Capítulo 10 - " Presentes nunca são demais "

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Devo dizer que a festa não acabou depois da história do Oráculo. Todos dançavam felizes, enquanto eu conversava com Quíron e o Sr.D.

- Bem, devo dizer que já desconfiava. – dizia Quíron de um modo sombrio. – Saiba que tudo será muito duro para você, minha jovem.

- Não só duro, mas trabalhoso. – O Sr.D me parecia muito nervoso. Mais do que o normal. – Só lhe peço que não coloque em riso o acampamento.

Fui dispensada com um gesto só. Perambulei ao redor de todos e logo decidi ir para o chalé. No caminho, três náiades me barraram.

- Não, não. Chalé errado. – Disse uma delas.

- O chalé de Hermes não lhe pertence mais. Você agora tem dois. – Uma menorzinha se aproximou.

- Escolha: chalé de Athena, com seus irmãos, ou chalé de Zeus, só para você. – A mais cheinha se aproximou.

Ponderei um pouco. Ficar sozinha não me parecia divertido, mas será que ficar no mesmo chalé que Annabeth era uma boa ideia?

- Chalé de Zeus, por favor. – Disse confiante de que era a escolha certa.

Não era uma construção muito rebuscada por fora, mas era reconfortante por dentro. Ao abrir as portas, uma parede barrava a vista completa do local. De um lado – se seguisse o caminho da esquerda – uma cozinha simples com uma pia e uma bancada de pedras marinhas. Logo do lado oposto, sofás e uma mesinha redonda de jantar feita de vidro. Algumas estantes pequenas repletas de livros. No caminho da direita, passávamos para um quarto com escrivaninha e computador. Uma cama com os pés virados para uma pequena janela idêntica à da cozinha. A parede que cobria a vista de tudo na entrada cobria a vista de um píer de madeira que levava à água. Viam-se árvores de um lado e rochas do outro. Ao fundo, o estreito de Long Island iluminado pela luz da Lua. Logo na entrada deste mini paraíso, duas estátuas de cachorros guardavam o local.

- Boa noite! – gritaram em uníssono as três estranhas náiades.

Explorei o local e só então percebi que sobre a cama havia um estojo preto de couro. Um estojo de violino. Reconheceria em qualquer lugar, já que estudava o instrumento fazia algum tempo. Me aproximei, corri o zíper pelo objeto e abri a caixa. O violino era de madeira clara, sem brilho ou detalhes. Um arco de madeira claro e uma crina... Não, não era crina: fios feitos de raio de Sol. Cordas pratas, exceto pela corda mais aguda, feita igualmente de raios de Sol. O som era magnífico, e poderia ter tocado o dia todo se não fosse por um bilhete em papel branco. Letras corridas e douradas formavam a frase:

Espero vê-la em breve, priminha. Confio em você. ~ Apollo

Na cabeceira da cama, um relógio dourado, daqueles de bolso, só que sem a corrente. Um bilhete branco com letras azuis e embaraçadas:

Aperte o botão na lateral e vá para onde quiser. – Hermes

Um cubinho de metal estava ao lado, com um papel bronze e letras garrafais pretas:

Pense no que quiser e segure firme, logo terá o que quiser. ~Hefesto

Assim abri diversos presentes: um batom de Afrodite, um punhal de Ares, um arco e flecha igual aos das Caçadoras de Ártemis, pó de arco-íris de Íris, balas do sono de Hipnus, sementes de Deméter, um colar mágico de Hécate, chamas em pó de Hestia, vinho de Dioniso, um chicote de Equidna, um anel de Eros, tênis mágicos de Nike e de Hera, uma coroa de louros dourada. Cada um com uma magia única. Ao terminar de arrumá-los em prateleiras ao redor do chalé, uma brisa forte roçou meu rosto fazendo uma caixa prata e pequena aparecer em minha cama. Um bilhete branco perolado com letras agressivas em prata marcavam os dizeres:

Use Com sabedoria

Não sei como, mas reconheci a letra. Era de meu pai, Zeus. Abri a caixa cuidadosamente e um bracelete prata delicado brilhou para mim. Coloquei-o no pulso e apertei o pequeno enfeite que brilhava incessantemente. Um escudo grande, prata brilhante se abriu. Emanava muita luz e uma aura de força extrema. Aegis. Um escudo com a cabeça da Medusa entalhada logo no centro, de forma tão realista que me assustara. Fechei o escudo e percebi a presença de uma náiade em meu quarto.

- Um presente para a sobrinha dos mares.

Seguia-a até o píer, onde ela levantou uma onda e da água, formou um tridente grande e prata fosco. – Seu tio tem orgulho em lhe dar isto.

Ela se foi e me deixou só com tridente em mãos. Pensar que Poseidon era meu tio é estranho e curioso, mas ao mesmo tempo, gosto da ternura que esse título me passa. Coloquei o presente próximo ao criado-mudo, do lado de minha cama. Fiquei a observá-lo até um calafrio percorrer minha espinha e uma caixa preta surgir na única parte não iluminada do cômodo. Peguei o bilhete e li, pasma com a sentença:

Nosso senhor não sabe de sua existência. Ele acha que a história que Zeus lhe contou é real. Aquela em que você foi morta. Use este elmo com sabedoria. Ele queria que você o tivesse um dia. PS: Não queremos o seu bem, apenas o de nosso mestre. ~As Fúrias

É, definitivamente esse não foi o mais bem intencionado que recebera em um bom tempo.

A Estrela do OlimpoOnde histórias criam vida. Descubra agora