Eu era parte de algo grande.
Logo após eu descobrir toda a verdade, pelo menos o que eu sabia sobre ela, o plano entrou em ação, e a primeira parte desse plano era conhecer o Paiva.
Nos dias que se seguiram, eu conheci tudo sobre a história dele. Até os detalhes mais sórdidos. Era uma história simples, um garoto rico, mas com mania de querer tudo para si, e com um poder de dominação muito forte, que de repente, quando usava drogas se envolveu com o tráfico humano. Daí foi crescendo no esquema, até que chegou onde está.
Não sei qual parte me impressionou mais. Se foi o fato de ele ter levado um tiro pela irmã, ou o fato de ele próprio ter matado ela.
Agora eu iria conhecer um ex capanga do Paiva, que, segundo a Irma, conseguiu sair do esquema antes dele.
Eu fui "condenado" a ser capanga da Irma depois de tudo. Na verdade, tudo era um esquema para arquitetar mais o plano.
-Isso é realmente necessário?
-De essencial importância. Você precisa conhecer o Paiva inteiramente antes de começar a fazê-lo se apaixonar por você.
-Mas eu não entendo o porquê. É só chegar e pegar ele de jeito. Afinal, se ele não me matou no dia em que eu fiz tentei fugir..
-Isso não quer dizer nada. Você não conhece o Paiva como eu conheço. Isso não é uma competição. Voce NÃO conhece o Paiva como eu. Ele pode ser extremamente manipulador. E pode fingir muito bem. Então, eu acho melhor você conhecê-lo muito bem.
Eu me calei e continuei a andar, em.silêncio. Mesmo depois de descobrir que a Irma não era exatamente uma inimiga, eu ainda não ia com a cara daquela vaca loira. Mas, meu desejo de vingança era maior do que qualquer coisa que eu já senti.
Esse capanga me encontraria durante um "trabalhinho" que eu estava fazendo para Irma.
-É Aqui.
Eu olhei para o lugar. Era a Porta Preta. Finalmente, eu saberia o segredo que aquela maldita porta escondia por trás daquela madeira envernizada na cor preta.
-Mas, como...
-Calma, não tem ninguém.aqui. Paiva foi encontrar o chefe, e levou a maior parte da segurança. Os seguranças que estão aqui são da Agência. Mas temos que ser rápidos. Ele não vai demorar para voltar.
Eu não entendi porque ela queria tanto destruir o Paiva, se havia um chefe com mais poder para ser destruido, mas eu preferi não me pronunciar.
-Ok.
Alguns minutos depois, um rapaz, aparentando não sei que idade, chegou pela portinhola que tinha atrás do corredor, que era vigiada pelo pessoal da agência.
-Anda, vamos.
Irma me disse, descontrolada, enquanto tomava a dianteira e me pedia para seguí-la até seu quarto.
E enquanto nós andávamos, nos afastávamos mais e mais da porta preta.
Quando chegamos ao quarto, a Irma fechou a porta atrás dela e a trancou. O quarto mais parecia uma mini cobertura de luxo. De uma jacouise a piscina com água de temperatura regulável, o quarto tinha de tudo!
-Bom. Creio que tenham muito o que conversar.
Ela disse, e saiu do cômodo me deixando a sós com um garoto ruivo, que me olhava com cara de psicopata.
Priscila
Eu estava ficando louca. Minhas amigas diziam que eu estava paranóica, mas eu tinha certeza que alguma coisa estava errada com o Daniel.
Eu já tinha ligado de volta umas três mil vezes, mas sempre dava fora de área.
-Já chega, Lua. Eu não vou ficar parada aqui.
Eu me levantei e comecei a enfiar minhas roupas numa sacola
-Priscila. Você nem sabe o que está acontecendo. Pode ser qualquer coisa... ele pode estar ocupado demais, ou.. ou sem celular!
-Mas tem mais de três meses, Lua! E no único telefonema que ele me deu, ele estava muito estranho. Eu tenho certeza, ele está passando por alguma coisa.
-Isso é paranóia! Você vai para outro país, do outro lado do mundo, simplesmente porque ACHA que o Daniel está em apuros? O que você é, a mãe dele?
-É, é isso o que eu vou fazer. E, não, não sou a mãe dele. Eu sou a única pessoa que ele tem no mundo.
Ela se sentou e eu continuei a "arrumar" a mala. Depois de algum tempo, ela quebrou a tensão :
-E com que dinheiro você vai para lá? Inde você vai ficar? Isso é loucura, Pri...
- Eu tenho um dinheiro guardado. E dinheiro abre portas.
Ela bufou, e depois afundou o rosto no travesseiro.
-Isso é loucuuura!
Eu não estava certa disso, também. Um lado meu dizia que era loucura, que logo logo as férias da faculdade terminariam, e eu deveria estar me preparando para o provão. Mas, o outro lado, aquele insano e louco, me dizia que ele estava em perigo. Me dizia que ele precisava de mim. Mais do que precisou. E era nessa parte que eu geralmente confiava.
-Ele é um dos meus melhores amigos, Lua.. ele é quase um irmão para mim. Só falta o DNA. Eu preciso saber...
Ela levantou da cama e me abraçou. Um abraço forte, daqueles que você sente as batidas do coração um do outro.
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Revenge: As Cinzas
RomanceSabe quando tudo parece começar a dar certo para você, e de repente desaba? Como quando você está andando pela rua e de repente tropeça e cai no chão? Pois é. A minha vida está assim. Eu caí de paraquedas direto numa poça bem grande de lama. Como...