24. RITUAIS

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As manhãs de segunda-feira eram sempre chatas, mas essa em especial estava sendo horrível.

Eu havia passado a madrugada ensaiando o meu pedido de desculpas para a Amber, mas ela não apareceu nas aulas de inglês e nem no almoço. Minha preocupação estava nas alturas. Não nos falamos desde a sexta à noite, acho que ela está me evitando. Eu não a julgo por isso, eu fui horrível com ela e não a culparia se ela não quisesse mais falar comigo.

Lisa havia me dito que não via ou falava com a Amber desde sexta. Ela havia contado para Amber mais detalhes do meu beijo com o Dominic e ela pareceu não gostar disso. Lisa não entendeu o motivo de tanta raiva, afinal, até onde a Lisa sabia a Amber não era afim de nenhum dos Byron.

Eu esperava a aula de literatura começar. O meu beijo com o Dominic já havia virado assunto entres os alunos. Mas eu me sentia mais incomodada quando me perguntavam se estávamos namorando. E eu não tinha uma resposta para aquela pergunta.

— Olá, bruxinha — disse Dominic ao sentar-se ao meu lado.

— Oi — sorrio de lado sem querer encará-lo.

— Como está? — eu podia sentir seus olhos em mim — Está incomodada com os comentários ainda?

— Isso não me incomoda mais.

— Então o que você tem?

Eu o encaro. Perguntei-me se deveria contar a ele que o que realmente me incomoda é não saber o que somos.

Sutilmente ele colocou uma mecha do meu cabelo para trás e me encarou. Não demorou para a fofoca começar atrás de nós.

“Estão mesmo juntos”

“Mas eles não deveriam ser irmãos?”

“Eles combinam”

Respirei fundo.

— Me conte — insistiu — Não leio pensamentos.

— As pessoas acham que estamos namorando — suspirei.

— Isso te incomoda por que não quer ser vista comigo?

— Me incomoda porque eu não tenho uma resposta para isso — eu sabia que provavelmente estava me precipitando em relação aos meus sentimentos sobre o Dominic e sabia que poderia me arrepender depois, mas eu não queria pensar no depois — e não sei o que somos.

Ele sorriu e segurou minhas mãos.

— Somos o que você quiser que sejamos — ele beijou minhas mãos, uma após a outra.

Meu coração acelerou.

Eu sabia que para o Dominic era diferente. Depois de nossa conversa ontem a noite sobre seus sentidos multiplicados eu sabia que o Dominic poderia gostar de mim mais do que eu dele.

Até onde eu sei tudo o que eu tenho por ele é uma forte atração. Eu poderia estar me precipitando agora em querê-lo, mas eu realmente não queria pensar no depois. Se o Dominic me queria agora, eu me entregaria a ele sem pensar muito. E ele estava confirmando que nos queria junto.

Abri um largo sorriso para ele. Ficamos as duas aulas de literatura de mãos dadas. Às vezes eu me pegava sorrindo por nada, como uma boba apaixonada. Eu gostava de sentir sua mão apertar a minha mesmo que ela me lembrasse a noite fria.

Caminhei para a última aula do dia, a aula de misticismo. Dominic queria me acompanhar até a sala, mas se a Amber estivesse me esperando eu não queria que ela me visse com ele.

A Última - Saga A Última ● Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora