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Pai
Magnus
Acordei com a cabeça latejando tanto que pensei que fosse morrer. Meu corpo estava dolorido de ficar por horas na mesma posição. Olhei para o horário no meu celular e já se passavam das nove horas da noite, sendo que não era nem a hora do almoço quando me enclausurei no meio dos cobertores para lidar com toda aquela pressão no meio peito. O melhor jeito era dormir.
Levantei devagar, alongando o pescoço e os braços, e fui em passos lentos para a pequena cozinha, estava com fome, apesar de não ter intenção nenhuma de cozinhar algo. Decidi fazer um sanduíche simples e me sentei na mesinha que dividia a sala e a cozinha, mexendo no celular pra me distrair.
O que não funcionou muito, pois as lembranças daquele dia arrebatavam minha mente e meu coração como ondas furiosas se chocavam contra uma costa rochosa.
Eu, que pensava não ter mais lágrimas para chorar depois de ter desabado atrás da porta, senti meus olhos marejarem de novo, mas me forcei a engolir o choro. Eu não conseguiria nada chorando pra lá e pra cá, ainda precisava pôr comida na mesa e pagar o hospital. Mesmo que minha maior vontade no momento fosse desistir de tudo.
Eu sabia, eu fui informado, que algum dia ela poderia me esquecer e que seria bastante doloroso, mas não pensei que isso fosse comprimir o meu peito de uma forma avassaladora. E o pior de tudo é que não havia nada a ser feito, ele IRIA se esquecer de mim em algum momento, seu caso era irreversível.
A demência frontotemporal é responsável por até 10% das demências, e é a degeneração crônica e, geralmente, irreversível da cognição. Afeta principalmente a memória e costuma ser causada por alterações anatômicas no encéfalo.
Eu já havia lido essa frase milhares de vezes. Li artigos, vi entrevistas e procurei todos os tipos de tratamentos para essa condição e todos diziam a mesma coisa. Irreversível. Os médicos disseram que mesmo que tivéssemos descoberto as alterações no estágio inicial, era provável que já não houvesse o que ser feito.
Não me lembro exatamente de quando as coisas começaram a ficar estranhas, mas os sintomas sempre estiveram presentes, mas se manifestaram intensamente depois do acidente. Depois que ....
Balancei a cabeça, afugentando as novas lágrimas, as memórias, que para a minha mãe fugiam de seu controle, em mim despejavam como uma enxurrada, abarrotando novamente minha mente e meu coração.
"Amaya, você se esqueceu de comprar sabão?" - Tia Hanna pergunto, estranhando o silêncio de minha mãe.
"Esqueci, Hanna, desculpe." - Passou a mão na cabeça como se estivesse com dor.
"Tudo vem, maya, eu vou buscar." - Pegou a bolsa e as chaves e saiu pela porta. O mercado era perto de onde morávamos, então em cerca de dez minutos ela estaria de volta.
"Tá tudo bem?" - Perguntei preocupado.
"Está sim, bebê, só estou um pouco sobrecarregada do trabalho." - Sorriu pequeno para mim, seus olhos esverdeados formando ruguinhas ao seu redor.
"Mãe, eu não sou mais bebê!" - Cruzei os braços, fingindo estar irritado.
Ela se levantou da cadeira em que tinha se apoiado, andou até mim com um olhar divertido, apertou minhas bochechas entre suas mãos, formando um biquinho em meu rosto.
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Yes, Capitain (Malec)
RomantizmMagnus não imaginou que, ao conhecer Alexander Lightwood, com as bochechas coradas e o olhar doce e tímido, ele se transformasse em uma cena. Capitão nunca seria mais a mesma palavra aos seus ouvidos.