Glastonbury

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Algumas semanas se passaram desde que Alex esteve em minha casa. Eu seguia indo aos ensaios dos meninos, que hora ou outra passavam mais tempo em Londres do que em Sheffield. Já havia até me esquecido que tinha me inscrito em Jornalismo até esta manhã chuvosa. Chovia mais do que o normal em Sheffield, o clima estava particularmente melancólico quando minha mãe me acordou dizendo que havia correspondência para mim. 

Me enrrolo no roupão tentando hesitar sair da minha cama com este clima particularmente o qual eu ja deveria ter me acostumado para ir em direção ao corredor de entrada procurar por essa carta tão relevante que fez minha mãe achar que eu realmente teria que me levantar da minha confortável cama.

O envelope com selo americano já anunciava o remetente: Universidade da Califórnia.

Rapidamente e sem nenhum zelo eu abro o pequeno envelope que traçaria meu destino daqui pra frente. Resta saber se eu estava pronta para ele...


UNIVERSITY OF CALIFORNIA, DAVIS 

abril, 4, 2003.

Carta de aceite.

Cara, Maddison Sofia Hughes.

Bem vinda! É com prazer que nós anunciamos sua admissão a Universidade da California Davis, ao departamento de ciências da comunicação, Jornalismo. 


É, eu acabei de ser aceita na faculdade. Na California. Pisco repetidas vezes tentando assimilar. Li e reli várias vezes me certificando que era isso mesmo que havia acabado de acontecer. Mas estranhamente eu não tenho vontade de comemorar. Eu ainda não sei como contar ao meus pais. Menos ainda como contar a Alex... Eu nem tinha certeza que era isso mesmo que eu queria para minha vida. Eu realmente vou ter que começar a organizar minhas coisas para voltar a América?

O ruído do meu pequeno aparelho celular me tira dos pensamentos.

Maddie.

—  Ah... oi, Al.

Ocupada?

Não realmente, o que houve?

—  Tenho uma proposta para te compensar sobre os dias que tenho ficado longe de você em Londres.

—  Ah é? e o que você propõe?

—  Glastonbury. Este mês. 

—  O festival? Al, eu não sei se minha mãe...

Alex me interrompe animado.

—  Não se preocupe com a sua mãe. Eu mesmo vou ai hoje conversar com ela e tenho certeza que ela não vai ligar.

Na linha eu sorrio com a persistencia de Alex.

—  Ok, te vejo mais tarde então.

—  Te vejo mais tarde babe, tchau.

Alex parecia genuínamente feliz com o festival, e eu temia por dentro por não saber como contar ou esconder a notícia sobre a universidade.


~/~


— Certo, estão levando capas de chuva? —  Minha mãe mais uma vez esta manhã fazia os check lists de coisas que ela julgava essenciais para o tal festival de adolescentes inconsequentes onde só haveria drogas e sexo.

—  Sim.  —  Alex e eu respondíamos uníssono.

—  Mapas?

—  Sim.

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