Capítulo 7 - "Silena me presenteia"

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No almoço sentei ao lado dos irmãos Stroll e, como estava na ponta que ficava próxima à mesa de Hefesto, ao lado de Beckendorf. Nosso diálogo tinha um contexto sério, mas fora formulado de forma engraçada. Eu era quase que uma mera ouvinte. Os Stroll, eu, Beckendorf, os Stroll, Beckendorf, eu e o ciclo se repetia.

- Filha de...

- Não sei ainda.

- Acho que ela é filha de Ares.

- Não, gentil demais.

- Talvez Dioniso.

- Não, muito obrigada.

- Nossa irmã?

- Nunca roubei nada.

- Talvez se descubra como MINHA irmã.

- Não, não. Temos certeza disso.

- O que vocês querem dizer com isso?

- Ei, garotos! Talvez seja apenas uma mortal.

Nos entreolhamos e começamos a rir. O almoço acabou e decidi caminhar um pouco. Mal tinha saído do pavilhão e Phoenix veio ao meu encontro.

- Você tem que me seguir. – Nem respondi e já fui puxada pelo pulso. Ele parecia muito nervoso. Fomos correndo até a Casa Grande e nos escondemos na varanda. Estávamos parados, grudados na parede, tentando controlar a respiração. Phoenix estava com um tênis esportivo, camiseta regata do acampamento, uma calça cinza de moletom e em suas mãos e braços, acessórios essenciais para arqueiros em guerras. Não sabia onde estava seu arco, suas flechas ou como ele vira urgência na Casa Grande. Estava meio descabelado e havia suor em sua face. Abri minha boca para perguntar algo que mal me lembro. Ele olhou para mim e tocou meu pulso. Sinalizou com a cabeça para que trocássemos de lugar. Sua boca se moveu e formou "Escute-os". Quíron e Sr.D conversavam com urgência, e isso já era ruim. Para piorar, falavam sobre mim.

- Eles irão reclamá-la. Sinto isso.

- Sr.D, - Quíron tentava acalmá-lo. – Ela é extremamente importante. Irão se conectar com ela esta noite. Talvez a profecia se cumpra antes do previsto.

- Ela tem de morar no acampamento. Annabeth me contou sobre o incidente em seu chalé. Pelos deuses, teremos um desafio e tanto.

- Sim. Mas temos de lembrar que os pais dela irão reclamá-la no tempo certo para que seu primeiro desafio seja concluído.

- Temos de confiar neles. – Sr.D se jogou em sua poltrona. – Quíron, retome as atividades do dia, por favor. Preciso descançar.

Phoenix me puxou e se sentou em uma pedra perto da escada externa que saia da varanda da casa.

- E então? – Disse ele tentando sorrir de modo convincente. – Como você está?

- Eu não sei. – Abaixei os olhos e sentei na grama ao lado dele. – Eu não entendo... Me pareço com todos, mas ao mesmo tempo com nenhum deles. Estou começando a achar que sou uma aberração.

Phoenix sorriu e balançou a cabeça em negativa. Gentilmente tirou uma mecha de cabelo de minha testa e suspirou.

- Não, uma aberração? Acho que é o oposto. A estrela – disse ele apontando para meu colar. – significa que uma pessoa especial chegaria para se tornar o herói que salvará os outros heróis. E eu acredito que a estrela seja você.

Olhei pasma para ele, mas logo sorri. Não sabia se ele estava certo, só tinha certeza de que ele me fizera sentir melhor.

- Obrigada. Sabe, tenho certeza de que um herói precisa de amigos leais.

Phoenix corou e abaixou a cabeça. Logo se recompôs e respondeu de forma amável.

- Depois de alguns anos aqui, acho que encontrei uma amiga verdadeira. – Antes que pudesse responder, Quíron soou a concha anunciando o início da segunda bateria de atividades. Para resumir, na esgrima fiz o chalé de Ares ganhar já que derrotei doze campistas do chalé de Hermes. Na competição de cavalgada levei o chalé de Hefesto à liderança. Lógico, resolvi omitir as coisas estranhas das atividades como cavalos conversando telepaticamente comigo. Durante a tarde descobri que posso mexer até que bem com metais. Só de tocar e pensar no que quero, começo a moldar o metal.

Devo admitir que foi um longo dia. Tomei banho e quando estava voltando para o chalé, avistei Silena, a filha de Afrodite, andando de um lado para o outro na porta do chalé de Hermes.

- Ai está você! – Disse ela com um sorriso e os braços abertos. – Venha, vou ajuda-la.

Não estava entendendo. Silena falava coisas relacionadas a uma "festa de verão", vestido, cabelo, beleza, diversão e raridade.

- Hum, Silena? – Estanquei na porta de seu chalé. Queria processar tudo com calma. – O que está acontecendo.

- Ah, bobinha! Logo ali! – A jovem apontou o dedo para o centro do acampamento: uma fogueira alta ao centro, luzes ao redor da fogueira penduradas nas árvores e construções principais, mesas repletas de comida, náiades e sátiros arrumavam a festa – todos bem vestidos- enquanto Quíron e o Sr.D – também bem vestidos – supervisionavam todos os procedimentos.

- A festa de verão. – Disse Silena sonhadora. – Todos se embelezam e se divertem. Uma boas-vindas perfeita. – Ela piscou e me puxou para dentro.

A porta abriu e um cheiro intoxicante de rosas soprou em meu rosto. Camas com edredons de seda, penteadeiras e armários. Todas as garotas e alguns meninos me olharam e sorriram.

- Meninas, vamos ajudá-la. – Ela me colocou sentada de frente para uma das penteadeiras. – Como você é nova aqui, vamos aprontá-la para a festa. Não se preocupe, está em boas mãos.

Juro que elas devem ter me aprontado em menos de meia hora. Meu cabelo estava preso na franja com uma coroa rose de flores, o resto estava liso e cacheado nas pontas – me surpreendeu que elas o tivessem lavado em menos de cinco minutos. Minha maquiagem era suave: um batom clarinho, lápis preto esfumaçado, rímel preto e uma base que parecia mágica. O vestido era rose com detalhes de ramos e folhas douradas. Curto na frente e mais longo atrás, feito de um tecido durinho. Estava com um colar de ave dourado e uma pulseira fina de ouro. Minhas sapatilhas eram transparentes com pequenos brilhinhos por toda ela. As únicas coisas que eram minhas talvez fossem o perfume e os brincos. Me impressionou o fato de terem transmitido que sou, mesmo maquiada e muito arrumada.

- Meninas! Estou sem palavras. – Olhei para elas e sorri. – Muitíssimo obrigada! Devolverei tudo amanhã.

- Não precisa! – Disse uma garota ruiva. – É um presente nosso.

- Vamos, Helena! – Disse Silena me puxando pela mão. – Temos uma festa pela frente! 

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