22. CONVITE

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Depois da noite de ontem eu sentia como se estivesse com um peso sobre meus ombros. O mal estar que eu estava sentindo superava qualquer doença que eu tenha contraído em toda a minha vida. Acho que eu não deveria ter bebido tanto.

Peguei os analgésicos que o Alec trouxera para mim na outra noite e tomei dois de uma vez. Levantei-me lentamente e fui em direção ao banheiro. Lavei meu rosto e escovei os dentes. Como sei que não terei disposição para ir para escola de motorista hoje vesti uma roupa leve e desci para o café da manhã.

Enquanto eu comia sozinha avistei a Kora se aproximar em silêncio e sentar-se à mesa com várias folhas e lápis para colorir. Logo percebi que ela desenhava algo.

— O que está desenhando? — perguntei.

— A minha família. A professora idiota pediu.

Eu sorri com sua sinceridade.

— O que eu lhe disse sobre essa palavra?

— Eu sou mais velha que você. Você não pode me dá um sermão — ela me encarou com aquele olhar sincero. Fazendo-me revirar os olhos.

Eu ainda não sabia sua verdadeira idade, mas parecia que ela iria pegar no meu pé por causa disso.

— Sua atitude de ontem não era de alguém tão velha assim — ela deu ombros — Posso ver?

Ela fez um beicinho, receosa e me entregou a folha. Eu me impressionei. Estava melhor do que qualquer desenho que eu tenha feito em toda minha vida. Ela desenhou os três irmãos ao lado dela e um homem no canto do papel. Percebi  que ela também me desenhou como uma bruxa em cima de uma vassoura e com um chapéu pontudo. Eu a encarei com um olhar sério, mas reprimindo um sorriso.

— Essa aqui sou eu? — perguntei apontando para o desenho de bruxa.

— Sim!

— Por que me desenhou assim?

— Por que é o que você é! Uma bruxa! — Kora estava com seu olhar inocente no rosto e eu não fui capaz de repreendê-la por isso. Afinal ela estava certa e eu fiquei feliz por ela ter me desenhado como parte de sua família.

— E este aqui? — perguntei apontando para o homem no canto da folha — É o seu pai?

— Sim! Oras!

— Por que ele está tão afastado?

— Porque ele está sempre distante!

Eu não sabia como reagir à resposta da pequenina. Ela pegou o papel da minha mão e voltou a colorir o desenho.

— O que quer fazer hoje? — perguntei — Podemos assistir a um filme.

Ela encarou o teto pensando em uma resposta.

— Não quero — ela respondeu após uns segundos.

— Por que não? Ontem você disse que queria assistir.

— E você escolheu aquela festa idiota — ela enfatizou ultima palavra.

— Desculpe, mas eu precisava me divertir.

Ela de repente fez uma cara de deboche. A mesma que o Dominic sempre fazia.

— Então hoje eu preciso me divertir com você. Que tal pendurar você no lustre?

Fiquei espantada. As mudanças de humor da Kora sempre conseguiam me pegar desprevenida.

— Não. Sem chances, Kora!

— Você esqueceu que eu sou uma vampira e tenho mais força que você? — ela me olhou maliciosamente.

— E você esqueceu que eu sou uma bruxa? O Dante ainda não me proibiu de usar meus poderes em você.

A Última - Saga A Última ● Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora