Capítulo 4 - "A garota dos olhos cinzentos me ataca"

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Enfaixei meu braço na parte em que a transformação ocorria e fui para o último lugar da fila que levava – guiada por Luke- ao pavilhão. Antes do jantar, o jogo de captura bandeira começava. Enquanto Quíron explicava o jogo, uma garota de olhos cinzentos deu um passo à frente e começou a me fitar. Alguns cachos loiros, que fugiam de seu elmo, balançavam com o vento da noite de luar.

-Helena? – Quíron me chamou. Tive que andar até o centro da roda e ficar entre ele e um homem baixinho que lia uma revista de vinhos. Um cheiro de Coca Diet e vinha saiam da sua camisa de tigre.

- Eu e o Sr.D, diretor do acampamento – Nisso ele tossiu e esperou que o diretor levantasse os olhos e me cumprimentasse. - Estamos muito felizes em tê-la aqui. Divirta-se! Luke já nos informou que você jogará com eles, pelo chalé de Hermes. Urros correram pelo ambiente. O Sr.D me encarava enquanto todos se preparavam.

- Olá, hmmm, Helena? – Sr.D tinha um ar desconfiado na voz – Bem-vinda.

- Olá Sr.D . Prazer em conhecê-lo. – Sorri discretamente.

- Tímida e respeitosa. Bom. – Descobri depois a história de Sr.D no acampamento: uma punição de Zeus.

- Sei que você sabe quem sou. E creio que EU sei quem você é, uma semideusa muito poderosa. – Ele deu um sorriso que mais parecia um espasmo muscular. Deu uns tapinhas em minhas costas e disse: Vá. Prepare-se novata.

Corri até os equipamentos. Dois irmãos traiçoeiros e trapalhões me ajudaram. Chamavam-lhes de irmãos Stroll. Não param de falar e me fazer rir. Quando me dei conta, estava com um elmo, uma espada e um peitoral dourado. Quíron soou a concha e a batalha começou. Não estavam para brincadeiras. Sempre fui rápida, mas me sentia ainda mais. Todos que derrubei se levantavam e me encaravam, pasmos. Avançava junto a Luke. Quando vi, estava cruzando o riachinho que separava os campos de batalha. Havia me separado de Luke em algum momento. De maneira estranha, pensei em uma estratégia que o time de Athena estaria usando. Sabia para onde virar e levantar a espada. Sabia que a garota dos olhos cinzentos estava lá.

- Prazer. – Disse ela, sorrindo perversamente. – Sou Annabeth Chase, filha de Athena. E eu NUNCA perco.

Sorri e sabia que estávamos pensando na mesma estratégia.

- Prazer. –Meu sorriso era nitidamente forçado. – Não sei de quem sou filha, mas assim como você, também tenho um plano.

Ela se enrijeceu e deu um passo para trás. Esperei que ela saísse do choque para que pudesse avançar. Quando todos chegaram ao riacho, Annabeth estava presa com as costas em meu tronco. Sua espada no próprio pescoço e a minha em suas costas. Chamei, com a cabeça, os irmãos Stroll para segurarem-na. Peguei a bandeira com o símbolo da coruja de Athena e atravessei o riacho. O chalé de Hermes vibrava. Quíron bateu os cascos e anunciou nossa vitória.

Durante o jantar, Sr.D me encarava enquanto comia suas uvas. Quíron cochichava com ele de cinco em cinco minuto. Fizemos as oferendas aos deuses. Pedi para que qualquer um me reclamasse logo. Após o jantar, comecei a caminhar pelo acampamento. Em um ponto perto da Casa Grande, Phoenix e seus "irmãos" me interceptaram. Ele me apresentou a todos e me explicou que alguns campistas eram filhos de deuses poderosos, e que eu não gostaria de tê-los como inimigos. Annabeth era uma delas, assim como Clarisse La Rue, filha de Ares. Os Stroll eram tranquilos, assim como Luke. Ele citou o nome de um dos principais filhos de Hefesto chamado Charles Beckendorf.

- Aqui. – Ele me entregou um colar castanho escuro – pelo menos no breu da noite aparentava ser dessa cor – com uma conta preta e uma estrela dourada entalhada no centro. – Você não estava aqui durante todo o verão, mas chegou a tempo de receber. Isso mostra quantos verões cada um de nós já passou aqui.

Peguei o colar em minhas mãos e o observei. Olhei para o de Phoenix e seus companheiros; cada um com contas diferentes penduradas em harmonia.

- O que significa esses desenhos?

- Em todos os verãos, um acontecimento novo é colocado na conta. Seja uma festa, uma batalha ou jogo. Este ano a conta representa uma profecia que Quíron recebera. – Antes de Phoenix continuar, um barulho o interrompeu. Argos estava fazendo a patrulha noturna e só então percebi que já deveríamos estar no chalé. Os amigos de Phoenix se despediram e disseram algo como "Nos vemos no chalé.".

- Venha. Te dou cobertura. – Ele me puxou e nos esgueiramos para o lado oposto de Argos. Conforme corríamos, me sentia bem. Estava atenta a tudo, ouvia cada barulho a nossa volta. Ao nos aproximarmos do chalé, vi uma figura alta e fracamente iluminada pela luz da lua que se movia agitadamente de um lado a outro.

- Pelos deuses! Onde você estava? – Luke não parecia bravo, e sim, preocupado. – Você sabe que a vigilância daqui não é muito amigável.

- Desculpe-me. Estava pensando em voltar antes, mas Phoenix me encontrou e... – Só percebi que algo estava errado quando Luke começou a fuzilar Phoenix com os olhos. – Bom, é melhor entrarmos. Boa noite, Phoenix. Até amanhã.

Pelo menos consegui tirar os dois de um transe profundo.

- Boa noite, Helena. – Phoenix virou e mal olhou para Luke.

Entramos no chalé, calmo e amontoado. Me despedi de Luke e deitei em minha cama isolada ao fundo do alojamento. Sonhei algo estranho, mas que não parecia um pesadelo.

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