medos.

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Uma brisa gélida adentrava a janela de Jungaa numa noite recém chegada, sua mãe havia saído e apenas na casa imensa restava o pai, que trabalhava no escritório particular e a própria garota. Havia tomado seus hormônios horas antes, para que seu corpo permanecesse em transição, a genética caso tivesse nascido como garota cis seria ótima. Quando trocou as medicações na última vez, gerou resultados positivos e ela só queria poder estar cada dia mais confortável com o corpo que tinha.

Não recebeu nenhuma mensagem de Taehyung, ele sempre lhe desejava boa noite e bons sonhos, o via online, esperava em chat aberto mas nada portanto desta vez decidiu tomar atitude e lhe desejar boa noite, recebendo como resposta apenas um "Boa, você também." Gostaria de perguntar o que lhe incomodava, mas tinha medo do rumo que aquilo se tornaria, pois sentiu que o mais velho estava estranho desde a última conversa em que tiveram.
Recordou da desculpa esfarrapada quando lhe disse que não poderia almoçar consigo, pois segundo o mesmo, recebeu uma mensagem da mãe lhe dizendo que precisava de ajuda em casa, fora a carona que havia ganhado da qual foi silenciosa, sempre ouvia o acastanhado falar mesmo que bobagens.

Havia se acostumado com ele, com o jeito adorável, e como se sentia protegida ao seu lado e até mesmo como ele lidava consigo nos momentos em que estava péssima e o garoto estava sempre á disposição.

A perna esquerda doía, lembrou quando a moveu de leve, pois uma vez no mês um dos hormônios que tomava eram infetados por uma agulha e durante os dois dias seguidos andava mancando e com certas dores ao pisar. Estava acostumada, por isto apenas calçou os chinelos e saiu do cômodo guardando o smartphone nos bolsos do moletom, indo buscar a sobremesa que havia recusado, por instantes estava arrependida de não ter comido pudim de chocolate, era seu favorito.

— Acordado? — O homem de terno passava por sí, com uma maleta em mãos, parecendo ir buscar um copo de água na cozinha. Andava sempre elegante, sério, bem penteado e cheiroso por onde quer que fosse.

— Ainda tá cedo, você vai sair? — Ignorou o erro, era sempre daquela forma.

— Vou, esqueci uns documentos na empresa e decidir terminar algumas pendências ainda hoje.

Pausou, terminando de beber o líquido incolor e Jeon então abaixou a cabeça.

— Vê se não fica acordado até tarde, amanhã tem escola, e você anda chegando muito atrasado.

— Acordada, e atrasada.
Abriu a geladeira, tirando a vasilha pequena de vidro e a colocando sobre a banca.

— Eu não quero me estressar com isso. — O homem cortava o assunto e deixava o copo sobre a bancada da própria cozinha, para que caminhasse fora do cômodo em que estavam.

— Você nunca para pra pensar em como eu me sinto, não é? — Parou em frente à saída da americana, e de costas, suspirava fortemente tanto que pôde ouvir o ar ser puxado pelos pulmões de forma brusca, e agora a olhar por cima dos ombros.

— Errada está a sua mãe de permitir e de fazer todas as suas vontades, de alimentar esse tipo de fantasia na sua cabeça.

— Não coloca ela nisso.

— Cale a boca, quem está falando agora sou eu. — O tom havia mudado, e o homem se virou em direção a Jungaa que se segurava para não ter nenhum tipo de crise em frente ao pai.

— Quando você surgiu, me tornei um homem feliz, e completamente encantado com a idéia de que a minha vida e a da sua mãe mudaria completamente. Afinal, depois de quatro anos casados, queríamos um filho. — Explicava e Jeon assistia tudo quieta.

— A sua mãe fez a ultrassom, recebemos a notícia de que havíamos ganhado um menino. Um menino saudável, que se mexia muito e emocionava qualquer um quando ouvíamos o seu coração bater. — Pausou, encostando o antebraço sobre a porta.

Singularity. - Taekook.Onde histórias criam vida. Descubra agora