Passado
Alec
Quando finalmente pensei em ter um momento de paz e tentar conversar com Magnus a respeito de como ele se sentia com a situação da noite passada, ouvi a porta da frente batendo. Tudo bem, é claro que eu sabia que falar sobre aquilo poderia trazer lembranças dolorosas demais, as quais ele provavelmente gostaria de esquecer, mas, em algum momento tudo viria à tona, e eu, verdadeiramente, gostaria de ajudá-lo. Não sabia o porquê, mas sentia, necessitava, apoiá-lo, estar ali para ele.
Contudo, meus planos foram por água abaixo. Tinha a certeza de que quem entrava em meu apartamento sem cuidado algum era Isabelle. Obviamente, pois só ela, além de mim, tinha a chave.
Mais óbvio ainda foi ver que Magnus logo se sentiu acuado e incomodado. Vi seus ombros ficarem tensos e seus olhos se arregalarem minimamente. Suspirei internamente. Contornei a situação, dizendo-lhe para tomar um banho se quisesse, mas, na realidade, queria organizar os meus pensamentos para que eles não se focassem no corpo escultural do outro.
Funcionou por certo tempo, mas tê-lo no mesmo ambiente que eu, fora do trabalho, me dava arrepios, mesmo que eu estivesse na cozinha preparando algo para comermos, pois já se passava algumas horas desde o almoço, enquanto ele se esgueirava silenciosamente na sala.
Existia, além disso, um detalhe principal: minha irmã se encontrar no mesmo local. Izzy poderia ser um pouco sem noção às vezes.
Porém, por incrível que pareça, tudo correu muito bem, até demais. Achei esquisito o fato de Izzy estar se comportando como uma pessoa civilizada e não estar empanturrando Magnus de perguntas dos mais variados tipos. Eu só ficava observando sua interação superficial com minha irmã, escutando atentamente suas respostas.
A certo ponto, ele se levantou ansioso, afirmando que precisava ir para casa. Concordei, mas não por querer expulsá-lo, longe disso, eu estava tão confortável com ele em minha casa que até me assustei com isso. Contudo, ele disse que o gatinho deveria estar com fome e foi buscar o resto de suas coisas em meu quarto.
Era engraçadamente singular a maneira que eu me sentia um completo idiota por simplesmente ter dividido a cama com ele, fora de um contexto sexual. Foi confortável e tranquilo e eu nunca imaginei que conseguiria me sentir tão aconchegado com alguém que não fosse Izzy ou Max.
O observei sumir pelo curto corredor distraidamente, mas ouvi Izzy coçar a garganta para me chamar a atenção. Me arrependi instantaneamente de olhar para ela. Não sabia o que se passava por sua cabeça, mas tinha certeza que eu não iria gostar.
Seu olhar era divertido e inquisidor. Elevei as sobrancelhas em questionamento de seu comportamento, infelizmente, corriqueiro quando se tratava da minha vida.
"Alec, você está apaixonado." - Ela nem se deu ao trabalho de perguntar, era como se lesse minha mente e isso me deixou aterrorizado.
"O quê?" - Perguntei, quase engasgando com o ar de nervosismo.
"Não minta pra mim!" - Foi incisiva, apesar de manter seu tom baixo.
"Eu não disse nada!" - Rebati na defensiva.
"E nem precisa, te conheço desde que nasci, Alec. Você está estranho faz um tempo e suspeito ser por causa desse homem asiático." - Afirmou, me deixando em choque. Senti que minha pressão estava baixa, pois suava frio. - "Eu entendo, inclusive, ele é lindo." - Tentou amenizar um pouco a situação ao ver que eu estava prestes a desmaiar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Yes, Capitain (Malec)
RomansMagnus não imaginou que, ao conhecer Alexander Lightwood, com as bochechas coradas e o olhar doce e tímido, ele se transformasse em uma cena. Capitão nunca seria mais a mesma palavra aos seus ouvidos.