Esfrego meus olhos enquanto caminho, tudo pelo fato que mal pude dormir essa noite, ansioso pelo o que seria o dia de hoje. Jimin passou em casa no inicio da tarde, para que pudéssemos ir juntos até o tal festival. Resolvo levar uma mochila, para carregar o manto e a mascara, para usar no momento preciso.
"- Por que você tá levando essa mochila esquisita?" - Jimin havia me perguntado logo em que saímos de casa. Tive que inventar uma desculpa maluca que estava levando agasalhos para caso fizesse frio. Ele parece não ter acreditado muito bem, mas foi o suficiente para que ele não fizesse perguntas.
Eu ainda tinha perguntas sobre esse festival, há uns meses atrás, quando chegamos em Omelas, no começo da primavera, eles fizeram o mesmo festival. E agora que está no final, eles estão fazendo outro novamente? Dois festivais de primavera no mesmo ano? Um de chegada de estação e outro de saída?
Tentei tirar alguma informação de Jimin, mas ele diz não se lembrar de nenhum festival, somente de um quando tinha 4 anos. Me parecia coincidência demais, mas não poderia tirar conclusões até que eu tivesse provas. E eu estava torcendo para que as tivesse hoje.
Enquanto nos aproximávamos do centro da cidade, eu pude perceber as mesmas bandeirinhas de quando chegamos aqui, a mesma musica e a mesma dança. Estava tudo praticamente igual do primeiro dia de Omelas. Eu pude ver as imagens dos meninos andando pela cidade, conversando com os moradores, e ao escurecer, formaram um circulo ao redor de uma grande fogueira.
- Você está bem? - Jimin recua para trás ao perceber que eu parei de andar assim que cheguei ao evento.
- Ah, estou sim. - respondo balançando minha cabeça, saindo do transe de memorias e nostalgias em que eu estava. Quando retomo a consciência, pude perceber que meus olhos estava pesados. Eu tinha que manter a postura, não poderia começar a chorar na frente dele.
Jimin apenas me olha desconfiado e se afasta, e eu o sigo. Passamos por alguns moradores fazendo uma dança típica do evento, com alguns colares de rosas pelo pescoço. Enquanto cortamos caminho por meio daquelas pessoas, eu percebo que parecia danças muito coordenadas, como sempre todos sorriam tanto que dava até medo. A dança parecia algum tipo de adoração, talvez? Talvez fosse coisa da minha cabeça, mas parecia aquelas danças de oferenda para algum Deus.
Depois de passarmos por eles, paramos na frente de um palanque, onde o prefeito provavelmente iria dar seu discurso, igual do primeiro festival. Ao redor, haviam algumas barraquinhas de comidas e bebidas, onde os próprios moradores administrava. Observando melhor, reconheço em uma das barracas vendendo algumas comidas, o vendedor que me vendeu a pá, o qual se chamava Tobias. Ele me olha de volta com um pouco de desprezo, e volta a olhar para o cliente que estava atendendo. Ao lado do palanque, eu vejo Vicky, mexendo em alguns fios do microfone. Posso ver que ela e nota também, então ela apenas sorri e abaixa a cabeça.
- O que acha de comermos algo? - Jimin grita para mim, por conta da musica alta. Eu apenas concordo com a cabeça e o sigo.
Engraçado como é diferente observar e refazer o meu primeiro dia de Omelas. Eu não podia observar os detalhes, tudo que eu pensava era o quão magico e bonito as coisas eram, alguém chegou em mim e disse "Omelas, a cidade dos sonhos" e eu acreditei. Era tão ingênuo como eu pensava nas coisas, antes de ver a verdade, me repreendo algumas vezes por ter pensado que as coisas seriam assim tão fáceis, tão simples. Mas agora eu podia ver, eu via a malicia nos olhos daquelas pessoas ali, eu o sentia olhar em minha direção. Como se todo aquele encanto tivesse virado pesadelo.
Chegamos a barraquinha, e ouço Jimin pedir dois cachorros quentes. É quando escutamos um som de batida no microfone, e a musica para. Olho para trás e vejo todos se dirigindo em direção ao palanque, onde o prefeito estava atrás do microfone, testando se o mesmo estava ligado. E ali estava, a pessoa que eu estava procurando, quem eu sabia que havia sido a mente por toda essa historia de mentira.
- Caro moradores de Omelas, meu queridos amigos... - ele começa a falar sorrindo, como se fosse a pessoa mais amável. - Estão aproveitando o festival de primavera? É um evento muito importante, não é mesmo? Gostaria de agradecer a presença de cada um, e a maravilhosa cerimonia que estamos tendo aqui hoje. Eu, como prefeito da cidade, Alec Park, desejo ótima festa a todos. - Logo depois de terminar seu discurso, a multidão começa a bater palma. Eu não posso evitar de revirar meus olhos enquanto eu vejo toda a idolatria daquelas pessoas por aquele homem. Eu o observo descer do palco e sumir pela multidão.
"Droga!" penso. Eu preciso segui-lo, eu sei que ele iria até a seita. Pego eu celular brutamente do bolso, e vejo que já eram quase 17hrs. Eu precisava ir atrás dele. Sem perceber, começo a andar reto, é quando eu sinto alguém puxar meu braço.
- Onde você vai? - Jimin diz segurando um cachorro quente na outra mão.
- Ah, é que eu... - digo olhando ao redor, procurando o prefeito. É quando eu noto que Tobias e Vicky haviam sumido também. - eu acho que o cachorro quente não me caiu bem. - digo apontando para trás, indicando que eu precisava ir.
- Mas seu cachorro quente está na minha mão... Ei! - escuto ele gritar depois que eu consigo soltar meu braço e começar a correr.
- Desculpe, eu já volto! - grito para ele, dessa vez já distante o suficiente para se quer ver sua reação ou sua voz.
Me sinto mal em abandonar Jimin ali, mas eu sabia que essa era única chance que eu tinha. Tento correr entre a multidão, esbarrando em algumas pessoas, tentando ver por cima. Paro então, para observar melhor ao redor, é quando vejo o prefeito distante da multidão, ele olhava para trás uma vez ou outra para ver se alguém o seguia.
Corro em direção aonde ele estava. Ele andava por um caminho de terra, aonde estava cercado de arvores ao redor. Ainda estava de dia, mas consegui o seguir me escondendo entre as arvores. Eu o observo afastar cada vez mais da cidade, mas sempre atento para ver se alguém o seguia. Quando eu o vejo chegando ao seu destino, reconheço a casa onde ele para, a mesma casa onde Le Guin me levou aquela noite. Mas ao invés de entrar pela porta da frente, ele se dirige para os fundos.
Então eu retiro o manto e a mascara da mochila rapidamente, e as visto logo em seguida. Jogo a mochila entre os arbustos, e sigo em direção os fundos da casa, fazendo o mesmo trajeto que o prefeito.
Eu observo então outras pessoas se aproximarem, de diversos caminhos, todos vestidos com mantos e mascaras. Eu sabia que naquele momento, eu estava entre eles, eu estava na seita.
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Que ódio do wattpad que me barra de colocar certos gifs por serem grandes, aaaaaaa, ia ficar tão bom.
Prontos para as coisas começarem a esquentar?
Não esqueçam de deixar um comentário bacana e o voto maroto <3
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Spring Day • jjk + pjm
Fanfiction"Às vezes é difícil ver a verdade simples que está na sua frente. Você diz a si mesmo repetidamente que está fazendo a coisa certa. Mas e se a coisa certa for seguir aquele sentimento que você tem em seu intestino, Mesmo que isso signifique perder a...