Neji chegou quase sem fôlego ao seus aposentos, quando estava para abrir a porta ouviu alguém lhe chamar, e o tom de voz não era nada amigável.
- O que está fazendo fora do seu quarto? O toque de recolher já passou. – disse um dos sacerdotes mais velhos que estava fazendo a inspeção para ver se todos estavam recolhidos nos seus aposentos.
- Eu... Eu estava indo buscar água, pois a minha acabou. – respondeu Neji sem olhar nos olhos do outro.
-E onde está seu jarro? – perguntou desconfiado, pois viu que as mãos de Neji estavam vazias.
- É que....
Antes que pudesse terminar de responder, foi brutalmente prensado na parede pelo outro, que o segurava pelo pescoço o asfixiando.
- Não minta para mim, sei que é mentira. E quando eu descobrir a verdade, você sabe quais serão as consequências. Não serei tão misericordioso como da última vez. Você não deveria estar aqui, ser um de nós. Não é digno. Só está aqui por uma ironia do destino. E por causa do seu pai. – sibilou e riu da cara de surpreso de Neji. – Você não sabe não é? Não sabe da verdade! Eu poderia te contar, mas qual seria a graça? Te deixar no escuro é muito melhor. – disse soltando o outro, que caiu de joelhos, respirando descompassado, tentando recuperar o fôlego.
O sacerdote virou as costas e saiu sem se importar com o estado do outro, enquanto Neji se levantava com dificuldades e entrava em seu quarto, deitando na cama ainda tentando normalizar a respiração e passando a mão pelo pescoço que com certeza ficaria marcado por causa da pressão.
“Pelo menos hoje não apanhei.” Pensou Neji.
Aquelas palavras do sacerdote ficaram rodando na mente do perolado, o que será que seu pai fizera para ele estar ali? O que quis dizer com ele não era digno? Eram muitas perguntas que infelizmente não tinha resposta. Junto com isso veio a lembrança do ‘cabeça de abacaxi’ lhe dizendo que ele não merecia nada daquilo. Queria tanto acreditar naquelas palavras, acreditar nele.
Os encontros dos dois se tornou uma rotina, ou quase, pois não eram todos os dias que se viam, as vezes ficavam vários dias sem se ver e Shikamaru entendia o outro. Ele estava quebrando as regras do templo, se arriscando. Mas ambos estavam dependentes um do outro, da paz e tranquilidade que sentiam juntos. Várias foram as vezes que acabavam cochilando um no colo do outro. Os abraços, os carinhos e o beijo na testa de despedida se tornaram habituais. Estavam tão envolvidos que nem sequer perceberam, sempre tinham um brilho no olhar, as vezes eram pegos sorrindo feito bobo ao lembrar um do outro. Neji era mais discreto, tinha que ser, mas a noite sozinho no quarto, se permitia sorrir e deixar as lembranças do ‘cabeça de abacaxi’ invadir sua mente até que pegasse no sono e sonhasse com o moreno que ainda não sabia o nome e que não se importou com o apelido que Neji o deu. ‘Cabeça de abacaxi’. Já que o chamava Neji de perolado.
Com Shikamaru não era diferente. A única diferença era que ele achava que ninguém percebia seus sorrisos para o nada, sua distração (mais que o normal), um brilho diferente no olhar, até sua mãe percebeu que estava diferente, e queria testar sua teoria sobre o que estava acontecendo com seu filho.
- Filho? – chamou Yoshino sua mãe, que estava observando o filho sentado a mesa com a cabeça apoiada nos braços e que parecia estar com o pensamento longe.
- Shikamaru estou falando com você. – chamou novamente o filho.
- Oi mãe, desculpe, estava distraído. – disse finalmente olhando para sua mãe.
- O que está acontecendo com você meu filho? Está mais distraído que o normal, anda desaparecendo todas as tardes e volta só após escurecer. Estou preocupada com você. – disse sua mãe se sentando na sua frente.
- Não precisa se preocupar mãe, não está acontecendo nada e também não estou escondendo nada, se é o que está pensando. – respondeu Shikamaru sem sair da posição que estava.
Yoshino balançou a cabeça em negação e continuou
- Se não te conhecesse, diria que está apaixonado. Tem até um brilho diferente nos olhos. – disse rindo ao ver o filho corar um pouco.
- Apaixonado? Eu? Nunca. Isso é problemático demais. – respondeu.
- Se você diz. Mas conheço os sinais. E se estiver, imagino que não é pela senhorita Shion. – continuou sua mãe.
- Mãe! Por favor, não estou apaixonado. Já disse. – disse Shikamaru se levantando da cadeira e indo para o quarto. Não queria ouvir mais insinuações de sua mãe. Mas antes de sair sua mãe falou.
- Ah meu filho, você realmente está apaixonado. E isso é realmente um problema, principalmente se seu pai descobrir. Você sabe que desejo seu bem e sua felicidade, mas tem coisas que não dá para mudar. E uma delas é seu casamento. Então seria melhor para todos, se afastar dessa pessoa, evitar sofrimentos futuros para você e para ela. – disse Yoshino com tristeza, pois viu nos olhos do filho que ele estava gostando de verdade daquela pessoa, por mais que tentasse negar.
Shikamaru não disse nada, simplesmente se retirou e foi para o quarto. As palavras de sua mãe na sua cabeça não o deixavam em paz. Estaria ele apaixonado pelo perolado? Gostava da companhia dele, das conversar, de sentir o seu perfume, gostava de fazer carinho nos seus longos cabelos sedosos e sentia uma necessidade imensa de o proteger de tudo. Sentia falta dele quando não o via, ficava preocupado achando que pudesse ter acontecido algo e ficava imensamente feliz quando o via. Arregalou os olhos quando percebeu que sua mãe estava certa. Shikamaru Nara estava apaixonado pelo sacerdote perolado. E o pior de tudo era que sabia que nunca poderiam ficar juntos, pois além de serem dois homens, o perolado estava destinado a servir a deusa Amaterasu para sempre e ele de casamento marcado. Teria que por um fim nos encontros. Mas sabia que não queria isso e nem conseguiria. “Isso é realmente problemático” Pensou antes de fechar os olhos e adormecer.
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Forever Love
Fanfiction2 jovens apaixonados... Impedidos de se amarem. Condenados a eternidade Porém sem poder se amar. Vida e morte Após anos, ou séculos, já perdeu a conta de quantas foram as vezes que se encontraram, se apaixonaram e se perderam. Um ciclo sem fim. Tud...