Forever Love

Capítulo XV

"Tudo estava tão claro, havia uma paz, uma tranquilidade. O pequeno garotinho de lindos cabelos longos castanhos e olhos perolados se sentia feliz, protegido, amado. Ao longe via uma mulher muito linda, com um quimono amarelo como o sol, cabelos soltos que balançavam com o vento e que sorria de uma maneira tão gentil para o pequeno, que tentava se aproximar, mas quando mais se aproximava mais ela parecia distante, nunca a alcançava. Ela continuava a sorrir e fazia sinal para que ele se aproximar, ele ficava frustrado, mas gostava daquilo que para ele era uma brincadeira de pega-pega divertida. Podia não conhecer a mulher, mas ela parecia que o conhecia, pois o chamava pelo nome. ‘Venha Neji, se aproxime, não tenha medo.’"

E então Neji acordou. Tinha 12 anos quando sonhou pela primeira vez com a mulher de quimono amarelo. O sonho parecia ser tão real que ele ainda podia sentir a tranquilidade que ela exalava. Estava até sorrindo, algo difícil de se ver em seu rosto sempre tão sério. Neji não sorria desde a morte de seu pai, ele não via motivos para isso, mas naquela manhã ele sorria. 

Porém seu sorriso desapareceu assim que desceu as escadas para tomar café da manhã. Era difícil para ele olhar para o homem que era igual seu pai e não lembrar dele. Seu tio Hiashi decidiu ficar com Neji depois da morte de seu irmão, era a única coisa que podia fazer, já que Hizashi morreu para o salvar. Neji tentava não culpar o tio por isso, sabia que seu pai faria qualquer coisa para proteger quem amava.

Se sentou a mesa ao lado da prima Hinata e de frente com Hanabi. Hinata era alguns meses mais nova que Neji, já Hanabi tinha 4 anos a menos. Apesar disso os três se davam bem, Neji tinha um senso de proteção muito grande com as primas. Fora as primas, Neji tinha apenas dois amigos, Rock Lee e Tenten. Lee era animado ao extremo, o que às vezes irritava o perolado por ser alguém que gostava de paz e Tenten era uma menina moleca, marrenta que não levava desaforo para casa. Eram uma combinação estranha, mas que se davam bem.

Neji optou por não falar a ninguém sobre seu sonho, aquilo era algo só seu, que lhe trouxe uma leveza que não estava disposto a dividir. O que não sabia era que aquele tinha sido apenas o primeiro, pois começou a sonhar com a mesma mulher diversas vezes, o que o levou a uma curiosidade sobre ela. E pesquisando descobriu que a mulher se parecia muito com uma lenda muito antiga de uma deusa chamada Amaterasu, que era a responsável pela criação do universo. Neji não acreditava nessas coisas, mas era muita coincidência a mulher que aparecia em seus sonhos ser exatamente como a descrita nos livros.

Outro coisa que notou era que só sonhava com ela quando estava agitado, preocupado com algo, ou triste. Quando estava tranquilo, não tinha sonhos, pelo menos não com a tal deusa Amaterasu, parecia que ela aparecia para lhe acalmar ou lhe guiar, pois todas vezes ela o chamava e ele nunca a alcança.

Quando Neji fez quinze anos, começou a sonhar com outra pessoa, mas ele não conseguia ver quem era. Via apenas seus olhos, que pareciam sempre entediados e com uma preguiça que dava nos nervos de Neji. Mas que pareciam brilhar toda vez que viam o perolado. Como ele queria ver mais do que os olhos, mas nunca conseguia, a imagem parecia borrada, como se tivesse desfocada. Um dia ela clareou um pouco mais, e ele pode notar que a pessoa tinha a pele bronzeada, cabelos longos presos no topo da cabeça que parecia formar uma espécie de abacaxi. Cabeça de abacaxi. Neji riu com a imagem que se formou em sua mente. Outra coisa que ele teve certeza era que era um homem. Um rapaz talvez, não tinha certeza. 

Até o momento tudo ia bem, os sonhos eram sempre calmos e tranquilos, lhe davam a sensação de paz e tranquilidade. E aqueles olhos transmitiam proteção, que sempre estariam por perto para o proteger de todo o mal. Até então nada que atrapalhasse sua vida, nada disso.

Tudo mudou quando Neji fez 17 anos e os sonhos começaram a se tornar pesadelos. O primeiro foi o pior, não que os outros não fossem tão ruins quanto. Ele andava lado ao dono dos olhos que via antes, e agora sabia que era um rapaz, de aproximadamente uns 19 anos, cabelo de abacaxi, feição entediada, pele bronzeada. Um belo rapaz, não podia negar.  Andavam tranquilamente, até que de repente ele se viu em um lugar escuro, se sentia fraco, viu então outra pessoa junto de si, e não era o mesmo rapaz. Sentiu sendo abusado, de formas que não conseguia reagir, tentava gritar mas não saia nenhum som, era o que achava, mas foi acordado por seu tio preocupado pelos gritos de Neji que não conseguia dizer o que tinha acontecido. Desde aquele dia, tinha os mesmos pesadelos, chegou a um ponto que não queria mais dormir, pois tinha medo que os pesadelos voltassem.