O universo permite o que aguentamos

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Depois de um tempinho sumida, cá estou eu com um atualização fresquinha.

Boa leitura. Se atentem às notas finais

POV Lauren Jauregui

Acordei lentamente com a visão turva que aos poucos foi se estabilizando, olhei ao redor e notei estar em um quarto de hospital. Minha mente ainda não havia ligado os pontos sobre o que aconteceu, tudo ainda estava um tanto confuso. Em meu campo de visão logo apareceram meus pais, minha mãe estava chorosa e meu pai estava ao seu lado a abraçando, eles me observavam calados talvez esperando que eu esboçasse algo porém minha mente estava tão confusa que eu nem sequer consegui formular algo, apenas devolvi o olhar intercalando entre os dois

-Como se sente meu amor? -meu pai perguntou passando a mão no meus cabelos

-Confusa... O que aconteceu? -perguntei tentando me lembrar com exatidão

-Você foi abordada por dois homens e um deles acabou atirando em você -mama foi quem falou dessa vez

Assim que ela terminou de falar olhei o teto e comecei a organizar meus pensamentos, eu havia me recordado de tudo o que aconteceu. Eu estava indo para a delegacia após descobrir toda a verdade sobre Camila, estava indo em busca de mais informações quando me abordaram e se ela está por trás do roubo foi ela que mandou tentarem me matar.
Respirei fundo e senti meus olhos marejarem, eu havia confiado em Camila, havia criado sentimentos por ela e ela só me usou... Por isso seu interesse todo em mim, queria me usar em seu benefício para se safar.
Meus pais notaram que eu havia me alterado um pouco e decidiram sair para chamar o médico, apenas fiquei quieta ainda pensando em todos os ocorridos, senti um incômodo no corpo, uma dor que não sabia identificar exatamente aonde era mas sabia que eram as consequências do tiro, decidi tentar me ajeitar na cama e tentei me sentar para ficar de um jeito mais confortável.
1...2...3 tentativas de tentar me mexer e nada, as minhas pernas não correspondiam aos meus comandos, eu tentava e nada, eu não as sentia de maneira alguma.
Tentei me acalmar e esperei que voltassem com o médico, talvez só seja uma dormência pelo tempo que passei deitada, não deve ser nada grave

-Olá senhorita Jauregui, que bom que acordou, como se sente?-Meus pais voltaram com o doutor e ele veio conferir como eu estava

-Eu poderia estar melhor... Estou um pouco atordoada e a cabeça dói um pouco. Doutor eu não estou conseguindo me mover, quando isso vai passar? -perguntei e eles se entreolharam

-Senhorita Jauregui... é uma situação bem delicada... Ao que tudo indica, você perdeu os movimentos já que a bala pegou bem na sua coluna e acabou fazendo algumas lesões que ainda não conseguimos identificar o tamanho da gravidade. Peço que mantenha a calma e tente descansar o máximo possível, assim que a situação ficar mais estável iremos encaninhá-la para fazer exames que irão nos mostrar as soluções para seu caso para que possamos tratá-la da melhor forma possível

Eu estava desnorteada olhando um ponto fixo e tentando digerir as informações, eu ficaria sem andar e dependendo da gravidade eu nunca iria poder recuperar meus movimentos, em pouco tempo as coisas foram do céu ao inferno e tudo mudou radicalmente.
Tudo tem um preço, e talvez eu esteja pagando agora.
O doutor perguntou se eu estava bem e eu apenas assenti, ele falou algumas coisas que nem sequer prestei a atenção e em seguida saiu do quarto, meus pais seguravam a minha mão e falavam a todo momento que tudo ia ficar bem, eu queria poder acreditar nisso mas não é de se esperar muita coisa quando falam que você ficará presa em uma cadeira de rodas

Fiquei algum tempo em transe pensando em como seriam as coisas daqui pra frente, apesar de tudo isso eu iria até o fim para desmascarar Camila, as coisas não iriam acabar assim, não mesmo!
Me mantive perdida em meus pensamentos até que percebi a enfermeira entrar no quarto, ela me informou que iria injetar um remédio em minha veia e isso faria com que eu dormisse, apenas concordei e fiquei a olhando com atenção até sentir meus olhos pesarem e acabei caindo num sono profundo.

POV Narrador

As notícias já percorriam por Miami, Michelle Collins, a investigadora que estava à frente do caso da William's Enterprise havia sido baleada por um dos suspeitos de roubar a empresa, vários veículos de notícia já estavam falando sobre o ocorrido, as mídias sociais esperavam algum posicionamento de Josh sobre o ocorrido porém nada foi feito.
Alguns jornalistas se encontravam na porta do hospital na esperança de poder falar com Lauren, queriam saber dos detalhes, queriam ter conteúdo para estampar em suas páginas no dia seguinte mas a segurança do local os impediu de entrar à pedido dos pais dela.

À essas alturas Ally já estava ciente do ocorrido, recebeu mensagens dos colegas de trabalho a alertando o que se passara, se sentiu na obrigação de dar um tempo nas investigações, apesar da promessa de ajuda que fez para aquelas pessoas em situação de trabalho escravo, ela queria estar com Lauren, queria dar seu suporte e apoio em tudo o que ela precisasse, sem contar que Ally ficando perto de Lauren iria saber tudo o que aconteceu e assim poderia seguir adiante com o plano.
Já estava arrumando as suas malas e iria embora no dia seguinte no primeiro horário.

Do outro lado, Camila estava com Dinah em sua sala aflita querendo saber sobre Lauren, não podia simplesmente ir ao hospital pois sabia que não iriam passar informações e por outro lado havia se formado uma aglomeração de pessoas na porta da empresa esperando um posicionamento, ela sabia que Josh não daria explicações pois pouco o importava o que havia acontecido com Lauren, e se por algum milagre ele resolvesse falar seria apenas para se sair bem em frente as câmeras.
Sua crise de ansiedade estava à ponto de iniciar e Dinah tentava acalmá-la com copos de água e sempre tentando dizer coisas para tranquilizá-la. Camila estava se sentindo super culpada com tudo isso, já se encontrava aos prantos só de imaginar perder Lauren por tentar satisfazer seus desejos de vingança e por colocá-la em tal situação, isso não podia acontecer ainda mais agora que... que iriam ter um filho.
Queria informações sobre a morena mas sabia que se fosse visitá-la mal ia conseguir olhá-la nos olhos pois o sentimento de culpa iria vir como um soco em seu estômago trazendo à tona novamente toda aquela sensação ruim.

As coisas agora haviam saído totalmente de rumo porque apesar das investigações terem parado, ainda sim haviam pendências a ser resolvidas e todos esses ocorridos acarretariam em grandes consequências.
Era certo que as coisas iriam mudar para a investigadora, mas também haveriam mudanças para todos ao seu redor.
Todos nós temos limites e a partir do ponto que o ultrapassamos e chegamos ao extremo, devemos arcar com as consequências independente de como elas sejam e do peso que elas tenham.

Obviamente, muitas dessas consequências estariam indo para a pessoa errada, mas em algumas situações há males que vem para o bem. O universo permite aquilo que podemos aguentar.


Notas finais: Decidi escolher esse nome para o cap porque queria que refletisse sobre esta frase, se for aplicar no contexto da fic vamos ver que se tem toda essa situação acontecendo é porque vai dar em algo depois mas as vezes também podemos aplicar na nossa vida, só nos é concedido aquilo que suportamos independente de coisas boas ou ruins...

Criminal (Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora