Capítulo 10

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                                                                                    Saudade


Magnus

Quando acordei, percebi que estava numa cama que não era minha. Me assustei a princípio, observando cada canto daquele lugar. Era tudo muito organizado e as cores neutras passavam uma calma que não habitava em mim. A noite passada passava em um looping eterno em minha mente e meu peito se apertou com os acontecimentos. Senti meus olhos marejarem e meu nariz arder, mas me recusei a chorar, a dor não iria passar e já sentia minha cabeça doer.

Não havia claridade por cauda da cortina que cobria provável janela, e suspeitei que ainda era de noite, mas era possível notar a silhueta de um braço passado pela minha cintura. Me lembrava vagamente das coisas depois de sair da boate, era tudo uma confusão sem fim, meus pensamentos e meus sentimentos estavam completamente embaralhados.

Um medo súbito transpassou meu corpo e virei o rosto devagar para trás, suspirando audivelmente aliviado ao ver o rosto de Alec próximo ao meu, contra o travesseiro. Sua respiração era calma e ele parecia dormir pesado. Haviam olheiras em baixo dos seus olhos e uma ruga de preocupação entre suas sobrancelhas.

Tentei me virar com cuidado e, quando consegui, pensei o ter acordado, pois seu braço se apertou ainda mais a mim, me deixando colado em seu peito desnudo. Olhei para cima, mas o encontrei ainda em sono profundo. Relaxei contra o colchão macio novamente, não gostaria de tê-lo acordado. Levantei um dos braços com dificuldade, tendo que tirá-lo de dentro da coberta quentinha e passei um dos dedos levemente em sua testa, desfazendo os pontos de tensão.

Sua expressão se suavizou imediatamente e ele parecia mais tranquilo agora. Repousei o braço sobre o seu e passei a observar seu rosto de perto. Não conseguia compreender como ele podia parecer mais bonito ainda apenas dormindo.

A boca sempre rosada, o nariz afilado, o maxilar delineado, a falha adorável na sobrancelha, os cílios compridos e negros como seus cabelos, os quais estavam desalinhados e a barba sempre para fazer. Ele era tão lindo. Imperceptivelmente, passei as costas dos dedos por sua bochecha que não estava contra o travesseiro.

Sabendo que ele nunca saberia disso, me inclinei em sua direção, selando nossos lábios delicadamente, num selinho casto. Rapidamente me afastei, com medo de que ele acordasse e a situação até o momento terna e calma, se tornasse estranha e desconfortável. Me aninhei em seu abraço, me acomodando, com o rosto entre seu pescoço e seu peito e fechei os olhos, cansado. Rapidamente fui puxado para o mundo dos sonhos outra vez.


*


Acordei novamente pouco tempo depois, pelo menos era o que me parecia. Minha mente conturbada não me permitia ficar em paz nem por algumas horas, durante o sono. Suspirei silenciosamente, levantando a cabeça e notando a claridade do quarto. Já havia amanhecido e eu não fazia nem ideia de que horas eram. De fato, eu não conseguia nem raciocinar para saber que dia era.

Alonguei o pescoço, quase que ronronando ao sentir os músculos se distenderem prazerosamente. Com a cabeça para cima, observei Alec se mexendo levemente. O rosto raspando contra o travesseiro e as pálpebras se abrindo aos poucos, os olhos azuis límpidos de tudo o que aconteceu.

Abaixei os olhos para seu peito, sentindo minhas bochechas esquentarem ao ter seu olhar analítico sobre meu rosto. Eu tinha plena noção de que não deveria estar nem minimamente apresentável, meus olhos deveriam estar inchados, a boca ressecada e olheiras pela noite não tão bem dormida.

Yes, Capitain (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora