Alianças

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Nós acabamos de limpar tudo e voltamos escoltados para o porão.

Chegando lá, uma pequena multidão se formava na entrada. Ninguém passava.Todos estavam assustados.

Algo não estava me cheirando bem...

-Raul! Raul! O... o que está acontecendo?

-Estamos com medo...

-Medo?! Medo de quê?

-É que... tudo foi simples demais.

-Tudo o quê?

- Tudo. Lá em cima. Deve ter alguma punição... algum castigo nos esperando ai dentro.

Eu o olhei com desdém, dei um muxoxo, e o enpurrei para o lado.

Que idiotice. Aquilo ali foi tudo, menos simples.

Eu empurrei as portas do Porão, e saí procurando pelo interruptor. Estava do outro lado da sala, então, saí tateando á procura do botão.

Eu tropocei em alguma no caminho, alguma coisa comprida, molhada... grudenta... tenho que confessar, aquilo estava me dando arrepios...

Finalmente achei o interruptor, e quando olhei a minha volta, preferi que não tivesse achado. O Porão estava com partes de corpos por todos os lados. Na verdade, partes de um corpo só:

O da menina loira.

Eu estava tudo cheio de sangue, e quando me dei conta do que estava segurando, eu gritei e comecei a correr na direção da porta, em pânico.

Mas, antes, pude perceber o aviso escrito com sangue na parede:

"Não nos desafiem"

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Depois do "incidente" com Anne (descobri o nome dela dias depois), todos ficaram assustados demais para pensar em alguma coisa. Mas eu não. Eu precisava sair dali. Imagina, eu ficar parado, enquanto ali do lado tem uma sala de tortura?? Nunca.

Por isso, comecei a traçar um plano de fuga, para o dia da abertura da TN.

Era muito simples: A divulgação estava sendo feita há semanas. Bem antes de eu chegar, segundo o Raul. E eu iria falar a verdade para o que mais me parecesse confiável. Alguém iria me ajudar. Eu podia sentir.

-Você tem certeza disso?

Raul me disse quando estávamos "na cama".

-Não.

-Então, por que você vai ser burro desse jeito? E se a pessoa quiser te denunciar para o Paiva? Você com certeza estará morto. E eu não posso te perder.

Ele disse isso, e alisou meu rosto. Eu fiquei meio envergonhado.

-Você é meu único amigo nesse inferno.

-E então? Me ajude. Se eu sou seu amigo, me ajude!

Ele revirou os olhos.

-Ok. Mas esse seu plano é muito fraco. Com certeza não vai dar certo.

Ele se virou para cima, para olhar para o nada. Eu fiz a mesma coisa. Mas eu estava pensando no plano de fuga. Por quê quanto ao Raul, eu já sabia de tudo. Ali dentro, eu não poderia confiar em ninguém.

Uma idéia de repente me ocorreu.

-Ei! Nós não estamos limpando a boate inteira? Então... dessa vez, nós vamos procurar um lugar, alguma coisa, que dê para a gente fugir, uma passagem, uma janela, qualquer coisa.

Ele me olhou com admiração.

-Nesse plano, eu tenho fé.

E se virou para dormir.

Eu continuei acordado, pensando se o que eu estava fazendo não era muito arriscado. Eu não sabia se podia confiar no Raul. O cara acabou de me conhecer, e já disse que não podia me perder... qual é?

Mas, eu tinha que me agarrar em.alguém. Alguém para onde a corda vai partir se tudo der errado.

Alianças se formam, mas alianças também são quebradas.

Revenge: As CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora