Capítulo 30 - Diga-me Delphos

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Quando minha mão tocou a maçaneta prata da sala de meu pai, um pensamento sombrio acariciou meus sentimentos: eu teria de lutar se entrasse no cômodo. Sacudi a cabeça e segui em frente. Vasculhei pelas prateleiras, escrivaninhas, armários e pilhas de papéis. Eu tinha de encontrar. No quadrado perolado que deveria cobrir o raio mestre, um vazio. Ali estava ela. A chave de Delphos. Eu tinha que fazer o Oráculo me contar a profecia que ele se recusara a pronunciar anos atrás. Fui até a saleta lateral do cômodo e coloquei a chave na fechadura. Um clique abriu a porta e me sugou para dentro.

- Cara deusa, em que posso ajudá-la?

- Caro Delphos, quero a profecia que guardaste de mim; trancada a sete chaves por Zeus.

- Crês que está pronta para ouvi-la?

- Sim, Delphos. Recite-a.

"Teu destino fora escrito quando Zeus achou o centro do mundo e colocou-me lá. Milênios e milênios se passaram até que o equilíbrio foi necessário. Tua história já conheces, teu presente dominas e teu futuro eu detenho. Acalme tua cabeça e aguce teus ouvidos, pois a profecia direi a ti:

Retomarás o impossível

Lutarás pelo perdido

Conquistar não irá

Mas perder não o fará

Os milênios saberão

E seus súditos a louvarão

Mas lembre-se:

Não terás paz

Até que a morte assim queira."

O Oráculo se calou. Achei melhor sair da saleta. Assim que passei por uma das escrivaninhas para sair da sala de meu pai, sombras se formaram ao meu redor.

- Precisa de ajuda, Minos? – Não precisei me virar para enxergá-lo. Apenas o senti.

- Talvez a pergunta deva ser: posso assustá-la? – Ele era cético. Um fantasma deplorável, malvado. O espírito do Rei Minos, eterno inimigo de Dédalo e juiz das almas. Falava com um leve sorriso no rosto. – Cronos me invocou. Sabe, não quero desapontar meu empregador.

Ele agitou as mãos e uma espessa névoa mostrou a imagem de meu pai. Machucado, fraco, com roupas esfarrapadas e descalço. Estava acorrentado na encosta negra de algum lugar, com lava ao fundo. Estava suspenso por essas correntes, e franzia o rosto constantemente.

- Salve-o, querida. Ou lute com meus amigos e seja levada até ele. – A aparição estalou os dedos e criaturas surgiram. Todas fantasmagóricas como ele.

- Sabe Minos... Acho quevocê não me conhece tão bem ainda. – Ele sorriu e desapareceu. Saquei minha espada e corri para atacar os dois soldados do juiz das almas. Assim que eles sumiram, um grito ecoou pelo Olimpo e me lançou porta a fora. Enquanto eu me levantava escorando as costas na parede, Annabeth e Clarisse se aproximaram.

- Chamem Nico e Hades. AGORA! – Me ergui cambaleando, com a espada em minha mão. Fiz o caminho de volta até o grande salão. Lá, alguns deuses conversavam entre si com papéis nas mãos e outros com seus semideuses. Quando abri as portas com um empurrão e um estrondo, muitos pularam e me olharam assustados. Pisei duro até o trono de meu pai. Faíscas saltavam de meu bracelete-Aegis. Subi a escadaria e parei, em pé, olhando para todos.

- Todos os planejamentos se iniciam IMEDIATAMENTE! – Berrei tão alto que minha voz vibrou no salão. Nesse instante Nico e Hades abriram lentamente as portas do cômodo. – Nico! Hades! –Olhei furiosa para eles. Pedi que ficassem na minha frente. – Vocês TÊM de guardar o Mundo Inferior e montarão guarda aqui no Olimpo. Minos esteve aqui. Não percam tempo! Todos começam AGORA!

Demorou alguns segundos até que começassem a se mexer. Fiquei só na sala. Não gostava do que ia fazer, mas sabia que era o certo.


A Estrela do OlimpoOnde histórias criam vida. Descubra agora