Capítulo Quarenta e Oito

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🥰 LÉO - 15 ANOS DEPOIS

Daqui a algumas horas desembarco em Barcelona acompanhado da minha companheira Laura que está grávida de seis meses do nosso primeiro filho. É um momento especial na minha vida e eu estou indo me juntar a minha família para celebrar. Nós já havíamos nos casado há dois meses no Brasil apenas no civil e deixamos para comemorar agora, junto com aqueles que nos querem bem.

Laura tinha uma história de vida muito parecida com a da minha mãe. Seus pais eram falecidos, ela não tinha parentes próximos e se virava sozinha. Era uma batalhadora que trabalhou e estudou muito para conseguir um futuro digno. Acho que foi isso que me encantou nela. Laura era arquiteta e nos conhecemos numa das vezes em que tive que apresentar o meu projeto de moradias sustentáveis a possíveis patrocinadores. Ela adorou o projeto e quis participar. A partir dai não nos desgrudamos mais. Estamos indo para Barcelona, pois minha mãe e minha vó Lim decidiram realizar uma cerimônia em comemoração a nossa união e a chegada do nosso rebento com a presença de toda a família.

Minha mãe falou um monte quando soube que eu iria me tornar pai aos vinte e quatro anos e consequentemente ela se tornaria avó aos quarenta e três. Isso porque ela se achava nova demais para ser avó. Eu até achei que ela realmente havia ficado chateada com a notícia, mas era só brincadeira. Ele passava o tempo me enviando mensagens e pedindo que eu voltasse para Barcelona, pois ela nos queria perto, todavia isso não estava nos meus planos, pelo menos não por enquanto, visto que minha vida profissional, bem como a da minha esposa estava toda encaminhada no Brasil.

Escolhi a área de engenharia civil como profissão e logo depois que me formei me mudei para o Brasil, pois era o local onde pretendia por em prática um dos meus grandes sonhos: Construir casas sustentáveis para pessoas de baixa renda. Ainda na faculdade o meu projeto de casas populares em containers com sala, cozinha, banheiro e quarto foi muito bem visto pelos meus professores que me incentivaram e ajudaram a aprimorar ainda mais o planejamento acrescentando um sistema de isolamento térmico. Dessa forma, pessoas carentes poderiam morar de forma digna, barata, segura e confortável.

Foi difícil conseguir juntar patrocinadores além do meu pai e do meu avô para captar os recursos que pudessem viabilizar meu projeto, mas com muita paciência e perseverança consegui reunir empresários que almejavam um mundo melhor e tinham consciência de que suas doações teriam um impacto positivo na vida de muitas pessoas. Consegui também mobilizar um número considerável de voluntários que podiam ajudar com mão de obra e em conjunto com órgãos competentes realizamos uma seleção de comunidades carentes que necessitavam de moradias dignas começando por Campina Grande.

A entrega das primeiras moradias foi emocionante pra mim. Ver o meu sonho de menino materializado diante dos meus olhos e as pessoas tão agradecidas e felizes por terem um teto decente e seguro foi gratificante. O meu projeto foi bem aceito e acabamos por realiza-lo também em outros estados conseguindo o apoio do governo. Paralelo a isso eu tinha o meu próprio escritório onde Laura era minha sócia. Nós prestávamos serviços para grandes construtoras e comercializávamos projetos completos e diferenciados de casas containers.

​O meu próximo desejo era levar o projeto para o país onde meu pai nasceu. Apesar do desenvolvimento acelerado e da riqueza a Coréia do Sul era um país em que uma quantidade considerável de idosos viviam abandonados na pobreza. Alguns porque não achavam justo serem sustentados pelos filhos e outros porque os filhos não criaram espaços em suas vidas para cuidar dos pais os deixando sozinhos. Essas pessoas muitas vezes passavam necessidade e viviam em condições de moradias deploráveis. Não sei quando eu poderia realizar esse meu desejo, mas com certeza com o apoio do meu pai eu conseguiria chegar até o outro lado do mundo e ajudar muito mais pessoas.

Doce Companhia - Min YoongiOnde histórias criam vida. Descubra agora