A Viagem

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Um mês depois.

Eu estava muito ocupado. No último mês, eu estava muito atarefado com a viagem. A TN estava pagando muitas coisas. Eu estava indo para o shopping comprar roupas de marca, eu estava indo para o salão...

E agora só faltavam dois dias para a Grande Viagem. Eu estava na casa da Pri. Eu já combinei tudo. Ela deixava meus móveis e pertences escassos no porão dela. E quando eu voltasse, compraria a casa ao lado, já que as vizinhas dela se mudariam dali a um ano. O tempo que eu pretendia ficar em Dubai.

Nós estávamos na casa da Pri, indo pela última vez para a TN. Saindo juntos pela última vez. Aquilo estava me deixando nostálgico.

-Vamos Dan! Anda logo!

-Espera! Eu estou me arrumando!

-Anda logo garoto! Demora mais que eu no banho! Vai casar é?

Eu abri a porta.

-Dá pra parar? Meu Deus!

Ela me encarou com os braços cruzados e de repente, me abraçou.

Eu fiquei sem reação, nos primeiros instantes, mas aos poucos eu me vi retribuindo o abraço. E chorando também. Junto com ela. E nessa hora, eu não pude deixar de lembrar do dia do acidente...

-Eu ainda não acredito que é depois de amanhã...

-Eu sei. Nem eu.

-Olha, eu sei que você está destinado a grandes feitos, Dan. E por favor, não deixe que o passado interfira no seu futuro. Por favor, por mim.

Eu a abracei mais forte. Tão forte, que eu poia sentir as suas costelas nas minhas. Eu podia sentir os compassos do seu coração junto aos do meu.

Sabe, é engraçado o quanto nós somos...apegados. Quando estamos prestes a perder algo, o valor daquilo se amplifica imensuravelmente. E a vontade de segurá-la e nunca mais soltar só aumenta. E é isso que fazemos. Ela começou a enxugar as lágrimas.

-Enfim... vamos parar com esse papo sentimentalóide? Hoje a noite é nossa... tuts tuts tuts.

Eu ri da dancinha da balada dela. Eu não me imaginava sem as palhaçadas da Pri. Sem os sermões da Pri. E principalmente, e não me imaginava sem a Priscila Medeiros. Eu não conseguia conceber essa idéia.

Eu dei um último abraço apertado nela, e nós descemos e ganhamos a rua. Éramos amigos. E não existia mais viagem, nem Dubai, nem Índia nem o escambau que mudasse isso.

Então, naquela noite, com os beijos do João, os gritos da Priscila e a ressaca antecipada de saudades dela, eu senti como de pudéssemos ser jovens até o infinito.


Revenge: As CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora