Revenge: As Cinzas

A Novidade e Sem teto

-Pronto. Agora conta. O que foi? Você achou alguém melhor para a vaga? Meus documentos estão vencidos? Mas não tem nem seis meses que eu ren...

-Ei, calma! Não é nada disso... é que...

Ele fez uma pausa dramática, para fazer suspense. Odeio pausas dramáticas. Ainda mais para fazer suspense.

-Fala logooo...

-É que, bom... eu não sou da The Nightclubers daqui. Eu fui enviado para... hm.. um trabalho de avaliação especial. Eu sou da TN de Dubai. E, eu milagrosamente, consegui um emprego para você lá.

-Existem TN's em Dubai ?

-É claro. É uma multinacional. E aí? O que você me diz?

-Olha, eu... eu realmente não sei... eu.. eu preciso pensar.

-Pense. Mas você não vai se arrepender. O salário lá é beeem melhor. A qualidade de vida também.

-De quanto será meu salário?

-Olha, assim, extamente, exato eu não sei, mas... em torno de $ 3.000.

-Dólares?

-É. Em dólares.

-Mas...

-Mas o quê Daniel? É uma oportunidade única. Uma chance de trabalhar com um salário desses? Lembre-se um raio não cai duas vezes no mesmo lugar...

-Olha, eu... eu preciso pensar.

-Ok. Mas pense rápido. Eu guardei essa vaga especialmente para você...

Eu saí do escritório da TN pensando naquilo. Era uma oportunidade muito boa. Boa demais para ser verdadeiro.

******************************

Eu cheguei em casa e me joguei no sofá. Tinha tanta conta na mesinha de centro que eu nem via mais a cor da madeira. Só números, números e notificações do dono do kitnet, dizendo que vai me colocar para fora. Estava devendo o aluguel há três meses.

Eu precisava decidir. Três dias para decidir se eu vou mudar minha vida bruscamente. Três dias...

Eu não conseguia pensar direito. Tinha umas batidas na minha mente. Estavam ficando mais fortes... mais fortes... espera. Não eram batidas na minha cabeça...

Alguém estava batendo na porta. Será que pedir paz era pedir um milagre?

Eu me levantei e fui atender.

Era o Carmelo, o cara do aluguel.

-Oi, Daniel.

-Oi, Seu Carmelo. Tudo bem com o senhor?

-Comigo tudo ótimo, agora, receio que com o senhor não esteja nada bem...

-Como? Não, não. Estou ótimo.

-É mesmo? Então a boate da outra noite foi boa mesmo hein?

-Seu Carmelo, eu...

-Você nada Daniel! Você nada! Você está me devendo vários meses de aluguel, e de repente você tem dinheiro para a boate mais cara dessa cidade! Chega Daniel. Chega!

-C-como assim chega?

-Eu estou reincidindo o contrato de aluguel. Até amanhã, eu quero que você retire seus pertences do imóvel.

Naquela hora, eu entrei em desespero. O que eu faria agora? Então eu fuz a coisa que, acredite, mais me doía por dentro. Eu me humilhei.

-Não! Não Seu Carmelo por favor não!

Eu estava de joelhos em frente a ele. Implorando. Me rebaixando. Me humilhando.

Ele me olhou como se eu fosse uma pequena praga.

-Amanhã, ás 15 h. Senão, eu mesmo tiro tudo daqui.

Ele saiu e bateu a porta com força.

Eu não sabia o que fazer. Eu não sabia para onde ir. Então eu liguei para Priscila.

-Alô? Dan! Meu benzinho!

-Pri. Eu estou sem teto.