Forever Love

Capítulo XIV

Shikamaru já havia perdido as contas de quantas vezes encontrou, amou e perdeu Neji, todas da mesma maneira, em todos esses anos. E sempre no final, antes de morrer em seus braços, ele o olhava nos olhos dizia que se lembrava de tudo e que não se arrependia de nada. Que o amava da mesma maneira.

Aquilo aos poucos foi destruindo Shikamaru. Ele não aguentava mais. Em um dos reencontro tentou não se aproximar, evitou ao máximo Neji, não queria ver ele morrer novamente, mas foi tudo em vão. Achava que não era forte o suficiente para se afastar e manter Neji afastado, o impedir de se apaixonar.

Mesmo assim decidiu que não iria se aproximar mais de Neji, nem se ele fosse colocado na sua frente, ele desviaria sem falar com ele, mudaria seu caminho para não cruzar com o dele. E conseguiu. Pelo menos uma parte. Uma vez. Não conversou, não interagiu, não se aproximou. Neji não se apaixonou. Mas não evitou o mesmo final. Viu Neji morrer, na sua frente e não pode impedir. Que destino era aquele, que vida era aquela? Aquilo não era vida, aquilo era castigo, uma verdadeira Maldição. 

Apesar de tudo não desistirá da sua ideia de evitar Neji a todo custo. Mesmo que aquilo doesse ele faria. Seria melhor para ele e com certeza para Neji. Para sua surpresa, conseguiu fazer isso duas vezes seguidas, ou quase isso. A primeira quando viu o perolado, que para seu azar era seu vizinho que tinha acabado de se mudar, ele simplesmente foi embora, se mudou de cidade, foi para bem longe. Simples assim. Não soube dizer o que aconteceu com o perolado, como viveu ou como morreu. Aquela dúvida tirava seu sono, mas não se arrependia, bem talvez um pouco. Na segunda vez conseguiu fazer o perolado o odiar, trabalhavam juntos, ou quase isso, infelizmente não pôde sair do emprego, então o tratava com indiferença, as vezes era mal-educado. Os dois viviam em pé de guerra. 

Uma coisa que havia notado, era que a personalidade de Neji estava mudando, estava mais estoico, mais sério e rígido. Pensou que era por viver tantas vidas, sofrer tanto, foi perdendo a inocência, a delicadeza que possuía, mas nada disso era capaz de diminuir o amor de Shikamaru por ele.

Tudo estava indo bem, estava conseguindo se manter afastado de Neji e o manter vivo pelo tempo que fosse, sem ele morrer por sua causa. Até que encontrou o perolado de uma maneira que não teve como fugir, ou ignorá-lo. Conheceu Neji ainda criança. Shikamaru era alguém bem velho, passou por muitas coisas, viu o mundo mudar, evoluir, as crenças alterarem. Era difícil alguém acreditar em magia ou qualquer coisa mística. 

Shikamaru estava a muito tempo no mesmo local e quando conheceu Neji foi por acaso, pensava que não o encontraria ali, principalmente encontrar ele criança. Ele tinha decidido abandonar as cidades pequenas, com poucas pessoas, os comentários e as fofocas era demais e ele nunca gostou de ser o centro das atenções. Por isso agora estava morando numa cidade relativamente grande. Como as coisas haviam mudado, agora haviam grandes edifícios, carros para todos os lados, pessoas apressadas, ninguém tinha tempo de reparar nos outros e isso acabou facilitando sua vida.

Ele já havia estudado muito, tinha um vasto conhecimento, apesar de demonstrar poucas vezes. Preferia também a compnhia das crianças por sua inocência e dos mais velhos pela sabedoria que alguns tinham. Até mesmo encontrou um senhor que dizia que o conheceu quando era criança e que se lembrava de Shikamaru. Disse que Shikamaru apesar da aparência jovem já havia passado por muita coisa, e estava cansado da vida. O que não era mentira, Shikamaru estava no seu limite, mas não havia nada que pudesse fazer. Sua vida só mudaria no dia em que Neji lembrasse de si por conta própria, não na beira morte como sempre acontecia. Ele precisava lembrar antes, só assim ele poderia finalmente ter seu descanso e sua paz.
Por ser alguém que já viveu muito, trabalhava em um hospital na ala da pediatria destinada a crianças com câncer. Uma escolha no mínimo inusitada. Era um enfermeiro, quem diria, mas gostava de estar ali, por mais que alguns achasse triste, ele gostava, via a pureza, a inocência das crianças, a atitude positiva mesmo diante das dificuldades e o fazia acreditar que o mundo poderia ser um lugar diferente.